Mackenzie Arnold desempenhou um papel central no drama dos penáltis no sábado, que colocou a Austrália, co-anfitriã do Mundial, pela primeira vez nas meias-finais e um Mundial.
A guarda-redes de 29 anos defendeu três penáltis - e falhou um - para ajudar a levar as Matildas a uma emocionante vitória por 7-6 contra a França, nos quartos de final.
A guarda-redes do West Ham United faz parte da equipa das Matildas há mais de uma década, mas foi terceira opção durante grande parte do tempo, tendo passado os Mundiais de 2015 e 2019 no banco de suplentes.
Foi apenas este ano que Arnold finalmente tornou-se a primeira opção do técnico Tony Gustavsson entre os postes.
Os últimos meses têm sido significativos, de outra forma, para Mackenzie Arnold fora do campo.
Em abril, publicou no Instagram um vídeo em que aparecia a recolher alguns aparelhos auditivos.
"As pessoas mais próximas de mim sabem há quanto tempo evitei este dia, mas aqui está um pequeno vislumbre de um dia que mudou a minha vida", escreveu.

Arnold não usa aparelhos auditivos durante os jogos porque estaria "a mexer demasiado neles" e afirmou que não os usar "ainda é bastante normal, não afeta muito".
"Ainda é um mundo totalmente diferente quando coloco os meus aparelhos auditivos. É do género: 'O que é que eu tenho estado a perder há 25 anos?'", assumiu Mackenzie à Optus Sport, antes do Campeonato do Mundo.
"Uma heroína de culto"
Cortnee Vine manteve a calma para marcar o penálti da vitória perante 50.000 pessoas em Brisbane, no sábado, e marcar encontro com a campeã europeia Inglaterra, em Sidney.
Mas foi Arnold que recebeu o prémio de melhor em campo, partilhando as manchetes com Vine na Austrália, onde as façanhas da equipa são agora notícia diária de primeira e última página.
A emissora nacional ABC chamou Arnold de "heroína" e o The Sydney Morning Herald disse que a guarda-redes já era "uma heroína nacional".
Refletindo a sua súbita ascensão à fama nacional, o jornal publicou um artigo com o título: "Quem é Mackenzie Arnold? Conheça a guarda-redes com nervos de aço que levou as Matildas às meias-finais".
As jogadoras australianas cantaram o nome de Arnold no balneário e a vice-capitã Steph Catley disse: "Ela é incrível. Ela fez algo muito especial esta noite".
Arnold começou a sua carreira no futebol feminino australiano, antes de se mudar para a Noruega em 2018. Houve um período sem sucesso no Chicago Red Stars, seguido pela mudança para o West Ham em 2020.
O seu pontapé remate pode ter batido no poste diante de França, mas não foi uma surpresa vê-la cobrar uma grande penalidade - ela é hábil com os pés, tendo em tempos entrado como médio do West Ham num jogo da Taça de Inglaterra.
Arnold chegou ao Mundial depois de uma temporada de sucesso na Superliga Feminina, com mais defesas do que qualquer outra guarda-redes da WSL.
Aviso à Inglaterra
Após a atuação no sábado, que incluiu manter a Austrália sem sofrer golos durante 120 minutos, para forçar a disputa por penáltis, Arnold disse não se estava a sentir a 100%.
"Não tenho estado muito bem nas últimas semanas. Ainda estou a ultrapassar isso - daí os olhos. Isto ainda não são lágrimas", disse a guarda-redes.
Arnold atribuiu o seu gesto heróico na defesa do penálti ao instinto, mais do que a qualquer outra coisa.
"É claro que há um pouco de pesquisa nos bastidores e comunicação com os treinadores. Acho que tenho tendência para me manter um pouco calma, mas não diria que leio muito bem as coisas. É o meu instinto que me faz seguir", explicou.
Algo que, de reso, já funcionou com Arnold no passado - uma vez defendeu dois penáltis num jogo contra o Manchester City.