- Como ex-jogador do Girona, acha que o que está a acontecer é um sonho que se pode tornar realidade ou, por agora, tem de continuar a ser um sonho?
- Há sempre que manter o sonho vivo, mas é evidente que deram um grande passo em frente. Não é por acaso que eles estão lá. É devido a muitos méritos que têm vindo a fazer há muitas épocas e este ano estão a obter todos os resultados e todos os factores que os mantêm no topo da tabela. Vejo isto como uma realidade, ainda há um longo caminho a percorrer e temos de competir contra equipas que nos vão dificultar muito as coisas, mas porque não?
- A equipa de Míchel tem uma ideia muito clara da forma de jogar. Muitos pensavam que a equipa ia esmorecer. Mas eles estão a lutar contra três ou quatro gigantes e o Girona ainda está lá?
- Sem dúvida, não só está lá como está acima de todas essas equipas, exceto do Madrid, que está a aguentar-se. O Atlético, o Athletic e o Real Madrid estão numa dinâmica muito boa e vão dificultar-lhes a vida. Este campeonato é muito equilibrado, qualquer equipa pode surpreender e roubar pontos, e vai ser determinado pelos pormenores. Esta é uma equipa que sabe muito bem o que joga, é a equipa que mais vezes deu a volta por cima e isso é muito importante, que nem as coisas boas nem as coisas más nos afectem.
- Há muitos jogadores que noutros clubes tinham papéis secundários, e estão a ser seguidos pelos grandes clubes de Espanha, Inglaterra ou Alemanha. É uma grande vitrine para esses atletas que não tiveram esse dom de ser tão comerciais e acabaram por explodir. Achas que é o momento ideal para aproveitarem?
- Depende muito da situação de cada jogador e da sua motivação pessoal. O Girona está a fazer as coisas muito bem há anos e isso vê-se nos resultados dos últimos anos. Esta é obviamente a mais óbvia e a que mais se destaca. Há jogadores que, a priori, as pessoas não conheciam pelo nome e que estão a ter um desempenho espetacular. Os dois ucranianos que têm no topo são aviões. O Savinho está a fazer uma época espetacular e outros jogadores deram um passo em frente. Quanto ao futuro, não sei. A motivação de poder disputar a Liga dos Campeões com o Girona, com uma equipa que nunca conseguiu nada assim, pode ser um grande impulso. Estou plenamente convencido de que vão surgir muitas propostas para vários jogadores, resta saber como é que eles e o clube as vão gerir.
- Deve ser uma loucura para os adeptos, ver como estão a lutar com as grandes equipas, às portas da Liga dos Campeões e a saborear o título... Qual é a intensidade dos adeptos?
- Vivem-no como têm de viver, desfrutando ao máximo de cada momento. Nos últimos tempos, viveram duas subidas à Primeira Divisão e, neste momento, estão habituados a esse tipo de alegria. Vamos ver como a equipa reage e como joga. O facto de estarem a ter sucesso deve-se ao facto de tanto a equipa como os adeptos estarem em sintonia. Isso é essencial para manter a ilusão de estar a lutar por coisas importantes.
- O Girona foi uma equipa importante na tua carreira, mas tens de falar do clube que deixaste e onde te formaste, o Barcelona. Como estás a viver a situação que estás a atravessar?
- É um momento doloroso para mim como jogador jovem, como colega de equipa e amigo de vários jogadores da equipa principal e como adepto, porque as coisas não estão a correr bem. Em termos de resultados, alguns dos últimos jogos não correram como esperado, mas, no final, temos de pensar que todos os clubes passam por um momento difícil numa determinada altura da época. Os adeptos também são muito exigentes com os jogadores e com o treinador, e penso que foram muito exigentes com o Xavi. Estou confiante de que a equipa vai mostrar uma faceta diferente daqui até ao final da época e lutar pelo título da Liga.
- O que os teus companheiros que ainda estão no plantel têm a dizer?
- Ninguém vai desistir, acima de tudo são profissionais e vão dar tudo até ao último jogo. Isso nunca foi negociado, não só para eles, mas também para os adeptos, porque eles merecem, e para que todos aqueles que os criticaram duramente vejam que podem engolir as suas palavras.
- Como estás a lidar com a segunda passagem pela Kings League?
- Estou a gostar muito, estou a divertir-me muito nos Kings. Conheci muitas pessoas que fazem parte do grupo, companheiros de equipa, adversários, todo o pessoal do Cosmos... Não podia estar mais feliz, é um futebol totalmente diferente, onde o espetáculo entra em jogo. Mas quando estamos em campo não olhamos para o espetáculo, damos o nosso melhor e vamos lá para competir e tentar ganhar.
- É um espetáculo tão grande que um Culé e um Perico como Joan Verdú se juntaram em Los Troncos.
- É verdade, embora Joan também tenha uma formação culé. É essa a beleza do futebol, que no final se encontram pessoas com quem eu não imaginava encontrar-me, por estarem em clubes diferentes e pela diferença de idades. Quando ele se reformar, eu estou apenas a começar a mostrar a minha cabeça no futebol profissional.