Governar é planear com antecedência, e a forma como John Textor tratou o caso Laurent Blanc é desconcertante. Cinco dias depois de ter comunicado ao campeão do mundo que já não era treinador dos Gones, o proprietário do Lyon ainda não encontrou um substituto. No domingo à noite, Jean-François Vulliez, adjunto do treinador demitido, Sonny Anderson e Jérémie Bréchet, treinador dos sub-19, estarão no banco para a receção ao Le Havre.

Gattuso, de leão a gatinho

Certamente teremos que esperar alguns dias para a nomeação do novo técnico, e tudo indica que será Gennaro Gattuso. O carismático médio-defensivo vem de uma passagem pouco impressionante pelo Valencia. Contratado pelos che graças aos bons ofícios de Jorge Mendes, "Rino" durou apenas meia temporada. No dia seguinte a uma derrota com o Valladolid , aos 89 minutos do segundo tempo, o campeão mundial de 2006 foi embora, esgotado e sem solução. Como muitos antes dele, pensou que poderia abrir o livro de cheques de Peter Lim, o que claramente não foi o caso. Para além da falta de reforços no verão e no inverno, o 4-3-3 era ineficaz (tentou também o 4-2-3-1, o 5-3-2 e o 4-4-2) e nunca conseguiu reanimar mentalmente os Murciélagos.

E, no entanto, na noite da 18ª jornada, o Valência tinha 20 pontos e um jogo a menos. É certo que estava a apenas três pontos da zona de despromoção, mas o clube estava em busca de garantir a permanência na La Liga. No entanto, uma série de três jogos cruciais contra clubes que eram agora rivais (Cádiz, Almeria e Valladolid) rendeu apenas um ponto, prova da falta de resiliência na hora de enfrentar os confrontos que podem virar uma temporada de cabeça para baixo.

"Míster, és um leão ou um gatinho meigo?", perguntou-lhe um jornalista quando foi apresentado. A resposta foi: "O que é que acha? Não se esqueça disso e, daqui a um mês ou dois, vamos tomar um café e discutir se sou um gatinho ou um leão". No final, estávamos mais perto de uam casa de Spa do que de um safari na Tanzânia. Ao fim de 7 meses, Gattuso desistiu, exausto, esgotado, a antítese do jogador que foi em tempos, apesar de não haver perigo em casa e de a meia-final da Supertaça de Espanha contra o Real Madrid, alguns dias antes, ter terminado nos penáltis, após um jogo corajoso.

Tendo em conta a situação de OL, será ele o homem certo para o cargo? É verdade que foi capaz de jogar bem no AC Milan e no Nápoles durante alguns meses, mas nunca deu provas a longo prazo e a pressão parece não lhe agradar. Agora, o treinador vai ter pela frente um clube que perdeu dois jogadores importantes este verão (Castello Lukeba e Bradley Barcola), que marca poucos golos e que defende de forma desordenada. Paul Akouokou chegou do Bétis nas últimas horas do mercado para reforçar o meio-campo, mas era apenas um jogador de rotação para os Verdiblancos. Em suma, teremos de esperar até janeiro para reforçar o ataque, sobretudo porque Alexandre Lacazette está sozinho na frente. Mas será que Gattuso tem tempo para esperar?

Um novo clube para Mendes?

A chegada do transalpino significa também a chegada de Mendes. Já envolvido na transferência de Barcola para o PSG, o super-agente português entrou em cena e, uma vez com o pé na porta, é impossível voltar a fechá-la. Não é o homem que leva o mar, é o mar que leva o homem: Textor colocou-se numa situação em que poderia ficar dependente de Mendes. Todos aqueles que pensavam que podiam limitar a influência do português foram ultrapassados. A urgência da situação, aliada às restrições impostas pelo DNCG à massa salarial, favorecem esta situação, e é seguro que a janela de transferências de inverno confirmará esta tendência. Talvez não seja suficiente para se tornar o Wolverhampton ou o Valência, mas é mais do que suficiente para sofrer algumas injunções.

Após apenas alguns meses à frente do Lyon, Textor está a navegar às cegas. Não previu as dificuldades económicas, o mercado ou o fim do mandato de Blanc, que deveria ter sido confirmado ou demitido no final da época passada. A incompatibilidade tornou-se rapidamente evidente e o agora ex-treinador fez uma série de comentários ácidos nos primeiros 4 jogos.

Oito meses depois de ter jogado a toalha, será que Gattuso está à altura do desafio? Se a sua experiência mais recente servir de referência, há sérias dúvidas.