O ex-avançadode 68 anos, que está no Catar na campanha Fifa Legends promovida pela Federação Internacional, disse em entrevista à AFP que não há favorito entre Argentina e França na final do Mundial.
"Está 50-50", afirma, acrescentando que "falta um Campeonato do Mundo a Messi", mostrando o seu apoio para que o craque de 35 anos seja recompensado com o título na sua última participação no torneio.
Como vê a final de domingo?É difícil fazer uma análise de quem chega melhor. É uma final, está tudo em 50-50. Que a Argentina passou de menos para mais, isso é certo. Que Scaloni encontrou essa equipa ideal que toda seleção deve ter, isso é verdade. Ele encontrou isso em Enzo Fernández, em Julián Álvarez, como essas grandes surpresas que surgem no Mundial, e conseguiu equilibrar a equipa. Parece-me que a França sofreu muito contra Marrocos. Perdeu quase 70% da bola. Marrocos sofreu um golo aos cinco minutos e ficou desorganizado, como acontece com todas as equipas que estão a perder no início do jogo e que, normalmente, nunca chegam a essa fase da competição. É uma partida muito equilibrada, na qual não podemos dizer que Mbappé se sairá melhor do que Messi ou que Messi será melhor que Mbappé, eu acho que cada equipa vai apostar na sua estrela.
Então não vê um favorito?
Não há um favorito, não existe um 60-40. Acho que são duas seleções que nos vão presentear com uma boa partida porque trabalham bem a bola, são cuidadosos, defendem bem. O que menos errar vai levantar a taça.
Quem é melhor agora: Mbappé ou Messi?
Os dois. Mbappé é o futuro. Messi já vem sendo, há muito tempo, o melhor jogador do mundo. Isso faz-te pensar que uma vez que Messi não estiver... eu acho que ele vai continuar a jogar, mesmo que com uma rotação baixa. Mbappé praticamente ainda está a começar, apesar de já ser campeão mundial.
Fala-se muito do Mbappé, mesmo com Griezmann, Giroud...É que o Griezmann começou a despertar após o Barcelona o vender diretamente ao Atlético de Madrid. Embora tenha jogado 20 ou 25 minutos e não se tenha encaixado. Ele melhorou muito, é um desses jogadores diferentes que a seleção francesa tem, mas são jogadores que têm à frente um grande astro, também não são muito vistos. Eles têm um papel muito importante para a equipa.
Qual pode ser a chave para a final do domingo?Nenhuma das duas pode entrar distraída. E acho que quem começar em desvantagem vai perder. O protagonismo pode estar no meio campo. As duas têm jogadores muito bons no meio-campo. Mas também têm bons defesas, que quando precisam bater, batem, e o ataque define muito. Agora, com Julián Álvarez, a Argentina achou o golo. Não que Lautaro (Martínez) esteja mal, mas estava a falhar golos.
O que pensa sobre Julián Álvarez e Olivier Giroud, que marcaram quatro golos cada?Giroud é o oportunista de sempre, aquele que está lá no banco à espera de oportunidade, e com a ausência de Benzema, dá-se maravilhosamente bem com Mbappé e Griezmann. Afinal, Giroud é o protagonista porque no Mundial da Rússia não fez nenhum golo e agora disparou com quatro e trabalha muito bem. São mudanças de avançados que têm as suas fases. Julián Álvarez é um jogador que estava no banco, talvez não houvesse expectativas ou que entrasse por um tempo, ou sim, dependendo do jogo, mas ele e (Enzo) Fernández deram sorte a esta equipa, digamos, de Scaloni, que encontrou a solução para esta seleção com dois jovens que não contava no onze normal.
Além de Messi e Álvarez, quem mais se destaca?Acho que todo o plantel. A Argentina, a nível de equipa, tem-se fortalecido muito: o trabalho de De Paul, de Mac Allister... todos têm trabalhado para que a seleção forme uma boa equipa, um bom grupo em que Messi se pudesse destacar. Porque se a seleção argentina joga bem e os jogadores estão à altura, Messi será sempre melhor.
Messi surpreendeu-o?
Não. Acho que no final ele acordou ir para a França, porque jogando no Barcelona, com a pressão que sente lá, talvez chegasse um pouco cansado ao Mundial. Em vez disso, foi para França, para uma equipa que ganha o campeonato num ritmo mais compassado, e isso faz pensar que ele chega bem disposto, descansado e mais ou menos igual a Mbappé.
E sobre Mbappé, como o definiria como jogador?
É o sucessor dos melhores jogadores do mundo. Temos visto Cristiano Ronaldo com uma rivalidade impressionante com Messi. Logo veremos se Mbappé surge com alguma rivalidade para ter uma perspetiva diferente. Mas creio que vá por esse caminho. Agora, não sei se Mbappé, estando em França, numa equipa como o Paris Saint-Germain, que ganha a Liga (francesa) como quer e no momento que quiser, mas que, por enquanto, falta ganhar a Liga dos Campeões. A não ser que vá para outra equipa num campeonato mais competitivo... só assim saberemos. Não estou a dizer que o campeonato francês é fraco, mas precisa de um pouco mais de pressão.
Qual a diferença entre as seleções da Argentina de 1978, de 1986 e a atual?
Há duas que são campeãs e a de agora está muito próxima. Em 1978 e 1986, por sorte, saímos campeões. Falta um Campeonato do Mundo de Messi. Veremos o que acontece.