Entrevista Flashcore a D10S (eSports): "Outsiders tem um CS correto, perto da perfeição"

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Entrevista Flashcore a D10S (eSports): "Outsiders tem um CS correto, perto da perfeição"
Entrevista Flashcore a D10S (eSports): "Outsiders tem um CS correto, perto da perfeição"
Entrevista Flashcore a D10S (eSports): "Outsiders tem um CS correto, perto da perfeição"ESL
Em entrevista ao Flashscore, D10S abordou a conquista de Outsiders no Rio de Janeiro, passando pelas três fases da competição, o público brasileiro e as grandes surpresas do IEM Rio Major 2022.

Cristiano "D10S" Carvalho tem 21 anos e é, desde 2020, coach de CS:GO. O seu percurso começou nos Native 2 Empire e prosseguiu nos quadros da For The Win (FTW), uma das mais emblemáticas organizações de eSports portuguesas. Ao serviço da fénix, D10S conquistou, entre outras, a Master League Portugal, o Circuito Retake e a ESL Masters Espanha na primeira metade de 2022.

A par da ligação que mantém com uma das principais equipas portuguesas da atualidade, D10S conta ainda com um projeto educativo que desenvolveu em torno do jogo e comenta e analisa partidas de CS:GO na sua stream. Foi nesta condição que o Flashscore esteve à conversa com o coach sobre o Rio Major, que terminou no passado domingo.

- A Challenger e a Legend Stages trouxeram muitas surpresas. Como analisas as duas primeiras fases, em particular as eliminações de FaZe e Vitality?

- As duas primeiras fases tiveram, sem dúvida, várias surpresas. Primeiro destaco que as equipas brasileiras acabaram por desiludir por não terem conseguido qualquer vitória. Ainda nessa fase, os OG, de forma inesperada, ficaram pelo caminho enquanto Bad News Eagles foram claramente o destaque, com um sólido 3-0. Na segunda fase, duas das equipas apontadas aos playoffs (NIP e FaZe) perderam todos os jogos e foram eliminadas para surpresa de todos. Nos dias seguintes, continuaram as desilusões com Vitality e Liquid, duas das equipas que integram o top 10 mundial, também a ficarem de fora. Por fim, destaque ainda para NAVI que teve muitas dificuldades no seu apuramento e apenas o conseguiu no derradeiro dia. É importante salientar que não serão necessários ajustes de lineup em FaZe e Vitality, por exemplo, uma vez que um dos fatores que podem ter levado a haver tantas surpresas neste Major foi o público. Os jogadores chegaram a ter algumas dificuldades de comunicação devido ao ruído criado pelo público brasileiro. Portanto, quem se adaptou melhor a este cenário acabou por ter uma pequena vantagem perante os demais.

Os FaZe, capitaneados por Karrigan, abandonaram a competição antes dos playoffs
Os FaZe, capitaneados por Karrigan, abandonaram a competição antes dos playoffsHLTV

- Cloud9 foram eliminados nos quartos de final, mas torna-se inevitável falar desta equipa sem falar de Dmitry "sh1ro" Sokolov. O jogador russo foi a principal figura individual deste Major?

- Sem dúvida, sh1ro foi uma das grandes figuras do Major. No geral, acaba certamente por passar mais despercebido por não ter chegado à grande final, mas foi o jogador que, nas duas fases iniciais, mais saltou à vista de todos pela consistência que apresentou com números absurdos, mesmo com a equipa sem corresponder em termos resultados, uma vez que Cloud9 teve muitas dificuldades em chegar aos quartos de final. Não será a figura do Major porque não conseguiu levar a equipa à vitória, mas diria que é um dos melhores torneios da sua vida a título individual.

- Nesse caso, quem foi para ti o MVP deste Major? 

Assim sendo, não atribuindo o MVP a sh1ro, acredito que o mais justo será atribuir a Dzhami "Jame" Ali, um jogador que vence o Major enquanto IGL e AWP, funções que cumpriu na perfeição, com exibições exímias, tanto individuais, como na forma como em que a equipa de Outsiders se apresentou.

- Como avalias esta conquista inédita de Outsiders?

- A conquista do Major da equipa de Outsiders é o culminar de um trabalho bem feito. É uma equipa que, quando saiu Mareks "Yekindar" Galinskis, pensou-se que seria muito difícil voltar a estar em grandes palcos. A verdade é que o lineup está a funcionar muito bem e Jame, enquanto capitão, nunca descura os príncipios mais fundamentais do jogo. A equipa de Outsiders joga um CS muito correto, perto da perfeição em alguns capítulos do jogo, e, portanto, é um título que, apesar de inesperado, acaba por ser uma mensagem para todas as equipas que ficam no "quase" e que agora poderão conseguir dar aquele pequeno passo que falta para serem bem sucedidas. 

- Depois de regressar aos playoffs de um Major quatro anos depois, Fnatic está de volta?

- Para quem acompanha CS há muitos anos, Fnatic ainda tem um lineup que se estranha pelas nacionalidades que o compõem. É uma equipa que foi consistente no pré-major e não surpreende a sua presença nos playoffs. Parece-me muito cedo para se dizer que estão de volta porque não consigo ver este lineup a conseguir lutar por grandes títulos. No entanto, é um projeto que dá boas garantias à organização e pode continuar a evoluir.

- Apesar de ter perdido na final, Casper "CadiaN" Moller “calou muitas bocas" com esta prestação de Heroic?

O cadiaN, na minha visão, não tem muitas bocas para calar. Os Heroic são uma equipa que chega consistentemente às fases finais dos torneios mais importantes, mas nunca consegue vencer. É um jogador que, no geral, a comunidade gosta pela forma apaixonada de viver o jogo.

CadiaN levou a sua equipa à final do IEM Rio Major 2022
CadiaN levou a sua equipa à final do IEM Rio Major 2022HLTV

- A jogar em casa, como avalias a prestação do Counter-Strike brasileiro?- Como referi anteriormente, fica um sabor amargo por parte de 00Nation e Imperial. Esta última acaba por ser eliminada com três derrotas consecutivas. No entanto, é sempre uma equipa perigosa quando se chega à fase das decisões à melhor de 3. Imperial acaba por perder para Cloud9 depois de ter mais de dez matchpoints para fechar os dois mapas. A verdade é que FURIA, com a sua fantástica prestação, acaba por ofuscar tudo isso e os brasileiros estão certamente satisfeitos com o Major.

- FURIA poderá conquistar o Major num futuro próximo?- Como apreciador desta equipa, acaba por ser difícil responder de forma imparcial, mas a verdade é que acho complicado. Pelo menos a curto prazo parece-me difícil. FURIA tem um estilo muito próprio, que nem sempre encaixa nas equipas adversárias e onde é dificil adquirir consistência. Como disse, a vencer seria este e não aconteceu.

- Jogares diante do teu público tem um sabor especial? Qual o impacto disso num jogo como o Counter-Strike?

- Sem dúvida, a equipa da FURIA que o diga. Se havia uma boa oportunidade vencer um Major, seria este. Acabam por cair aos pés de Heroic, um lineup dinamarquês frio e que lida bem com cenários deste tipo, mas a realidade é que a equipa brasileira jogou um nível acima daquilo que é o habitual e o público representa uma grande parte desse "step-up". Em relação ao Counter-Strike em geral, não é à toa que todos os grandes jogadores se sentem mais confortáveis a jogar com público e acabam por ter performances em condições, como FURIA teve neste grande evento.

- Esta competição foi apelidada como o “melhor Major de sempre”. Partilhas desta opinião?

- Partilho, mas será sempre muito controversa. Existiram imensas críticas devido ao facto de, nos jogos em que não havia representantes brasileiros, o público não aparecer em força nem dar o espetáculo de outras ocasiões. Ainda assim, foi um Major com público em todas as fases, onde houve surpresas e isso apimenta sempre o espetáculo. Foi um evento com uma enorme adesão em termos de telespetadores, uma arena com mais de 18.000 pessoase um ambiente de 360 graus onde se viveu, por diversas vezes, algo equiparável ao que se vive em desportos convenciais, coisa que nunca tinha acontecido. Em suma, o ambiente fora e dentro da arena, o barulho ensurdecedor que fascinou todos os jogadores e staff da ESL e a própria qualidade exibicional, superam tudo o que já aconteceu recentemente em Majors de Counter-Strike. Ainda que tenham havido algumas nuances menos positivas.