Esta semana, o Leeds United confirmou a nomeação de Daniel Farke como seu novo treinador.
Farke regressa a Inglaterra, um ano e oito meses depois de ter sido despedido pelo Norwich City, na altura na Premier League. Durante esse tempo, o treinador de 46 anos assumiu o comando do Krasnodar na Rússia, mas durou apenas dois meses antes da invasão da Ucrânia, o que levou à sua saída por mútuo acordo.
No verão, foi para o Borussia Mönchengladbach, da Bundesliga, mas foi demitido no mês passado, após uma campanha dececionante, na qual o clube terminou em 10.º lugar.
No entanto, a sua experiência no Championship, que incluiu ajudar o Norwich a vencer a liga por cinco pontos em 2019, e por seis, dois anos depois, terá sido crucial para lhe garantir o papel no Leeds, à frente de outros candidatos de destaque.
Farke chega a Elland Road com a mesma equipa de apoio que tinha no Gladbach: o adjunto Eddie Riemer, o analista Christopher John e o chefe de desempenho Chris Domogalla.
Esse quarteto também foi responsável pelas duas promoções do Norwich. Isso dá a entender que, no Leeds, ele poderá usar táticas semelhantes às que o ajudaram a conquistar duas vezes o título da Championship em Carrow Road. Mas quais são os fundamentos da sua filosofia de treino e o que é que os adeptos do Leeds podem esperar da sua equipa sob a sua orientação na próxima época?
Com os Canários, Farke foi elogiado por implementar um estilo de jogo atraente e dinâmico, com foco no futebol de posse de bola, mas com propósito. Gostava de ver a sua equipa ter o controlo da bola, mas não gostava de ver a posse de bola sem intenção.
"Temos vários princípios e um deles é que não gosto de passes horizontais no jogo", disse Farke em 2021, enquanto treinador do Norwich. "Na verdade, os passes quadrados não são permitidos porque não fazem sentido e também são incrivelmente difíceis de salvar se você perder a bola", explicou.
"Se jogares a bola no ângulo e a perderes, é possível ganhar o próximo duelo, mas se fizeres um passe horizontal, ninguém está lá para salvar a bola se houver um erro. Por isso, os passes horizontais nunca são permitidos no meu jogo - apenas no caso de poderem prometer que é um passe a 100 por cento que chega ao companheiro de equipa", acrescentou.
Nessa época de 2021/22, a segunda em que o Norwich se sagrou campeão sob a liderança de Farke, os Canários lideraram as tabelas de posse de bola, ao mesmo tempo que ficaram em primeiro lugar no que diz respeito ao maior número de passes progressivos efetuados. Também completaram mais passes progressivos do que qualquer outra equipa da divisão.
O Norwich costuma jogar no esquema 4-2-3-1, assim como o Gladbach na maior parte da temporada passada, o que sugere que veremos o mesmo em Elland Road. Farke gosta desta forma por várias razões.
Nesta forma, a linha defensiva é empurrada para cima, com os laterais espremidos no campo para ajudar a criar uma forma que melhor se assemelha a um 2-3-5 em posse de bola. Os atacantes largos deslocam-se para zonas mais centrais para receberem passes centrais em zonas perigosas, enquanto os laterais avançados ajudam a dar largura.
A eficácia da forma é bem ilustrada pelo facto de, na época 2020/21, a principal força criativa de Farke, Emi Buendia, ter terminado a campanha tendo recebido mais passes no terço ofensivo do que qualquer outro jogador do Championship, enquanto o lateral do Norwich, Max Aarons, ficou notavelmente em quinto lugar neste mesmo departamento.
No caminho para o título, o Norwich registou o maior número de remates, teve o maior número de remates à baliza e acumulou o maior total de golos esperados (xG) da divisão (76,9).
Tudo isto significa que os adeptos do Leeds podem estar preparados para mais uma viagem emocionante, assistindo a um futebol dominante de alta octanagem - muito semelhante ao que desfrutaram sob o comando do herói do clube, Marcelo Bielsa, a caminho do seu próprio título do Campeonato em 2020.
A natureza frontal das táticas de ataque de Farke também ajuda à utilização de uma pressão alta. Olhando novamente para a temporada 2020/21 da Championship, é revelador que o Norwich tenha ficado em terceiro lugar por ter feito o maior número de desarmes no terço ofensivo, apesar de ter muito mais posse de bola em média - e, portanto, menos oportunidades de defesa - do que qualquer outra equipa da liga.
A sua capacidade de sufocar os adversários e de perturbar o seu jogo de construção minimizou o perigo para a sua própria baliza e conduziu a perdas de bola em posições lucrativas.
A campanha dececionante de Farke na Alemanha, além de duas tentativas fracassadas na Premier League, levantam dúvidas sobre se ele pode ser a resposta a longo prazo em Elland Road, mesmo que consiga garantir a promoção - o que não é nada fácil.
No entanto, essa será uma ponte que a nova hierarquia do clube - a 49ers Enterprises - terá de atravessar quando chegar a altura. Para já, Farke parece ser o candidato certo para dar ao clube a melhor hipótese de regressar à Premier League na primeira tentativa.