"Eu teria dito la diavola, porque dá aquele tempero, faz a gente sofrer, mas é muito bom. Mas, no final, acho que o Inter é como uma pizza margherita: é simples, está sempre lá, nunca te trai. O Inter está contigo todos os dias. E a margherita nunca falha".
Os puristas da pizza napolitana podem torcer o nariz. A margherita representa Nápoles e nunca esperariam uma tal associação entre o seu alimento icónico e o rival Inter.
Mas para Giuseppe Gentile, chef executivo da Antica pizzeria da Michele, em Los Angeles, a declaração é um pouco séria e uma pequena provocação dirigida aos muitos colegas napolitanos com quem trabalha. Uma espécie de vingança após uma época de desilusões retumbantes e de gozo sem fim.
"Trabalhar com tantos adeptos do Nápoles foi difícil. Depois da final da Liga dos Campeões, não nos falámos durante dois dias", assumiu Giuseppe Gentile.
Ascensão no Mundial de Clubes
O Inter de Milão tenta aos poucos livrar-se do peso da derrota e da deceção por uma partida que praticamente não foi disputada contra o Paris Saint-Germain. O Mundial de Clubes, nesse sentido, está a dar uma ajuda aos nerazzurri.
Se no início o estado de espírito não era o melhor, os resultados na competição e o novo rumo de Cristian Chivu parecem ser o remédio certo para curar uma ferida que parecia imediatamente profunda.
E a presença nos Estados Unidos dos vice-campeões italianos e europeus também é um carinho para os adeptos nerazzurri da América, que durante um mês podem admirar de perto os seus favoritos.
Em Seattle e Los Angeles - onde Lautaro e os seus companheiros de equipa disputaram os jogos da fase de grupos, antes de se qualificarem para os oitavos de final contra o Fluminense - os adeptos "Biscione" fizeram-se ouvir. Especialmente em L.A., onde existe uma comunidade do Inter de Milão animada e barulhenta, que se reúne todas as semanas no mesmo restaurante onde Gentile trabalha.
Tudo isto num ambiente animado por muitos adeptos do Nápoles, colegas de trabalho e clientes. Não é exatamente o contexto mais fácil nos dias que se seguiram à derrota na Liga dos Campeões e ao desaire no campeonato: "Foi inexplicável e surreal. É normal perder, mas perder assim dói muito".
Choque nerazzurri
O passado pertence ao passado e agora o Inter de Milão está a olhar para a frente, esperando um futuro melhor.
"Estou quase feliz com a mudança entre Inzaghi e Chivu", disse Gentile.
"Esperamos uma mudança que esperamos que este Mundial de Clubes traga, mesmo que o que estamos prestes a experimentar possa ser um ano de transição. Novos jogadores, novo treinador, novos esquemas, tudo novo, em suma", explicou.
Os nerazzurri, depois de um início lento, com um empate contra o Monterrey e uma vitória com reviravolta contra os japoneses do Urawa Red Diamonds, conseguiram a qualificação com uma vitória convincente contra o River Plate.
Um sucesso que elevou o moral dos adeptos, que agora aguardam esta competição com mais entusiasmo e esperança, mesmo que Gentile tenha ideias claras sobre os objetivos futuros.
"Se eu tiver que escolher, gostaria de ganhar o Scudetto. O Scudetto fica na memória. O Scudetto é sempre o Scudetto em resumo", conclui o chef de origem apuliana.
A esperança, para os adeptos nerazzurri, é que esta margherita interista seja temperada com alguma vitória picante - e que não fique demasiado tempo no forno, como no ano passado, correndo o risco de se queimar novamente.
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