- Que análise faz à exibição de França diante de Marrocos, capaz de desmontar a estratégia de Regragui que tão bons resultados tinha tido até às meias-finais?
- Foi bom termos alcançado o objetivo de estar nos últimos quatro e, agora, estarmos novamente na final. É uma grande caminhada da seleção francesa. Apesar de tudo, vi uma França um pouco dominada mas capaz de sair desse colete de forças e resolver o jogo. Mostraram que queriam a qualificação mas temos de tirar o chapéu a Marrocos, chegou até às meias-finais e colocou reais problemas à seleção francesa.
- Esse domínio de Marrocos não terá sido uma estratégia de Didier Deschamps?
- Não acredito que possamos colocar uma seleção como a francesa a jogar em contra-ataque. Mas não foi só isso, até nos duelos a França perdeu. Houve qualidade com a bola, qualidade no passe e eficácia. Já contra Inglaterra demos a bola ao adversário e por sorte o Harry Kane falhou o segundo penálti. É uma questão de equilíbrios e desequilíbrios. Também houve algumas mudanças devido às ausências de Rabiot e Upamecano. Temos uma equipa que é muito forte na transição ofensiva, com Mbappé, com Griezmann - que tenho gostado mesmo muito de ver neste Mundial - e o Giroud também está muito motivado. Fazemos o que temos de fazer e temos feito bem. Estou feliz por termos chegado à final contra a Argentina.
- Griezmann tem sido a grande figura de França neste Mundial, graças à sua polivalência e amplitude no jogo. Que análise faz a esta afirmação do jogador?
- É o melhor jogador da seleção no Mundial. Deu um passo em frente como líder, como organizador, mostra enorme estado de espírito e faz um enorme esforço defensivo para ajudar os seus companheiros. Fez duas assistências no jogo com Inglaterra, está numa forma incrível. Teve dificuldades no passado mas está a regressar ao seu nível, sobretudo num coletivo como este, na seleção. Ele preenche aquela missão na perfeição.

- Como olha para esta final contra a Argentina, contra este Lionel Messi? Está otimista?
- Esta equipa da Argentina tem uma grande individualidade chamada Lionel Messi. Temos de ter muito cuidado porque está numa forma excecional. Messi é magnífico, vi-o desde o início da época no PSG, está muito bem preparado, preparou-se para chegar ao Mundial no topo da sua forma. Ele lidera a missão argentina porque quer prestar homenagem a todo o seu povo. Depois ainda há o coletivo da Argentina. Mas se conseguirmos parar Messi, controlá-lo, teremos meio caminho feito para vencer o Mundial. Não podemos subestimar os companheiros de equipa dele mas temos de ter especial cuidado com Messi, levá-lo muito a sério, porque quando o vemos a jogar pela Argentina é verdadeiramente um prazer.

- O exemplo disso é o terceiro golo diante da Croácia, quando faz a diferença perante Gvardiol.
- Não foi só o terceiro golo. Desde o início do Mundial que Messi tem estado muito acima dos outros. Sem Lionel Messi a Argentina já tinha sido eliminada. Ele faz a diferença, ele acelera o jogo quando pega na bola. Está a provar no Catar o bom arranque que teve no PSG e a boa forma a que se propôs chegar neste Mundial.
- Kylian Mbappé é, a par de Messi, o melhor marcador do Mundial, com cinco golos. Espera que ele possa surgir em grande no domingo?
- Tem de ser muito melhor do que foi contra Marrocos, apesar de não ter ficado longe de marcar, sobretudo porque está na jogada dos dois golos. Talvez não tenha estado tão bem por causa da marcação apertada, já tínhamos visto algo assim contra a Inglaterra. Mas ele está lá e encara os adversários. Quatro anos depois do seu primeiro Mundial, está mais maduro e ganhou confiança para ter agora sucesso na sua segunda final.
- Num espaço de 24 anos a selelação francesa joga a sua quarta final de um Mundial. Será a França a melhor seleção do século XXI?
- Depende do ponto de vista. Oiço isso muitas vezes mas o que eu vejo é que os nossos jogadores jogam quase todos no estrangeiro. E isso já tinha acontecido tanto em 2018 como em 1998. Neste Mundial 80 por cento dos jogadores convocados não jogam na Ligue 1. Mas isso permite-lhes crescer, amadurecer, ganhar confiança e isso está à vista de todos. Daí que não possamos dizer que o campeonato francês é o melhor, porque os jogadores franceses estão a melhorar os campeonatos ingleses, espanhóis, alemães e italianos.