Em vésperas do arranque da fase de todas as decisões, o Flashscore ouviu oito treinadores que vão lutar pela subida de divisão. Seguimos com João Pereira, treinador do Alverca, que terminou no terceiro lugar da Série B.
"Demos uma resposta muito positiva"
- Como foi o trajeto do Alverca até chegar ao play-off de acesso à Liga 2?
- Balanço positivo. Um caminho feito de altos e baixos e penso que a nossa reta final reflete o crescimento da equipa. Durante o mês de janeiro utilizamos muito uma analogia: tínhamos quatro voltas numa pista de Fórmula 1 e acabamos por vencer as últimas três voltas. É verdade que tivemos um pequeno furo na primeira, mas conseguimos ganhar vantagem aos nossos adversários nas últimas três voltas e ficar a um ponto do primeiro lugar. Dadas as circunstâncias, umas que controlamos e outras não, penso que demos uma resposta muito positiva.
- Qual o momento que acaba por definir este desfecho para o Alverca?
- Acaba por ser o mês de janeiro, depois do jogo contra o Atlético (3-1). Do ponto de vista da gestão desportiva tivemos de tomar algumas decisões, com o objetivo claro de deixar esta equipa mais forte, e tivemos de fazer algumas mexidas. Com esforço e ajuda da direção, que passou sempre confiança à equipa técnica e plantel, assumimos a ideia de ir para a guerra com quem estava de corpo e alma e de quem melhor representava os valores do Alverca. Existiu essa transformação de um grupo que estava um pouco sem alma e sem verdade. Mérito para os meus jogadores, pois uma equipa não existe se eles não quiserem.
"Nunca senti desconfiança das pessoas que me contrataram"
- Segue-se a fase de subida. O que espera?
- Não muda muito. A única coisa que muda é a de que podemos ter mais competência da parte dos adversários. Acabamos por seguir para uma maratona de 14 jogos e vou passar as minhas sensações aos meus jogadores, de que temos de desfrutar de cada jogo e que cada jogo será uma oportunidade para crescer, sempre com o objetivo claro de subir de divisão.
- Muda algo em termos de preparação e de mensagem?
- Tudo igual. A mensagem já tinha sido muito clara desde o início da época. O objetivo é a subida de divisão e foi para isso que me contrataram. Até ao final desta primeira fase existiu total confiança do nosso presidente, o Dr. Ricardo Vicintin, e do nosso diretor geral Matheus Ornelas. Existiram momentos em que poderiam haver dúvidas por parte da direção, como acontece muito em Portugal, mas em momento algum existiram dúvidas no Alverca. Houve altos e baixos, é verdade, e sabemos como é: há nomes a rondar e dispostos a entrar neste contexto, porque o Alverca é um nome bastante aliciante na Liga 3, mas em momento algum senti desconfiança da parte das pessoas que me contrataram. Muito pelo contrário, senti confiança total.
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- Garantirmos a presença nesta fase também é uma vitória do nosso presidente e a mensagem é a de manter o que temos feito até à data, porque desde o primeiro dia foi transmitida a nossa intencionalidade. Viemos para subir de divisão e para trabalhar diariamente para que isso aconteça. Agora, nesta fase, o que pode mudar é estarmos mais atentos aos pequenos detalhes. Temos de manter a consistência que tivemos nos últimos três jogos, com uma ideia de jogo bastante ofensiva e um registo constante de manter a nossa baliza a zero. Queremos que os nossos adversários nos respeitem.
- Entre os oito participantes, podemos incluir o Alverca no lote de candidatos ou favoritos?
- Coloco o Alverca como candidato, como todas as outras equipas. Só iremos poder demonstrar que somos efetivamente favoritos durante o próprio jogo, mantendo uma premissa muito básica: mentalidade muito forte, como demonstramos nos últimos três jogos.
- Este é o segundo ano do João a disputar a fase de subida. Que análise faz à Liga 3?
- Penso que é uma competição mais exigente do que a Liga 2. No ano passado fizemos 48 pontos no Amora e acabamos por ter a fase final numa dinâmica de seis jogos, agora temos 14 jogos em que teremos estádios permanentemente cheios, com equipas equilibradas, jogadores que já passaram em primeiras e segundas divisões e treinadores competentes. Esta é uma competição que prepara jovens jogadores e treinadores para ambicionarem outros patamares no futuro.
"Só existe um Alverca"
- Que mensagem quer transmitir aos adeptos do Alverca?
- Os adeptos são muito importantes. Só existe um Alverca, não existe clube e SAD. Existe o Alverca, com a equipa A a disputar a fase final da Liga 3 e uma equipa B que está a fazer também um excelente trabalho no Campeonato de Portugal. Modéstia à parte, isso também acontece porque há uma equipa técnica que olha para baixo e tenta ajudar a equipa B, como no ano passado fazia no Amora. Estamos muito satisfeitos também por a esta data termos assegurado a manutenção com um orçamento quatro/cinco vezes menor do que o da época passada, tendo inclusive feito mais um ponto.