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Quando Hervé Renard estava no comando da seleção masculina de Marrocos, entre 2016 e 2019, Reynald Pedros levou o Ol. Lyon ao topo da Europa no seu primeiro cargo como treinador principal no futebol feminino.
Os destinos dos dois treinadores acabariam por levá-los ao outro lado do mundo, ao Estádio Hindmarsch de Adelaide, para um jogo dos oitavos de final do Campeonato do Mundo Feminino que seria totalmente inimaginável há apenas alguns anos, ou mesmo há alguns dias.
"Conheço perfeitamente esta equipa francesa, o que é uma vantagem, pois é uma equipa muito forte, com jogadoras muito experientes e de um nível muito elevado", afirmou Pedros após a histórica qualificação de Marrocos para o seu primeiro Campeonato do Mundo.
"Eles conhecem os nossos pontos fortes e fracos graças a ele", admitiu David Ducci, adjunto de Hervé Renard que também passou por Marrocos e é responsável pelo futebol feminino na direção técnica nacional.
Com o OL, entre 2017 e 2019, o antigo médio do Nantes foi lançado ao mais alto nível do futebol feminino, depois de não ter tido qualquer experiência como treinador a nível feminino e de ter um currículo escasso como treinador no Saint-Pryvé-Saint-Hilaire na 5ª divisão masculina (CFA 2).
Seis jogadoras sob o seu comando
"Vai ser um reencontro, um momento especial, com certeza", disse Eugénie Le Sommer, avançada dos Bleues e do Lyon. "O futebol é surpreendente. Se alguém me tivesse dito, quando ele deixou o Lyon, que iríamos acabar nos oitavos de final do Campeonato do Mundo, especialmente com Marrocos, eu não teria acreditado. Ele conhece muito bem a seleção francesa, as jogadoras do Lyon que teve e as que defrontou".
A avançada de 34 anos recorda um treinador que "amava a vida" e que "transmitia boas vibrações". "Ele conseguiu fazer grandes coisas connosco, ganhou títulos, e isso não é pouca coisa", explica a vice-capitã da seleção gaulesa.
As conquistas de Pedros com o Lyon incluem dois títulos da Liga dos Campeões (2018, 2019), dois títulos da D1 francesa nos mesmos anos e a Taça de França de 2019. No entanto, ele não conseguiu vencer a Taça da França em 2018 contra o Paris SG de Marie-Antoinette Katoto (1-0).
Em dois anos, treinou Pauline Peyraud-Magnin, Selma Bacha, Kenza Dali, Le Sommer, Wendie Renard e Amel Majri, seis jogadoras da seleção francesa na Austrália.
A sua saída inesperada do OL em 2019 causou, no entanto, uma grande agitação, com alguns meios de comunicação social a afirmarem que vários membros do balneário eram a favor do divórcio, num clube onde o antigo presidente Jean-Michel Aulas consultava regularmente as principais figuras da equipa.
"Experiência e estabilidade"
Reynald Pedros sempre negou o facto, insistindo que não queria "fazer um ano a mais". O clube francês, por seu lado, afirmou querer "injetar uma nova dinâmica" com "métodos diferentes e uma abordagem diferente" para "continuar a progredir".
O treinador deu agora a volta por cima, juntando-se à ambiciosa federação marroquina no final de 2020, no âmbito de um vasto plano de desenvolvimento do futebol feminino e das Leoas do Atlas, que vão receberam a Taça de África Feminina em 2022. Um torneio em que Marrocos chegou à final, validando a sua qualificação para o Campeonato do Mundo.
O homem de Orléans "trouxe uma experiência sólida, estabilidade e uma mentalidade vencedora", disse à AFP o jornalista desportivo marroquino Nassim El Kerf. "É uma figura-chave na estratégia de desenvolvimento do futebol feminino em Marrocos. Ele contribuiu muito para a popularidade do futebol feminino graças aos seus resultados", afirma El Kerf, do site de notícias marroquino Le Desk.
Contra as suas antigas jogadoras, Pedros tem agora a oportunidade de alcançar o maior feito da história da seleção marroquina, oito meses depois do França-Marrocos no Campeonato do Mundo masculino. "Vamos tentar enfrentar a equipa francesa ", promete o antigo internacional francês. "Este Campeonato do Mundo é incrível, há surpresas, é essa a magia do desporto de alta competição, nada está escrito de antemão".