Um novo conselho presidido por Pedro Rocha, formado após a suspensão do presidente da RFEF, Luis Rubiales, pela FIFA por causa do beijo na boca não consentido dado a Jenni Hermoso durante a celebração da vitória no Campeonato do Mundo há duas semanas, concordou em rescindir o contrato de Vilda, considerado um aliado próximo de Rubiales.
A Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), recorde-se, emitiu um comunicado, ao início da tarde desta terça-feira, a "pedir desculpas" ao futebol mundial pelo "comportamento inadequado" de Rubiales durante as celebrações em Sydney, e exigindo que o dirigente apresentasse a sua demissão do cargo mais alto do órgão federativo espanhol.
De Rubiales a Jorge Vilda. O treinador esteve sempre na linha da frente no apoio a Rubiales, aplaudindo o seu discurso inflamado no dia em que garantiu que não iria demitir-se do cargo de presidente da RFEF e aí prometeu a renovação ao selecionador, com um ordenado na ordem dos 500 mil euros anuais.

O treinador que guiou a Espanha até ao título mundial ainda veio, horas mais tarde, manifestar-se contra a postura de Rubiales, mas já não se livrou do coro de críticas e da imagem de principal apoiante de Rubiales, posição que resultou neste extremar de posições com a RFEF e conduziu até à decisão do acordo para a demissão.
Rubiales levantou questões antigas
Pese a medalha de ouro no Campeonato do Mundo, a presença de Jorge Vilda como selecionador nunca foi consensual e chegou mesmo a ser seriamente colocada em causa meses antes do arranque da prova, com a famosa 'lista das 15' a manchar o reinado do selecionador ao serviço de La Roja.
Várias jogadoras manifestaram-se contra a liderança de Vilda na seleção e exigiram "mudanças drásticas" para que regressassem à equipa nacional. Algumas voltaram atrás nas palavras, mas outras, como Mapi León, Patri Guijarro e Claudia Pina recusaram o regresso enquanto não houvesse alterações e não foram mesmo ao Mundial.

Agora, o comportamento de Rubiales veio despertar questões antigas no seio da RFEF e a decisão chegou duas semanas depois da final do Campeonato do Mundo em dois eixos centrais: demissão de Rubiales e acordo para a saída de Vilda.
Vilda não queria abandonar o comando técnico da seleção, mas viu-se num caminho sem saída, numa altura em que o foco estava completamente direcionado para si e Rubiales. E numa altura em que a RFEF estava empenhada na candidatura ibérica (mais Marrocos) para a organização do Mundial-2030 esta situação em nada era favorável para o organismo.