- Antes de mais, como está a mão?
- Ainda imobilizada. Comecei a reabilitação, mas estamos a ir com calma, tenho de esperar mais um pouco antes de pensar em regressar. Na segunda-feira vou fazer um novo raio-x e, se tudo correr bem, posso tirar a tala. Vamos esperar pelo resultado.
- Então não vai viajar para a Polónia para apoiar França?
- Gostava, mas acho que não. Estou totalmente concentrado na reabilitação, porque a época vai recomeçar em fevereiro e quero estar pronto o mais rápido possível.
- Viu todos os jogos da seleção francesa no Mundial-2023. Existiram alguns problemas no que toca à intensidade defensiva, que parecem ter sido corrigidos nos duelos com Eslovénia e Montenegro. Contudo, acha que continua a ser uma preocupação ou teve a ver com as circunstâncias?
- Acho que é circunstancial. Não nos podemos esquecer que o Luka Karabatic falhou o início do torneio e isso obrigou o Nicolas Tournat a formar uma nova dupla com Ludovic Fàbregas e adquirir outras rotinas. À medida que os jogos foram avançando as coisas melhoraram. O Thibaud Briet também defendeu bem.
- Contra a Eslovénia as duas partes foram idênticas, com França a começar bem e depois a cair um pouco de produção, que permitiu a recuperação do adversário. Apesar de tudo, a experiência não deixou a equipa entrar em pânico e as individualidades resolveram.
- O Nikola Karabatic marcou um grande golo, o Nedim Remili mostrou-se em boa forma, como o Kentin Mahé, também o Thibaud Briet. Toda a gente está envolvida e isso é importante para o futuro, ter jogadores com confiança
Na ausência do Luka Karabatic, França começou o Mundial com apenas dois pivôs. Isso muda muito em termos da rotação?
- Os pivôs defendem o centro e são muito importantes, sobretudo na questão do tamanho. O Luka e o Ludovic jogam juntos há vários anos, o que não acontece com o Nicolas, um jogador mais ofensivo.
- Contra Montenegro percebemos que existiu uma mudança de mentalidade que se notou do primeiro ao último minuto.
- Temos de perceber que a primeira fase não foi só para aquecer. O jogo com a Eslovénia foi muito complicado e fez perceber a importância de jogar bem durante 60 minutos, sendo que temos a sorte de ter um banco muito bom. Toda a gente quer mostrar que tem qualidade para estar aqui e isso permite ao treinador confiar em todos.
- O jogo contra a Espanha vai ser um teste importante para a seleção francesa e ajudar a perceber as ambições para o futuro. Enquanto jgoador do Barcelona, percebe a rivalidade criada?
- É algo que vem muito do lado deles, o que sei é que vai ser um bom teste, diante de uma grande seleção que tem experiência em jogar nas meias-finais. O primeiro lugar vai estar em disputa. É um daqueles jogos que aconselho toda a gente ver.
- Contra a Polónia, Espanha sentiu algumas dificuldades e acabou por ser o Gonzalo Pérez de Vargas, teu colega de equipa, a fazer defesas importantes.
- Desde o início do torneio que ele tem mostrado grande forma. Se começa a aquecer no jogo com a França vai ser muito difícil. Até porque além do Gonzalo há também o Rodrigo Correa, do Vezsprém. São dois guarda-redes de grande qualidade.
- Quais vão ser as grandes diferenças nesse jogo?
- Acho que Espanha é mais agressiva na defesa, ataca mais o portador da bola, preferem ir pela falta ou a interceção. A França tem jogadores mais altos no bloco e confia no guarda-redes para travar os remates. Além disso, nós também temos muitos jogadores gauleses que jogaram em Espanha, foram treinados por espanhóis e por isso conhecem bem o sistema deles. Utilizam muito o 1-5 ou o 6-0, algo que temos de preparar muito bem.
- Em Espanha também existem vários jogadores a atuar em França.
- Não me choca. França e Espanha têm os dois melhores campeonatos do Mundo, por isso é inevitável ver os bons jogadores a ir lá parar, além da falta de dinheiro que existe no campeonato espanhol.
- E falando nessa diferença de qualidade, tem sido complicado mudar o chip de um campeonato onde vocês têm dominado (15 vitórias em 15 jogos) para a Liga dos Campeões.
- Estamos habituados a isso e sabemos que temos de dar sempre 100 por cento em todos os jogos, seja qual for o adversário. É também o nosso estilo. Se jogarmos mais descontraídos, a coisa não vai funcionar. Ainda assim, podemos falar do Granollers, uma equipa sem muito capital financeiro, mas que está a fazer um excelente trabalho nas provas europeias e quase que nos venceu na Taça do Rei. O León e o Irún também se apresentam a um bom nível.
- Tem contrato até 2025, é algo raro no andebol
- É porque tenho uma boa cabeça (risos). Agora mais a sério, prolonguei por três épocas porque e stou contente no clube e acho que eles também estão contentes comigo.
- Voltando ao Mundial, a final é um objetivo real para França?
- É, mas vai ser complicado. A Suécia parece muito forte, tiveram um grande jogo contra a Hungria. A Dinamarca por lá anda, Espanha, Islândia e Egito estão bem. Mas acho que é uma possibilidade. Tenho dito a toda a gente que vamos trazer a medalha.