Mais

Opinião: Mais inépcia à custa do entretenimento, eis o novo Mundial de clubes com 32 equipas

Gianni Infantino com Aleksander Ceferin
Gianni Infantino com Aleksander CeferinProfimedia
O próximo Campeonato do Mundo de Clubes, em 2025, foi oficialmente atribuído aos Estados Unidos pelo Conselho da FIFA. O formato de sete equipas, de interesse desportivo limitado, é substituído por uma versão de 32 equipas, pouco mais interessante, mas certamente mais lucrativa. A adição de uma nova competição tornará a época ainda mais longa e só poderá conduzir a uma perda de entretenimento e a um crescente desinteresse.

Doze equipas europeias, seis da América do Sul, quatro da zona CONCACAF (América do Norte, América Central e Caraíbas), quatro de África, quatro da Ásia, uma da Oceânia e uma do país anfitrião da competição: um total de 32 clubes que participarão no novíssimo Campeonato do Mundo de Clubes em 2025, fruto da imaginação sem limites de Gianni Infantino e da FIFA.

Mais uma vez, o mundo do futebol depara-se com um teto de vidro: como gerar ainda mais dinheiro? Numa altura em que as novas gerações são cada vez menos apaixonadas pelo futebol, os decisores estão convencidos de que é aumentando o número de jogos que o interesse voltará. O principal problema é que, caso não seja óbvio, o futebol é jogado por atletas humanos, não por robots. Então, como oferecer mais entretenimento quando as épocas são cada vez mais longas, com campeonatos nacionais, taças nacionais, taças europeias, pré-época e, dependendo da posição da equipa, digressões internacionais para estrelas cansadas do calor? É engraçado constatar que o formato de 32 equipas era obsoleto para o Campeonato do Mundo, mas é adequado para o Campeonato do Mundo de Clubes...

Os jogadores, precisamente os criadores de riqueza, parecem prisioneiros do seu dinheiro. O facto de serem tão bem pagos reduz a nada a sua capacidade de se rebelarem. Nada mais lógico: é preciso ser louco para morder a mão que nos dá de comer. Uma vez que relegaram o seu livre arbítrio para o fundo do saco, cabe aos dirigentes dos clubes e das instituições supranacionais compreenderem o óbvio: quanto mais jogos houver, menos espetáculo haverá. É o caso do Campeonato do Mundo de Futebol e da Liga dos Campeões, em que as últimas quatro finais terminaram 1-0, depois de jogos soporíferos.

Por outro lado, o aumento do número de jogos é uma bênção para os grandes vencedores desta corrida desenfreada: os intermediários que aumentam o número de transferências para dar corpo aos plantéis que têm de ser constantemente renovados.

Será que vamos assistir a épocas regulares como na NBA, com um número reduzido de jogos interessantes? Ou uma gestão de plantel como no Top 14, com os treinadores dispostos a rodar as suas equipas em função do adversário?

Em termos mais gerais, deverá o futebol ser uma fonte inesgotável de jogos, mesmo para os adeptos mais apaixonados? Um futebol até ao vómito para conquistar novos mercados, com os principais jogadores torrados, atormentados por lesões físicas e esgotamentos mentais. Um belo programa, que confirma mais uma vez que o futebol é relegado para segundo plano por quem o dirige. E se a nova Liga dos Campeões, o novo Mundial de Clubes e o novo Mundial de seleções não conseguirem atingir os seus objectivos, não há problema: novas fórmulas surgirão dos cérebros destas mentes brilhantes em busca de um sonho irrealizável: tornar-se o homem mais rico do cemitério.