Guerra? Qual guerra? O turista Marc-André ter Stegen deixou que as más notícias vindas de Barcelona lhe passassem ao lado como uma bola traiçoeira. O guarda-redes da seleção alemã publicou no Instagram uma fotografia tirada na sua casa de praia na Grécia; outra imagem mostra o seu adorado café com leite e a legenda: "Mais alguma coisa de que eu deva sentir falta?" Bem, talvez ainda uma conversa franca com Hansi Flick.
Até o selecionador alemão Julian Nagelsmann exigiu recentemente que esse encontro acontecesse. Desde quarta-feira, com a transferência do guarda-redes Joan García do Espanhol para o Barcelona de ter Stegen, essa conversa tornou-se mais urgente do que nunca: García (24 anos), é um segredo mal guardado em Espanha, está destinado a ser o novo número 1 do Barça – e ter Stegen está a um ano do Mundial sentado no banco.
O mais tardar no dia 13 de Julho, quando se apresentar para o início da pré-época, Flick deverá pôr os pontos nos i's com ele. A contratação de García, profetiza o jornal catalão Sport, "implica a saída" de ter Stegen. O Barça, cronicamente aflito de dinheiro, quer tirar o capitão da folha salarial para libertar verbas para reforços como Joan García ou Nico Williams, também cobiçado pelo Bayern.
Ter Stegen torna-se um problema político
A situação deste jogador de destaque está a mobilizar até a oposição em Barcelona. "O nosso capitão não está a ser tratado com o devido respeito pelo clube", criticou o candidato à presidência Victor Font. "Acho grave que ele saiba de tudo apenas pela imprensa. O que estão a fazer é praticamente assédio moral".
Ter Stegen pôde ler na imprensa local que a sua camisola com o número 1 será entregue a García, ou que, atrás do novo reforço, de Wojciech Szczęsny e de dois jovens talentos, ele será apenas o número 5. Segundo o Mundo Deportivo, já está decidido que ter Stegen não jogará um único minuto durante a pré-época.
Mas o antigo jogador do Borussia Mönchengladbach, no clube desde 2014, mostra-se imperturbável. "Sei que estarei em Barcelona no próximo ano", disse recentemente no estágio da seleção, sublinhando: "Estou muito entusiasmado com a nova época, porque temos uma equipa fantástica – jovem, dinâmica e com fome de vencer".
O exemplo de Frenkie de Jong mostra que até jogadores que o Barça tentou afastar conseguiram afirmar-se. Além disso, não está claro se e quando Joan García poderá ser utilizado. "Uma coisa é contratá-lo", disse o presidente da LaLiga, Javier Tebas, "outra é inscrevê-lo como elegível para jogar". Para isso, o Barça tem de ultrapassar o duro obstáculo do fair play financeiro da liga.
Interesse do Galatasaray
Por outro lado, ter Stegen dificilmente poderá arriscar um jogo de poker com o Mundial à vista. Devido ao seu contrato válido até 2028, pode "encarar a situação com alguma tranquilidade", disse Nagelsmann, mas acredita que a situação "o preocupa, e isso é humano".
Uma saída poderá ser o alegado forte interesse do Galatasaray, onde também Leroy Sané espera mostrar serviço com vista ao Mundial. Por agora, ter Stegen recusa. "Enquanto eu continuar a render", disse, "estarei sempre bem protegido".