Em vésperas de uma nova jornada da LaLiga, a sofrida reviravolta do Real Madrid, que venceu o Almeria por 3-2 no Santiago Bernabéu, no passado fim de semana, voltou a colocar a arbitragem espanhola no centro das atenções, já abalada pelo chamado "caso Negreira".

Por três vezes, o árbitro recorreu ao monitor de campo para rever lances, acabando por alterar a sua decisão inicial nessas ações, que acabaram por favorecer o Real Madrid, cuja vitória lhe permite ficar a um ponto do líder Girona.

Na primeira, apitou um penálti que Bellingham converteu, quando o Real perdia por 0-2, na segunda anulou o terceiro golo do Almeria e na terceira concedeu o golo de Vinicius para fazer o 2-2.

Coisas que não batem certo

Na sequência do acordo entre a Federação Espanhola (RFEF) e a LaLiga, foram publicados os áudios das jogadas em que o árbitro recorreu ao monitor de campo, mas a posterior transmissão televisiva de algumas imagens diferentes das vistas pelo árbitro, e que poderiam levar a pensar numa decisão diferente, gerou polémica.

"Não se podia ter feito mais do lado de fora para os colocar no jogo", disse o médio do Almeria, Gonzalo Melero, após o jogo, arriscando uma sanção severa.

"Já disse que vai ser muito difícil ganhar esta liga, disse-o em Getafe, que havia coisas que não batiam certo para mim", disse o treinador do Barcelona, Xavi Hernandez, acrescentando que "há coisas que não controlamos, toda a gente já viu isso", lançando mais lenha para a fogueira.

Fugas de informação

A polémica aumentou após a publicação de mais áudios no canal de Twitch "Jijantes", das comunicações entre o árbitro do jogo e o VAR dessa partida, o que levou a Federação Espanhola a denunciar esta fuga de informação à Guardia Civil.

Estes áudios não eram suscetíveis de serem publicados, segundo o acordo entre a RFEF e a LaLiga, uma vez que não implicavam que o árbitro tivesse de se dirigir ao monitor de campo, mas vêm aumentar a pressão sobre os árbitros, que já se queixaram em várias ocasiões da situação que sofrem.

O árbitro Juan Martínez Munuera disse antes da final da Supertaça de Espanha, a 13 de janeiro, que a arbitragem espanhola estava a atravessar um dos seus momentos mais complicados.

"Estão a pôr em causa a nossa honestidade, que cometemos uma ilegalidade.... É a coisa mais complicada desde que eu arbitrava no Regional", disse, quando questionado sobre o chamado "caso Negreira", em que estão a ser investigados pagamentos do Barcelona a empresas pertencentes a um antigo árbitro.

VAR desviado

O caso tem levantado dúvidas e ensombrado as relações do Barcelona com o Real Madrid, que nos últimos meses também usou a sua televisão para criticar as atuações dos árbitros.

"Essas coisas não ajudam porque, no final, incentivam o ódio contra o árbitro", alertou o árbitro César Soto Grado, responsável pelo VAR na final da Supertaça de Espanha.

Alvo do "caso Negreira", o Barça parece ter aproveitado a polémica do último jogo do Real Madrid para lançar as suas próprias críticas.

"Um instrumento que era suposto ajudá-los (árbitros), o VAR, não os está a ajudar e está a ser desviado, como se fosse maltratado com base na pressão que os nossos adversários exercem de forma contínua e constante", queixou-se o presidente do Barcelona, Joan Laporta, numa entrevista ao jornal Mundo Deportivo.

Laporta garantiu ter manifestado a sua preocupação ao presidente interino da RFEF, Pedro Rocha, que lhe disse que "estão a pensar tomar medidas sobre o assunto".

Em vésperas de mais uma jornada da LaLiga, o desempenho dos árbitros vai voltar a ser objeto de escrutínio.