O encontro com Lannoy, funcionário da FFF, que foi adiado pelo menos uma vez na semana passada, surge no meio de uma luta de influências entre a FFF, responsável pela arbitragem, e a Ligue de Football Professionnel (LFP), que gostaria de ter uma palavra a dizer sobre a arbitragem dos jogos que organiza na Ligue 1 e na Ligue 2.

Esta crise de governação veio à tona no final do ano passado, deixando os árbitros da primeira divisão à mercê da tempestade. Desde que foi revelada, não houve um único fim de semana numa liga profissional que tenha escapado a uma polémica de arbitragem.

Durante a 24.ª jornada da Ligue 1, no passado fim de semana, Jean-Pierre Caillot, presidente do Reims, criticou duramente Jérémy Stinat, afirmando que o árbitro do Reims-Lille tinha "saído do seu jogo" depois de alegadamente ter recebido pressões do seu homólogo do Lille, Olivier Létang.

Verdade ou não, este episódio é o último de uma longa série em que o árbitro acaba sempre no centro da polémica. Como é que isto chegou a este ponto?

Em novembro de 2022, os clubes profissionais conseguiram que Pascal Garibian, o então Diretor Técnico da Arbitragem, fosse afastado do seu cargo por, entre outras coisas, o considerarem demasiado repressivo.

Agitação

Sob a sua autoridade, os árbitros da Ligue 1 e da Ligue 2 distribuíam, pelo menos, o dobro dos cartões vermelhos do que nas outras grandes ligas europeias.

Para dar resposta às queixas do setor profissional, o presidente da FFF, Philippe Diallo, nomeou o grupo "Arbitragem" para o seu comité executivo, encarregado de receber as candidaturas para o seu sucessor.

O grupo, que incluía o vice-presidente da 3F, Jean-Michel Aulas, e Laura Georges, secretária-geral da FFF, recebeu quatro candidatos, entre os quais Antony Gautier, que acabou por ser escolhido, e Stéphane Lannoy, o "candidato" da Liga, que foi posteriormente nomeado delegado para o setor profissional sob a autoridade de Gautier.

Pascal Garibian era o único responsável pela arbitragem francesa. A nova direção técnica, sob a égide de Gautier, foi dividida em três delegações: o setor profissional para Lannoy, o futebol feminino para Stéphanie Frappart e o futebol amador para Alain Sars, com uma forte ênfase na formação dos árbitros e na sua ajuda para atingirem o mais alto nível.

Este novo equilíbrio pareceu funcionar durante um ano, até novembro de 2023, altura em que Willy Delajod, encarregado pelo grupo de árbitros da Ligue 1, escreveu a Antony Gautier e a Eric Borghini, o responsável federal pela arbitragem, pedindo expressamente aos dois dirigentes que participassem na sua próxima ação de formação para os informar de um mal-estar.

O episódio Létang

Os diretores de arbitragem criticaram Lannoy, o seu superior direto, pela falta de conteúdo nas formações que frequentam de três em três semanas, bem como por uma linha técnica, nomeadamente sobre o VAR, demasiado vaga ou flutuante e, por fim, por ser demasiado próximo dos presidentes dos clubes, o que foi revelado em plena luz do dia por um episódio relatado no jornal L'Équipe.

A meio de um jogo, Lannoy terá concordado com Olivier Létang, que se queixava de um erro de arbitragem em Montpellier, onde o Lille jogava (0-0), e numa mensagem de texto repreendeu as suas próprias tropas em vez de as defender.

Um episódio que veio à tona na imprensa também trouxe para a discussão as relações tensas entre Gautier, o chefe dos árbitros, e Lannoy, que estava a disputar o seu lugar.

Na sequência da sua entrevista com a Federação, a sanção de Lannoy, um provável despedimento, deverá ser conhecida nos próximos dias.

Caso se confirme, é provável que a época, numa altura em que faltam apenas dez jogos para o fim da Ligue 1, termine sem que ele seja substituído, ficando Gautier com o duplo cargo de chefe da DTA e delegado para o setor profissional.

O grupo de arbitragem da Federação Francesa terá de trabalhar arduamente para encontrar um sucessor para a próxima época. Um antigo árbitro finalmente utilizou o apito.