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Protesto e censura televisiva: Villarreal-Barça em Miami provoca uma guerra na LaLiga

Bola oficial da LaLiga
Bola oficial da LaLigaMatthieu Mirville/ZUMA Press Wire / Shutterstock Editorial / Profimedia

Um "protesto simbólico" – não disputar a bola durante os primeiros 15 segundos de cada jogo da 9.ª jornada – devido à deslocalização do Villarreal-Barcelona para Miami desencadeou este fim de semana uma guerra entre os futebolistas da LaLiga e a organização, que não transmite imagens do gesto na televisão.

Na sexta-feira, a Associação de Futebolistas Espanhóis (AFE) anunciou que os jogadores iriam protestar "de forma simbólica pela falta de transparência, diálogo e coerência da Liga, sobre a possibilidade de disputar um jogo da competição nos Estados Unidos", a 20 de dezembro.

Nos jogos disputados na sexta-feira e no sábado, os jogadores permaneceram imóveis durante os primeiros 15 segundos, enquanto na televisão era mostrado um plano fixo do exterior do estádio ou um ângulo cenital – aéreo – e a mensagem "Compromisso pela Paz", sem fornecer mais detalhes, censurando o protesto que os futebolistas pretendiam transmitir.

"Devem ter filmado uns pássaros no telhado"

Javier Tebas, presidente da LaLiga, tinha confirmado a 8 de outubro que o Villarreal-Barcelona, correspondente à 17.ª jornada, seria o primeiro jogo do campeonato a ser disputado fora do território nacional, o que suscitou críticas por ir contra o princípio da igualdade de condições entre os participantes.

O argentino Leandro Cabrera, um dos capitães do Espanhol, falou de forma clara após o triunfo (0-2) da sua equipa no campo do Oviedo na sexta-feira, o primeiro em que se registou o protesto e a censura televisiva.

"A única coisa que queríamos mostrar era uma pausa e que estamos em desacordo. Devem ter filmado uns pássaros no telhado, não sei o que terão feito, mas sinceramente não percebo", disse na zona mista.

"A primeira coisa é que não faz sentido e a segunda é que, se tudo é tão transparente e honesto, porque é que não se reúnem e falam? Respeito e transparência é o que se vai pedir durante todo o fim de semana desta jornada", acrescentou.

Ainda que a AFE tenha anunciado na sexta-feira que "mantinha à margem" do protesto os jogadores do Barcelona e do Villarreal, as duas equipas participaram no protesto nos seus jogos deste sábado, frente ao Girona e ao Betis.

"Adultera a competição"

O médio neerlandês do Barcelona Frenkie De Jong referiu-se ao assunto dias antes, durante o estágio da sua seleção.

"Não gosto que tenhamos de jogar lá e não concordo com isto. Não é justo para a competição. Não acho que seja bom para os jogadores; estamos sempre a queixar-nos do calendário de jogos e do excesso de viagens", disse De Jong sobre uma deslocação de avião de mais de 8.000 quilómetros.

Do lado oposto, o treinador do Real Madrid, Xabi Alonso, sublinhou este sábado em conferência de imprensa que o jogo de Miami "adultera a competição".

"Não houve unanimidade nem consulta para que se jogasse em campo neutro. Os protestos são positivos e esse sentimento é positivo. Acreditamos que pode acontecer, se houver unanimidade, mas não é o caso", acrescentou um dia antes de jogar contra o Getafe.

A UEFA aceitou a realização deste jogo, assim como de outro da Serie A italiana no início de fevereiro na Austrália, "a contragosto" e de "forma excecional", referiu num comunicado publicado a 6 de outubro.

O seu presidente, Aleksander Ceferin, explicou numa entrevista que tem uma margem de manobra limitada desde que a FIFA reviu as suas regras sobre jogos no estrangeiro em maio.