Celebrou a defesa como se fosse um golo, exultante ao ponto de os companheiros terem de o acalmar. Contra o Toulouse, Anthony Lopes compensou uma má defesa aos pés de Gabriel Suazo ao desviar a grande penalidade de Thijs Dallinga. Incentivado pelos Bad Gones, dos quais fazia parte antes de se tornar profissional, o guarda-redes franco-português afundou os Violets, que desperdiçaram a oportunidade de reduzir a desvantagem pouco antes do intervalo.

Ainda a avançar

No final, não foi assim tão surpreendente ver o guarda-redes de volta à ação. Tal como Alexandre Lacazette, é impossível questionar o seu amor pela camisola, especialmente numa altura como esta. Apesar de já não ter um desempenho tão bom como há algumas temporadas, o português continua a ser um dos melhores da Ligue 1 na sua posição, apesar das suas saídas arriscadas e do seu temperamento entusiasta. Contra o Nantes, vai fazer a 470.ª partida em todas as competições com o seu clube de sempre.

"Um guarda-redes do Lyon nunca sofre", resumiu em entrevista ao site oficial da Ligue 1 na temporada passada.

Contra o Monaco, apesar de Jeffinho ter colocado o ASM em vantagem num contra-ataque tardio, Lopes foi um dos principais responsáveis pelo inesperado sucesso do Lyon. Sereno e decisivo, ele repeliu todas as tentativas de oposição de Folarin Balogun e Maghnes Akliouche.

Líder pela voz e pelo exemplo, Lopes é uma personagem que os adeptos adversários adoram odiar. Mas quantos gostariam de ter jogadores deste calibre nas suas equipas?

"Espero ser uma das pessoas que encarnam os valores do clube quando se pensa no Olympique Lyonnais e no plantel", afirma. "Sei que é muito complicado manter-se em alto nível no mesmo clube. Tenho a sorte de poder fazer isso e, acima de tudo, de poder jogar pelo clube da cidade onde cresci. Sou uma pessoa muito leal e estou num clube que adoro".

Atingido no rosto no início da temporada, perdeu os três primeiros jogos e o seu regresso foi um pesadelo: uma derrota no Estádio Groupama contra o PSG (4-1), a 3.ª em 4 jogos. Excelente contra o Brest, apesar de outra derrota por 1-0, Anthony Lopes teve os seus altos e baixos e acabou por ser crucial para as duas vitórias consecutivas dos Les Gones, frente ao Toulouse e ao Monaco.

O ano terminou em alta, com Pierre Sage a substituir Fabio Grosso, mesmo que a sobrevivência ainda esteja longe. Após a derrota por 2-1 para o Clermont, partida em que atuou lesionado, o guarda-redes pediu aos companheiros que "olhassem para frente, o que fizemos no passado já passou. Só fizemos coisas muito más, e agora temos de seguir em frente todos juntos. Ninguém nos vai ajudar a levantar a cabeça, a não ser os nossos adeptos".

Numa situação que não se via há mais de 30 anos, o Lyon parece agora estar a viver uma fase de recuperação enquanto os rivais estagnam. A importância de um símbolo como Anthony Lopes contribuiu necessariamente para o facto de os Les Gones não terem desistido mentalmente. Contra o Nantes, vão procurar uma 3.ª vitória consecutiva para passar o período festivo acima da linha de água. Para isso, será necessário um grande desempenho defensivo, ou até mesmo uma quinta partida sem sofrer golos esta temporada.