Ponta-de-lança pressionante por excelência, o jogador que chegou ao Benfica com 12 anos é um goleador moderno. Gonçalo Ramos faz parte de uma geração de avançados que tem tudo para ser bem sucedida, com grande capacidade física e atlética, excelentes aptidões mentais e uma técnica e finalização acima da média.
Por isso, o internacional português é mais adequado a equipas de transição como o Benfica. No entanto, a equipa treinada por Roger Schmidt mostrou recentemente que gosta de ter a bola, e isso não impediu Ramos de marcar 27 golos e fazer 12 assistências em 47 jogos em todas as competições em 2022/23. Um bom presságio para Luis Enrique e os parisienses?
Titular no Toulouse?
"Acho que sou um jogador que lê bem o jogo. Dou tudo o que tenho em cada momento do campo e posso marcar golos, mas não é tudo. Adapto-me bem à forma como os meus companheiros jogam e sei manter-me no jogo para dar o meu melhor", disse o português ao assinar pelo PSG. E foi o que aconteceu contra o Lorient na primeira rodada da temporada. Pouco presente na área, Gonçalo Ramos tentou fazer mais jogadas e mais combinações.
No entanto, quando se vê o estilo de jogo que Luis Enrique defendeu e pôs em prática no último sábado, percebe-se que o número nove do PSG provavelmente terá dificuldade em se integrar totalmente. Durante as únicas transições que os parisienses fizeram, Ramos não foi particularmente perigoso - especialmente porque o PSG desperdiçou essas oportunidades. Com quatro tentativas de remate, das quais apenas uma foi ao alvo e bem defendida por Yvon Mvogo, o internacional português não pressionou suficientemente a defesa do Lorient.
Só tocou em 41 bolas, mas, a acreditar nas estatísticas, criou perigo (0,39 xG sozinho). No fim de contas, criticar Gonçalo Ramos depois de um jogo em que não teve impacto é a coisa mais fácil de fazer. E é uma crítica que os adeptos vão entender ao fim de apenas um jogo, e não só...
Mas, dadas as qualidades do jogador, dá vontade de acreditar. Questionado sobre se gostava de trabalhar com o seu novo treinador, Gonçalo Ramos respondeu na zona mista, no sábado:"Muito! Gosto muito de trabalhar com o treinador". É claro que o politicamente correto está na ordem do dia, mas Luis Enrique pode muito bem ser o treinador que o vai levar para a frente. Além disso, o facto de começar no primeiro jogoé um bom indicador do trabalho que fez até agora.
Gonçalo Ramos terá agora tempo para provar o seu valor. Pode ser capaz de deixar a sua marca na área, apesar de se sentir mais à vontade numa equipa que pratica um futebol mais direto e com total profundidade. A sua técnica e as suas faculdades mentais deverão permitir-lhe progredir na área, a partir de lances de bola parada. Bom cabeceador, poderá ter um impacto sobretudo nos cantos.
Tanto mais que as próximas semanas poderão ser marcadas por uma série de novidades. Dependendo de Kylian Mbappé, o papel de Gonçalo Ramos deve mudar. Com a reintegração do capitão dos Bleus há alguns dias, é provável que o português seja ajudado contra o Toulouse neste fim-de-semana. Para além do facto de ainda não sabermos exatamente como será o sistema com Mbappé, Ramos estará inevitavelmente sob menos pressão. Não é dele que se espera o golo.
Estes factores mudam tudo. Mas, aconteça o que acontecer, no Estádio, este sábado à noite, às 20:00, terá muito tempo para provar que o seu lugar é no Paris Saint-Germain.