1.580 sócios representativos reuniram-se por ocasião da Assembleia Geral de Sócios do Real Madrid 2023. A maior parte deles fizeram-no online e os restantes presencialmente. Além de se informarem sobre a atual situação financeira do clube e outros aspetos estruturais relevantes, os participantes estavam ansiosos por ouvir o discurso do presidente, que não desiludiu.
Antes de passar à ação, Florentino Pérez prestou homenagem a Amancio Amaro e a outros adeptos madridistas falecidos este ano, e não esqueceu também o jornalista Pepe Domingo Castaño. O antigo presidente honorário foi substituído na assembleia anual por outra lenda branca, José Martínez Sánchez "Pirri".
Uma vez terminados os vídeos com os diferentes momentos do último ano na Casa Blanca, o dirigente tomou a palavra.
"O Bernabéu é uma das obras mais complexas que se estão a construir na Europa. A transformação do Bernabéu vai significar um antes e um depois para o Real Madrid. Fizemo-lo no meio de muitas dificuldades, como uma pandemia e a guerra na Ucrânia, que atrasaram os prazos", começou por dizer Florentino Pérez, destacando a última grande obra da sua presidência.

O presidente dos merengues sublinhou ainda que foi construído um plantel para dar alegrias à sua nova casa durante muitos anos.
"Temos um plantel que é o produto de anos de planeamento. A mistura de experiência e juventude dá-nos o entusiasmo e a esperança de alcançar o sucesso. Por isso, trouxemos Bellingham, que, com apenas 20 anos, já é um dos melhores jogadores do mundo. Está destinado a marcar uma era e a tornar-se uma lenda do Real Madrid", afirmou.
Contra a UEFA
Depois de ter passado em revista as virtudes do clube a que preside, de ter recordado figuras como Karim Benzema e de ter dado ânimo a jogadores lesionados como Courtois e Militão, Florentino Pérez atacou os atuais inimigos do Real Madrid.
"O futebol está a sofrer uma crise institucional sem precedentes. A situação é muito grave. Ou reagimos agora ou o futebol não sobreviverá. O principal problema é que há dirigentes que atuam sem pensar nos adeptos. O futebol europeu não pertence ao presidente da UEFA e o futebol espanhol não pertence ao presidente da LaLiga. A Superliga é mais necessária do que nunca", afirmou.
"Cada vez mais clubes estão a perder milhões todos os anos, independentemente do dinheiro que os seus proprietários têm. E eu exijo mais regras de Fair Play Financeiro, que alguns clubes violam sem consequências. Esta situação não é estável, não pode ser", acrescentou.
Pérez está muito preocupado com a perda de jovens adeptos e considera que a UEFA só está a agir em seu próprio benefício.
"O novo formato da UEFA é um projeto absurdo. Este modelo vai afastar ainda mais os adeptos do nosso desporto, especialmente os mais jovens. Este novo formato é mais adequado aos equilíbrios de poder, de que depende a sua remuneração", afirmou.

Arbitragem
Se há uma coisa pela qual o Real Madrid tem sido conhecido nos últimos tempos, é pelo confronto direto com a comunidade de árbitros espanhóis.
"Em Espanha, a situação é mais preocupante em assuntos tão delicados como a arbitragem. Ninguém sabe muito bem quem traça as linhas do VAR, porque é que não se vê a imagem completa do fora de jogo. Espero que o governo atue para regenerar as estruturas do sistema de arbitragem. A credibilidade das nossas competições deteriorou-se muito", disse Florentino Pérez.
O presidente do Real Madrid também não esqueceu a guerra com Javier Tebas, presidente da LaLiga.
"Ele abusou da sua autoridade e afastou-nos, demonstrando que nem todos os clubes são tratados da mesma forma. Em suma, conseguimos que o presidente da CVC recuasse naquela assembleia e fê-lo publicamente. Queriam expropriar os bens pessoais do Real Madrid da LaLiga", afirmou.
"O que é evidente é que a LaLiga está a tentar expropriar-nos sem o nosso consentimento. Eles pensam realmente que se nos tirarem o património não os afetam pessoalmente, porque pensam que os madridistas só defendem valores e Taças dos Campeões Europeus, mas não é assim. Temos um património que construímos desde 1902 e temos a coragem de o defender", acrescentou Florentino Pérez.
Caso Negreira
Desde que se soube que o Barcelona efetuou pagamentos ao ex-vice-presidente do CTA, o Real Madrid manteve uma posição muito discreta quando solicitado a pronunciar-se. Neste caso, não foi diferente.
"Temos de respeitar os tempos da justiça. Não é normal que um clube de futebol tenha pago 8 milhões durante 20 anos ao vice-presidente do Comité. Fomos admitidos como parte lesada. Trata-se de um caso muito grave e que está a prejudicar a imagem do futebol espanhol. Não é correto tentar justificar algo tão grave tentando atacar as partes lesadas", afirmou o presidente dos merengues.