Entrevista Flashscore a Marcelo Salazar, o luso-brasileiro que é diretor-desportivo do Al Nassr

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Mais
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Entrevista Flashscore a Marcelo Salazar, o luso-brasileiro que é diretor-desportivo do Al Nassr
Entrevista Flashscore a Marcelo Salazar, o luso-brasileiro que é diretor-desportivo do Al Nassr
Entrevista Flashscore a Marcelo Salazar, o luso-brasileiro que é diretor-desportivo do Al Nassr
Opta by Stats Perform
Internacional em 50 ocasiões por Portugal no futsal (jogou no Mundial-2004 e Europeus de 2005 e 2007), Marcelinho, como era então conhecido, deixou os pavilhões e passou para os relvados para dar início à carreira de treinador. Antigo adjunto de Mano Menezes no Al Nassr, foi convidado há um ano a assumir o projeto desportivo do emblema que está próximo de chegar a acordo com Cristiano Ronaldo. Em entrevista ao Flashscore explica as ideias do conjunto de Riade e deixa elogios ao capitão da Seleção Nacional.

O futebol árabe atravessa uma fase de maior fulgor. Depois da seleção ter surpreendido no Mundial-2022 ao ser a única equipa capaz de vencer a agora campeã do Mundo Argentina, o Al Nassr viu o nome na ribalta devido à possibilidade de ser o próximo clube de Cristiano Ronaldo.

O acordo com o avançado português de 37 anos, livre depois da rescisão com o Manchester United, está iminente e o Flashscore foi falar com o rosto que lidera o projeto desportivo do Al Nassr. Nascido no Recife há 44 anos, Marcelo Salazar tem fortes ligações a Portugal e tentou desmitificar alguns mitos sobre o futebol árabe e falar do emblema que lidera atualmente o campeonato daquele país.

- Boa tarde, Marcelo. Antes de mais, perceber como é que um antigo jogador de futsal se torna num diretor-desportivo de um dos maiores clubes da Arábia Saudita. Foi uma mudança radical de carreira.- Durante a minha carreira de jogador de futsal fiz cursos de gestão desportiva, sou formado em Educação física no Brasil. Sempre me preparei para o que ia acontecer quando tivesse de colocar um ponto final enquanto atleta. Quando parei de jogar decidi ir para futebol, tirar os meus cursos, sou um treinador licenciado. Comecei como preparador físico e vim para Arábia Saudita, em 2018, já como adjunto do Péricles Chamusca. Depois apareceu o convite do Al Nassr com o Mano Menezes, mas as coisas não correram bem e passámos por um período complicado, com vários treinadores. No ano passado, em janeiro de 2022, chegou o Miguel Ángel Russo e o presidente decidiu fazer mudanças na estrutura também, aceitando uma dica do Pedro Emanuel (treinador português que estava de saída). Quando ele foi embora disse-me que eu o ajudei muito dentro de campo, mas que podia ajudar ainda mais o clube fora dele. Falo cinco idiomas, tenho um conhecimento muito bom do campeonato e falo a língua dos treinadores, tenho o curso. O presidente resolveu aceitar a opinião. No fundo, acabou por ser graças ao Pedro Emanuel.

- E quais são as ideias do Marcelo Salazar para o Al Nassr?- O grande objetivo é voltar a ser campeão. O último campeonato que ganhámos foi em 2018/19. Desde então, foi o Al Hilal, o nosso maior rival, a levar de vencida as três edições já disputadas. Atravessámos também algum período de instabilidade depois da saída do Rui Vitória (2020/21). Tivemos muitos treinadores, o Alan Horvat, Mano Menezes, Pedro Emanuel, Miguel Ángel Russo, eu também estive no banco em seis jogos (conseguiu quatro vitórias). Agora conseguimos trazer o Rudi Garcia, um treinador de grande calibre que nos desse condições de voltar a ser campeões e vencer todas as provas em que entramos. É esse a nossa grande ambição.

O dirigente confiante na capacidade do treinador francês
D.R.

- E nessas ideias aparece Cristiano Ronaldo?

- Não estou autorizado a dizer nem que sim, nem que não (risos). Vamos aguardar e ver o desenrolar das coisas até ao final do ano. Como devem perceber esta é uma negociação que tem uma magnitude enorme, não só para o clube, mas para o país e para o futebol mundial, e que tem de ser conduzida por instâncias superiores. O que eu posso dizer é que o Cristiano Ronaldo é um dos melhores da história do futebol. Sempre foi um exemplo para mim enquanto atleta, pela vontade que mostra de vencer. E depois, como cidadão português, torci sempre por ele. Mas na hora certa o futuro vai ser revelado.

- É uma transferência que está nas bocas do Mundo e que tem gerado reações diversas. Ancelotti, por exemplo, disse que não era o campeonato ideal para Ronaldo, alegando pouca competitividade. Como é que vocês olham para estas críticas?- Criticar o que se ignora é muito fácil. Eu já estou aqui há cinco anos e todos os jogadores com os quais conversei ficam muito surpreendidos pela positiva quando aqui chegam, sobretudo pelo nível do campeonato. Aconteceu com o Luiz Gustavo, que é internacional brasileiro e já venceu a Liga dos Campeões pelo Bayern. É normal para quem não conhece. Já quando o David Ospina se mudou para cá disseram na Colómbia que era o passo errado, mas a Arábia Saudita mudou muito. Até mesmo viver em Riade e com as famílias tem sido uma agradável surpresa para os jogadores, com as escolas e tudo o aqui temos. A isso juntamos um nível desportivo alto.

- Algo que ficou bem patente neste Mundial, com a Arábia Saudita a ser a única seleção capaz de vencer a Argentina.- Desde a chegada do Turki Al-Sheikh como ministro do Desporto, em 2017, existiu uma grande mudança. Primeiro foi logo a possibilidade de ter sete estrangeiros, o que fez com que o nível a liga aumentasse no imediato. É o campeonato mais forte do continente asiático neste momento. Prova disso é que temos equipas regularmente nas meias-finais e finais da Liga dos Campeões Asiática. Aliás, em 2021, nós disputados o acesso à final com o Al Hilal (de Leonardo Jardim) e eu tenho a certeza que se tivéssemos triunfado, íamos ser campeões como eles foram. Basta ver também o exemplo desta época em que o Al-Faisaly desceu de divisão, mas está nos oitavos de final da Champions. E por isso também a seleção nacional cresceu, basta ver a diferença da prestação de 2018 e 2022. Não passámos, é certo, mas vencemos a Argentina com o Messi, não existia essa desculpa de ele não estar, fizemos um bom jogo com a Polónia e com o México foi mais aberto.

- E qual é o futuro do Marcelo? O objetivo passa por regressar aos relvados?

- É uma boa pergunta. Não quis renovar por mais mais do que um ano. Tive convites para ser treinador, mas optei por permanecer no Al Nassr porque queria dar este tempo para conhecer melhor a função e não queria sair daqui sem ser campeão. Este ano tenho a certeza que vai ser uma temporada vitoriosa. Estou bem, cada dia vou aprendendo mais e vou deixar a decisão para o verão de 2023 dependendo logicamente das possibilidades que vão surgindo.

O luso-brasileiro fala com elementos da estrutura do Al Nassr
D.R.

Ligação a Portugal

Ao olhar para o currículo de Marcelo Salazar salta à vista um apontamento. Natural do Recife, no Brasil, foi jogador de Futsal com passagens pela Bélgica, Espanha e Catar e ainda internacional em 50 ocasiões por Portugal, sendo que esteve nas convocatórias para o Mundial-2004 e para os Europeus de 2005 e 2007 com nomes como João Benedito, Joel Queirós ou Zezito.

A minha mãe tem origem portuguesa e eu tive a possibilidade de defender a Seleção Nacional em mais de 50 ocasiões. Foi a maior honra da minha carreira. É verdade que não conseguimos nenhum título nesse período, mas acreditamos que foi uma parte importante para o desenvolvimento do processo que culminou nestes títulos maravilhosos (dois Europeus e um Mundial) que o Jorge Braz alcançou”, atirou.

Uma ligação a Portugal que se tem estendido também ao campo. Além de Rui Vitória e Pedro Emanuel, o Al Nassr conta com dois atletas com passagens pelo futebol português: Anderson Talisca (esteve ligado ao Benfica entre 2014 e 2018) e Vincent Aboubakar (teve no FC Porto entre 2017 e 2020).

“Estamos sempre atentos e a olhar para boas oportunidades para o nosso clube. Portugal tem um campeonato com o qual sempre procurámos desenvolver uma boa comunicação para obter boas informações. Existem sempre bons jogadores, que acabam por ter um rendimento acima da média quando jogam na Arábia Saudita, e não é só no Al Nassr”, asseverou.