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Análise: Frenkie de Jong e a transformação do maestro do Barcelona

Frenkie de Jong tornou-se um suplente de luxo para o Barça esta época
Frenkie de Jong tornou-se um suplente de luxo para o Barça esta épocaALEX CAPARROS / AFP
Depois de ter perdido o lugar na equipa principal, o futuro de Frenkie de Jong no Barcelona está em dúvida, ao ponto de uma transferência nunca ter parecido tão próxima. Eis a crónica de um jogador sonhado como sucessor de Busquets, mas que se tornou o substituto de Marc Casadó.

Contratado a um preço elevado no verão de 2019, após uma época histórica no Ajax, Frenkie de Jong não é exceção à maldição que atingiu a brilhante geração do Ajax. Antes dele, Donny Van de Beek, Matthijs De Ligt, André Onana, Noussair Mazraoui, David Neves, Kasper Dolberg e Hakim Ziyech foram todos anunciados como estrelas, mas acabaram por desiludir. Ao assinar pelo Barcelona, o FDJ beneficiou de uma maior clemência por parte dos críticos. Mas é preciso dizer que o jogador, agora na sua sexta época no clube catalão, não substituiu nem Xavi nem Sergio Busquets, e já nem sequer é titular indiscutível.

Isto deve-se a uma série de lesões, nomeadamente no tornozelo, mas também ao seu posicionamento. Sonhado como o sucessor de Busquets, De Jong nunca brilhou tanto no Barça como quando estava... acompanhado à frente da defesa. Muito longe do número 6 que Busi poderia ter sido antes dele.

Com contrato até 2026... e depois?

A primeira desilusão para a direção do Barça. Desde então, em todos os mercados, de Jong tem estado no centro dos rumores de uma possível transferência, com o Manchester United e a sua colónia de jogadores neerlandeses a apresentarem-se à mínima oportunidade. Não é o caso do número 21 do Barcelona, que se mantém e até prolonga o seu contrato até outubro de 2020, com um contrato faraónico que se tornou uma pedra de moinho à volta do pescoço, um presente da era Bartomeu aos seus sucessores.

Com um contrato que vai até 2026, fala-se ainda de uma possível prorrogação do contrato nos próximos meses. Mas, apesar de ter fechado a porta a qualquer interesse desde a sua chegada, o homem que "sonha em triunfar no Barça" colocou a pressão sobre o clube blaugrana numa entrevista à Voetbal publicada em janeiro: "Tenho de admitir que, quando assinei pelo Barcelona, não podia imaginar ganhar apenas um título da LaLiga, uma Taça do Rei e uma Supertaça de Espanha ao fim de quatro anos. Esperava pelo menos o dobro, por isso estou desiludido".

O jogador e o agente Ali Dursun suspenderam mesmo as conversações com os dirigentes catalães, aguardando o final da presente época para tomarem uma decisão.  Quero jogar futebol e depois verei o que o clube quer fazer comigo, e então decidirei o que quero fazer, junto com o meu agente e a minha família", explica: "As pessoas pensam que eu quero ficar no Barcelona para sempre porque a vida fora do futebol é muito boa aqui, e isso é bom, mas o que acontece no campo é sempre mais importante."

Marc Casadó não ajudou

No entanto, dentro de campo, o seu desempenho está longe de justificar uma possível renovação. De qualquer forma, teria de ser considerada com um salário mais baixo, já que as finanças atuais do Barça não permitem pagar emolumentos próximos a 20 milhões de euros por temporada. Esta época, o médio neerlandês só foi titular em 4 jogos do campeonato e em 2 da Liga dos Campeões, tendo sido muitas vezes substituído por Marc Casadó.

Hansi Flick sempre insistiu que Frenkie de Jong é um "jogador importante" no seu plantel, sobretudo quando a sua equipa precisa de manter a bola. Foi o que aconteceu no Clássico de outubro, quando entrou ao intervalo para resolver o jogo na vitória por 4-0.

No entanto, o treinador perdeu um pouco a compostura quando foi questionado sobre o seu meio-campo novamente na segunda-feira. "Temos qualidades muito boas, todos estão no seu melhor e podem trazer coisas diferentes para a mesa. Vamos ver o que precisamos para este jogo, decidiremos amanhã, não hoje", rebateu Flick quando perguntado se preferia De Casado ou De Jong.

A comparação entre De Jong e Casadó
A comparação entre De Jong e CasadóOpta by Stats Perform

Menos decisivo, menos rápido

Em campo, é difícil defender o neerlandês contra o jovem jogador da Masia. De Jong tem dificuldade em fazer a diferença na defesa quando se trata de recuperar a bola, de sair da defesa quando a armadilha do fora de jogo se revela ineficaz, ou simplesmente de fazer avançar a bola. Casadó dá mais garantias defensivas e, sobretudo, consegue combinar melhor com Pedri no ataque, permitindo-lhe avançar e rematar (0,6 remates por jogo para Casado, 0,3 para De Jong).

A influência de Casado também se reflecte no número de bolas em que toca por jogo, com uma média de 68,7 contra 38,1 do neerlandês, ou seja, 45% menos do que o espanhol. A mesma comparação aplica-se ao número de passes para a frente que cada jogador efectua em cada apresentação. Por todas estas razões, Casadó já fez 25 jogos como titular (na Liga e na Liga dos Campeões) na sua primeira época como profissional.

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