Emma Raducanu: 20 anos de idade e pouco tempo para mostrar o seu valor

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Emma Raducanu: 20 anos de idade e pouco tempo para mostrar o seu valor

Emma Raducanu procura regressar ao bom nível que já demonstrou
Emma Raducanu procura regressar ao bom nível que já demonstrouAFP
A temporada de 2022 de Emma Raducanu terminou sem brilho, em pleno contraste com o encanto causado pela tenista no circuito WTA no ano anterior. Agora livre de um peso, a inglesa está prestes a embarcar numa temporada decisiva para o resto da sua carreira, que poderá muito bem afundar-se caso a resposta não seja a indicada.

O mundo do ténis já parece tê-la esquecido. Quando "invadiu" o Open dos Estados Unidos, em 2021, Emma Raducanu parecia ser a cara da WTA para o futuro. E quando Ashleigh Barty se reformou, no início de 2022, o caminho estava livre para que fosse ela a ocupar um lugar de destaque no topo. Agora, terá de lutar para voltar ao top 50.

Uma proeza ainda por explicar

A determinado momento, foram muitos os que pensaram que estaria em Emma a campeã que revolucionaria o futuro do ténis. Aos 18 anos, a conquista do Open dos Estados Unidos foi sensacional e sem precedentes, tornando-a na primeira britânica a vencer um torneio Grand Slam de singulares desde 1977.

O surpreendente feito ganha ainda mais valor porque a jovem tenista foi das rondas de qualificação até ao quadro principal, garantindo mesmo o triunfo final no major norte-americano. Dez jogos, dez vitórias em dois sets, sem tiebreaks e com a vitória final em Nova Iorque. Um tornado. E, claramente, quem disser que o viu chegar, é melhor que apresente alguma prova.

O nome de Emma Raducanu só havia sido mencionado pela primeira vez em Wimbledon, na edição anterior à do triunfo nos Estados Unidos. Beneficiando de um wildcard, a tenista aproveitou ao máximo um sorteio relativamente acessível para atingir os oitavos de final, antes de desistir da prova por culpa de problemas respiratórios.

Depois, chegou à final de um torneio Challenger em Chicago, resultado insuficiente para garantir entrada direta em no torneio de Nova Iorque. Mas, acima de tudo, Emma não tinha batido nenhum grande nome do circuito e nada sugeria que conseguiria um resultado positivo como aquele que acabou por alcançar.

2022, a confirmação que não chegou

Num país como Inglaterra, com um público ansioso por grandes prestações e uma comunicação social omnipresentes, uma história como a de Emma Raducanu foi uma dádiva caída do céu. É certo que o final de 2021 não foi de um nível elevado, mas era legítimo que a tenista pudesse descomprimir mais do que o habitual depois da conquista inesperada em solo americano.

As expectativas para 2022 eram, portanto, elevadas. Em termos absolutos, não se esperava que Emma conquistasse imediatamente um Grand Slam, mas, como o mais difícil após um feito é sempre confirmá-lo, a jovem devia estabelecer-se no Top-20 para transmitir um sinal positivo para o mundo

Infelizmente, tal não estava previsto. Talvez pela sucessão de treinadores no período que se seguiu à conquista do Open dos Estados Unidos, ou porque os adversários se apresentavam mais motivados para levar a melhor sobre a grande vencedora da prova, ou ainda porque Emma nunca conseguiu recuperar o espírito mágico e despreocupado do seu inesquecível percurso em Nova Iorque. Uma combinação fatal e que a deitou abaixo aquando da defesa do título, numa prestação que se revelou de curta duração, já que cedeu perante Alizé Cornet numa fase inicial do torneio.

"É, obviamente, muito decepcionante, estou muito triste por sair daqui. É provavelmente o meu torneio preferido. Mas, de certa forma, estou feliz porque vou embora com a folha limpa. Vou descer na classificação e vou tentar voltar a subir. O alvo ficará um pouco menos nas minhas costas", assumiu Raducanu logo após a derrota.

Semanas mais tarde, a jovem alcançou o seu melhor desempenho da época, ao chegar às meias-finais em Seul. A sua primeira aparição entre as quatro finalistas de um torneio desde - adivinhou - o Open dos Estados Unidos, em 2021. Terá sido o suficiente para a recolocar na rota das conquistas? Talvez não. 

Conseguirá Emma voltar à ribalta?

O que acontecerá a partir daqui? Emma Raducanu despediu o seu treinador pouco depois do Open dos Estados Unidos de 2021 e, desde então, tentou trabalhar com vários profissionais diferentes, incluindo Dmitry Tursunov, que levou Anett Kontaveit a número dois do mundo. Nenhum deles conseguiu pôr a máquina a funcionar novamente. 

Agora, Sebastien Sachs é quem a orienta. Um nome pouco conhecido, mas que levou Belinda Bencic à medalha de ouro olímpica em Tóquio. No entanto, ambas as partes admitem que este é um período experimental. 

"Estamos a tentar até ao final do ano e vamos ver como corre. Trabalhei com ele durante uma semana até agora e penso que ele é uma influência calmante".

Um método totalmente legítimo nesta fase. Um ambiente de trabalho estável é uma componente essencial do desporto profissional. Mas será preciso mais, já que, atualmente, as expectativas sobre Emma já não serão altas e qualquer resultado marcante será uma agradável surpresa. O que, por si só, não é uma boa notícia para a atleta. 

O anonimato é, sem dúvida, restritivo. Se o arranque da nova temporada não for sustentado por algumas boas prestações, a britânica pode rapidamente ser esquecida. É claro que lucrou com a sua conquista, já que estabeleceu um conjunto de proveitosos contratos de publicidade e entrou no mundo do espectáculo, mas Raducanu poderá ser, também, uma jogadora sem espaço entre a elite do ténis mundial. Uma proeza imprevisível, inexplicável, inesquecível e ponto final.

Emma continua a jogar, encontra-se agora em 80.º lugar no ranking WTA e, caso deixe os 100 melhores, será provavelmente o fim da sua história. O estado de graça não dura uma vida inteira e, se 2023 for semelhante a 2022, a jovem tenista não irá alem das memórias de cada um de nós. Resta saber se conseguirá provar o contrário.