Matematicamente, a sorte está lançada: a França, garantida no primeiro lugar do Grupo B, já está qualificada, enquanto a Grécia, terceira classificada, terá de passar pelo play-off na primavera se quiser ter alguma esperança de disputar a fase final na Alemanha (14 de junho-14 de julho).

"Este jogo deve servir como uma preparação muito inteligente", diz Gustavo Poyet. "Temos de ser humildes e aceitar a realidade de que a França é muito melhor do que a Grécia. Mas temos de encontrar uma fórmula para tentar reduzir essa diferença de nível", explica o técnico uruguaio.

Contra os Bleus, que ele considera"a melhor seleção do mundo ao lado da Argentina, sem dúvida", o ex-médio do Chelsea reencontrará Didier Deschamps, com quem dividiu o balneário dos Blues na temporada 1999-2000.

"Tento sempre observar e aprender. Didier Deschamps é um exemplo da sua capacidade de tomar as decisões corretas em cada momento. Ele já tinha essa qualidade e inteligência como jogador, e desenvolveu-a como treinador", admira Gustavo Poyet. "Ele consegue reinventar-se e integrar novos jogadores gradualmente, com grande sucesso".

Grenoble e Bordéus

Esta nova geração de jogadores dos Bleus inclui Aurélien Tchouaméni e Jules Koundé, dois jogadores que Gustavo Poyet treinou muito jovens no Bordéus em 2018.

"A sua evolução foi espetacular. É uma grande alegria para mim vê-los hoje no Barça e no Real Madrid. Já demonstraram uma grande vontade de aprender, são grandes profissionais", afirma o treinador uruguaio.

Ele mesmo aprendeu muito na França. Tinha 21 anos quando chegou a Grenoble, vindo do Uruguai, em 1988. "Eu era muito jovem e passei sete meses sozinho, sem família ou namorada. Nessa altura, cresci muito como pessoa", diz. "Mas no Grenoble eu não era muito bom em campo. Eu tinha acabado de chegar do Uruguai, onde tudo parecia bom para mim, e foi difícil. Mas foi a base para o resto da minha carreira no futebol. E como as coisas não correram muito bem, sempre quis voltar para a França, sentia que devia isso a eles".

Ele voltou trinta anos depois, desta vez como treinador. No Bordéus, ele descreve uma"experiência extraordinária". A venda do clube e as divergências com a direção obrigaram-no a sair sete meses depois, apesar das "emoções muito fortes".

Mais profissionalismo

Desde fevereiro de 2022, está ao leme de uma seleção grega que está ausente das competições internacionais desde 2014, definhando entre o 50.º e o 60.º lugar no ranking da FIFA.

"Quando cheguei, tínhamos três objetivos: recomeçar a ganhar, trazer as pessoas de volta ao estádio e qualificarmo-nos para o Euro 2024", diz.

Um ano e meio depois de ter assumido o cargo, a Grécia terminou em primeiro lugar do grupo na Liga das Nações, os adeptos estão a comparecer em força e a seleção nacional ainda tem hipóteses de se qualificar. Neste contexto, as suas declarações a favor de um maior profissionalismo da federação grega suscitaram alguma polémica na semana passada.

A criação de um centro de treinos para as seleções nacionais, a utilização dos estádios do país e uma maior utilização de jogadores gregos pelos clubes são algumas das suas prioridades.

"Mas não quero de maneira nenhuma sair daqui. Se falo, é para que as coisas andem. Precisamos de continuidade e consistência. O que estou a pedir aos meus jogadores, também peço aos meus treinadores. Quero mais, mais depressa. Para que possamos ganhar todos juntos", completou.

Embora esteja otimista, Poyet está ciente de que os progressos dependem da qualificação para o Euro 2024. O próximo passo será em Atenas, na terça-feira, contra a França, para continuar a crescer.