Depois da conquista do Campeonato do Mundo de 2002 com a Seleção Brasileira, na Coreia do Sul e Japão, Gilberto Silva deu um dos maiores passos da sua vitoriosa carreira ao deixar o Atlético Mineiro para se juntar ao Arsenal de Àrsene Wenger numa transferência que custou aos cofres londrinos cerca de 4 milhões e meio de libras. Recusando a camisola 6 do ídolo Tony Adams, ganhou o respeito dos adeptos e adquiriu a confiança de Wenger, conquistando a titularidade.
No Arsenal de 2002 a 2008, ele amealhou duas Taças de Inglaterra, duas Community Shield (Supertaça inglesa) e claro, o título que o adepto tanto almejava após um longo jejum: a Premier League. Com a experiência de quem fez história e possui o total respeito dos gunners - ganhando até o apelido de "Invisible Wall" (Muralha Invisível, em português) -, Gilberto está confiante de que este pode ser, finalmente, o ano do Arsenal.
"O Arsenal está a fazer um bom trabalho depois de muitas dificuldades. O clube tem hoje uma equipa consistente e que foi moldada ao longo do tempo, apostando em jovens atletas e no trabalho do treinador. O próprio Arteta, quando chegou, gerou várias dúvidas, mas a direção e o trabalho só têm ganho consistência porque há apoio dos dirigentes e do CEO do clube. Não adianta contratar sem dar o tempo adequado, o suporte necessário. Senão vira aquela porta-giratória, como vemos muito no futebol", disse Gilberto Silva, em entrevista exclusiva ao Flashscore.
O ex-jogador, que hoje mora em Portugal, continuou a elogiar o trabalho de Arteta, destacando que o treinador foi resiliente, uma vez que mudanças na filosofia de trabalho de um clube inglês são sempre difíceis de serem feitas. Mas o espanhol persistiu.
"Mesmo com as dificuldades, ele (Arteta) foi implementando a sua forma de trabalhar. Muita coisa precisa de ser mudada quando há uma longa tradição. Não consegues mudar de maneira drástica um clube da Premier League como é feito no Brasil. São filosofias diferentes de trabalho, tens que ter nervos de aço para lidar com a pressão externa, da imprensa e dos adeptos para dar resultado", pontuou o antigo médio e capitão do Arsenal.
O momento é agora
Como mais um adepto a torcer pela conquista, Gilberto Silva confia que este pode ser o momento certo para a formação londrina. Mas ressaltou que é preciso ter a mesma concentração, já que a pressão pelos resultados vai começar a aumentar jornada após jornada.
"O clube chegou está num momento excelente, de estar com um plantel bem montado, um grupo jovem e tem grandes possibilidades de quebrar este jejum. Daqui pra frente, a pressão começa a aumentar, o Manchester City já ganhou, diminuiu a distância, mas o Arsenal bateu o Manchester United e a liderança continua. Eu torço para que tudo dê certo. É o que o Arsenal precisa para se consolidar, para diminuir a pressão. Uma equipa com o peso da camisola do Arsenal precisa de ser campeã", destacou Gilberto Silva.
Gunner para sempre

Uma vez gunner, gunner para toda a vida. Gilberto carrega com orgulho este lema. O clube está no seu coração e recordar os tempos áureos faz-lhe reviver a intensa relação com o norte de Londres e as grandes batalhas travadas nos campos ingleses. Ao Flashscore, falou sobre o sentimento de ter no seu currículo, entre tantas taças, o privilégio de levantar uma Premier League pelo Arsenal.
"É questão de mentalidade, uma mentalidade forte, de como precisas de te posicionar como atleta. Ter conquistado títulos com um clube como o Arsenal é algo maravilhoso, fantástico. As pessoas reconhecem-te, valorizam-te", conta.
"A quantidade de pessoas que me mandam mensagens e o respeito são muito grandes. Desde que eu parei de jogar, tive a oportunidade de voltar muitas vezes ao estádio, e a receção é sempre fantástica, é maravilhoso. Já recebi homenagens e sou sempre lembrado. Quando o atleta é contratado, tem de ter noção de qual é o seu papel dentro da equipa, diante dos adeptos, da equipa técnica e da direção. Ter noção da sua responsabilidade. É preciso fazer o seu melhor para representar estas pessoas, independentemente do momento que o clube está a viver, e representar bem a instituição. Nós tínhamos uma equipa que representava bem a instituição e dentro de campo fazia o que as bancadas esperavam. Foi um momento especial", recordou Gilberto Silva.