Desde o começo do novo século, o clube da capital alemã evoluiu bastante, tendo uma relação especial com os seus adeptos que, em 2004, angariaram dinheiro através de doações de sangue aos hospitais de Berlim para retirarem o clube da falência. Nessa altura o clube tinha caído para a quarta divisão da Alemanha, a Regionalliga Nord.
Quando o Estádio An der Alten Forsterei, casa do clube, precisou de ser renovado em 2008, 1.600 adeptos voluntariaram-se para ajudar o clube quando a necessidade assim o exigia.
"Não penso no Bayern"
Contudo, essas medidas provavelmente não voltarão a ser necessárias para manter na mó de cima a economia do clube. No entanto, é factual que o Union Berlin tem um dos orçamentos mais baixos da Bundesliga e, por conseguinte, é muito realista quanto às suas capacidades e ambições, não se deixando levar pelas notícias dos meios de comunicação alemães.
"Muitas vezes pedem-nos para lidar com isso, mas não nos concentramos no campeonato", diz Frederik Ronnow ao Flashscore.
"Estamos conscientes de que estamos num bom momento, mas se tentar comparar o nosso orçamento com o dos clubes do topo, especialmente com o Bayern de Munique, nunca poderíamos estar onde estamos. Estamos conscientes sobre o que devemos fazer e o que não devemos fazer".
"Para nós, trata-se de nos concentrarmos no próximo jogo e não nos concentrarmos tanto na tabela. Pode não dar tantas notícias, mas não nos preocupamos com o que os meios de comunicação dizem. Só nos preocupamos connosco", disse Frederik Ronnow.
Presença regular na equipa
Ronnow está atualmente a desfrutar do melhor momento da carreira, tendo-se estabelecido como titular num dos principais clubes da Bundesliga, onde tem depositada em si uma grande confiança após uma série de atuações constantes no início da época e no reinício após o Campeonato do Mundo.
O guarda-redes de 188 centímetros teve um começo difícil quando chegou ao Eintracht Frankfurt e à Bundesliga, em 2018, sofrendo uma lesão prematura e vendo, depois, o clube comprar Kevin Trapp, que ganhou a titularidade e nunca mais a largou.
Esta temporada, contudo, Ronnow sabia que era a principal escolha para a equipa inicial do Union, e essa confiança revelou-se fundamental para o seu desempenho entre os postes. O próprio Ronnow também acredita que cresceu muito muito na Bundesliga.
"Penso que há muitos pontos em que me esforcei e melhorei. Afinal o futebol mudou desde que comecei e hoje em dia é preciso ser-se muito melhor com os pés, e sinto que melhorei nisso. Já estive em diferentes lugares onde não tive a oportunidade de jogar tanto e, no tempo que passei de fora, pensei muito sobre onde podia melhorar para poder otimizar as minhas oportunidades de jogar".
"Sou muito calmo"
Ronnow disse ao jornal Kicker, em abril de 2022, que se considera calmo. Ao Flashscore garante que isso nunca foi um problema para si. "A única coisa que importa é o desempenho em campo. Sou quem sou e estou ciente disso. Não sou aquele que chega a um clube e impõe-se desde o primeiro dia".
"Sempre foram as minhas exibições que fizeram com que eu fosse respeitado. Queres tenhas uma ou outra personalidade, isso não é importante, o que é importante é o que entregas dentro de campo. Claro que pode ser bom ter vários tipos de liderança no relvado e no balneário, mas sempre tive a convicção de que se eu jogar bem, o resto é secundário", afirmou Frederik Ronnow.
Embora muitos especialistas esperassem que o Union Berlim regressasse imediatamente à 2. Bundesliga após a subida de divisão em 2020, o clube conseguiu de forma única e com muito poucos meios financeiros, não só continuar na Bundesliga, como também se desenvolver-se gradualmente para chegar a uma posição mais estável. Portanto, é natural que o Flashscore queira saber qual é o segredo do sucesso do Union Berlim.
O segredo por trás do sucesso
"O desenvolvimento do clube já está a acontece há muito tempo", respondeu Frederik Ronnow. “Existe um plano claro e distinto para o que podemos e queremos fazer. Acho que a nossa maior força é todos saberem exatamente o que devem fazer em campo e não haver ninguém que esteja acima da equipa. Isso significa que somos um grupo que extrai o máximo do seu potencial. Atrás disso, é claro, há um trabalho árduo no relvado e na sala de vídeo”.
Depois de apresentar-se em forma no início da época, Ronnow lesionou-se à beira do Campeonato do Mundo. Mesmo assim, Ronnow disse ao Kicker que conseguiu estar nos selecionados de Kasper Hjulmand e falou numa experiência que demora a digerir.
O Mundial "acabou antes de começar"
“Foi uma experiência especial no Catar. Pensei no que deu errado e no que podíamos ter feito de diferente. É sempre um feito enorme estar no Mundial".
"Claro que foi um grande objetivo para mim ao longo da temporada. Lesionei-me antes da convocatória da seleção e fiquei em dúvida. Consegui (recuperar), mas tudo acabou antes de termos começado. Ainda assim foi uma experiência muito especial", disse Ronnow, que espera poder jogar mais vezes na seleção dinamarquesa.
"Tenho um objetivo e uma ambição de jogar mais partidas que aquelas que fiz até agora. Tenho que fazer o meu melhor para tornar a competição ainda mais difícil. O Kasper (Schemichel) é fantástico e tenho um enorme respeito pelo que ele conseguiu, por isso tenho que trabalhar muito para que, em algum momento, seja a minha vez”, concluiu.