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Marc Márquez (MotoGP) em entrevista à AFP: "Quero voltar a lutar por títulos"

Marc Marquéz confessou ter pensado em desistir depois do acidente em 2020
Marc Marquéz confessou ter pensado em desistir depois do acidente em 2020Profimedia
"Se estou aqui é porque quero voltar a ser competitivo e lutar por títulos", garantiu o hexacampeão mundial de MotoGP Marc Márquez, incapaz de recuperar o nível após a queda sofrida em julho de 2020.

Em entrevista à AFP durante o Grande Prémio de San Marino, este fim de semana, o espanhol de 30 anos abordou também o seu futuro na Honda, abaixo dos outros construtores da grelha.

- Como é que resumiria as suas últimas épocas no MotoGP?

- As últimas três épocas foram um pesadelo. Desde 2020, com a lesão, tem sido muito, muito difícil.... Primeiro, por causa da condição física, mas isso agora está muito melhor, estou a um nível muito bom na moto, mas é verdade que os resultados não estão a chegar. Temos de continuar a trabalhar com a equipa para tentar melhorar a situação para o futuro, para melhorar o nosso desempenho. Claro que sou um piloto vencedor e para um piloto que já ganhou muitas vezes esta é uma situação difícil. Mesmo por vezes é difícil manter a motivação. Mas temos de continuar, manter as nossas rotinas, continuar a treinar e mantermo-nos concentrados.

- Onde é que encontra motivação, se não nos resultados?

- A motivação vem da minha paixão. Estou a divertir-me muito na moto. É verdade que pilotar sem bons resultados torna a motivação mais difícil, mas eu sinto-me motivado por me sentir bem. Quando tive a lesão no braço, tinha muitas dores e era ainda mais difícil sentir-me motivado. Agora é mais fácil, mas ao mesmo tempo às vezes é mais difícil por causa da frustração, porque sentes-te bem, mas os resultados nunca aparecem. Começas a ter algumas dúvidas sobre ti próprio, sobre se não és suficientemente bo,. Mas, passo a passo, estamos, pelo menos em alguns circuitos, mais perto dos melhores. O objetivo até ao final da época é tentar chegar cada vez mais perto, passo a passo.

Marc Márquez acenando para o público no circuito de Montmeló
Marc Márquez acenando para o público no circuito de MontmelóAFP

- A nível físico, tem medo desde o acidente de 2020?

- Sim, claro. Depois do que aconteceu em 2020, aprendi com alguns erros. Lesões são lesões, mas durante o período de recuperação cometemos alguns erros e aprendi com isso. É verdade que, mais do que o medo, tive muitas dúvidas sobre como seria o futuro, como estaria o meu braço. A moto pode ser melhor ou pior, mas podemos mudar a moto. Não se pode mudar o corpo.

- Antes da última cirurgia, em junho de 2022, disse que estava prestes a abandonar o MotoGP. O que o fez mudar de ideias e continuar?

- Estava muito preocupado porque não conseguia gostar de conduzir a moto, tinha muitas dores no braço. Quando tens dores, não gostas de fazer algo que te faz sofrer. Se vais contra uma parede e sabes que vais sentir dores, não queres bater nessa parede. Ao ir para uma pista, estava a pensar nisso, que ia sentir dores. Foi por isso que tive a dúvida se devia continuar ou não, a dor era grande. A paixão estava lá, mas não era suficiente. Depois da quarta cirurgia ao braço, tudo melhorou.

Marc Márquez, concentrado com o capacete colocado
Marc Márquez, concentrado com o capacete colocadoAFP

-Es tá oficialmente comprometido com a Honda até ao final de 2024. Como é que vê o seu futuro a longo prazo?

- Espero que ainda me restem muitos anos, mas é verdade que para continuar durante muitos anos no MotoGP tenho de me sentir competitivo. Isso significa lutar pelas cinco ou sete primeiras posições em todas as corridas. Agora há muitos construtores diferentes, muitos pilotos que são muito rápidos, mas veremos. Para o próximo ano estamos a trabalhar arduamente com o projeto Honda para sermos competitivos em 2024 e depois veremos em 2025.

- Está em contacto com outras equipas?

- É óbvio que aqui no paddock, agora e no passado, tens alguns contactos. Todos se conhecem, por isso têm contactos com outras equipas e as outras equipas comunicam contigo para saber da nossa situação e o que pensamos. Mas, no final do dia, estou apenas a tentar encontrar o melhor caminho para voltar ao topo. Estou a tentar fazê-lo com a Honda. Vamos ver se é possível.

- Acha que vai voltar ao topo nos próximos meses ou nos próximos anos?

- Nos próximos meses? Não. Nos próximos anos? Espero que sim. Neste momento, estamos muito longe. Talvez numa determinada altura, numa corrida, talvez. Mas espero estar de volta ao topo nos próximos anos.