Cinquenta e seis dias. O tempo durante o qual nos foi roubada a possibilidade de ver Francisca Nazareth em ação nos relvados portugueses. A jovem avançada do Benfica esteve a contas com uma entorse no tornozelo esquerdo e o tempo de recuperação atingiu quase os dois meses. Uma eternidade.

Kika Nazareth é há muito tempo muito mais do que uma jogadora de futebol. Desde que apareceu na equipa principal do Benfica, aos 16 anos, cedo se percebeu que estávamos perante um talento raro. Um diamente em bruto a ser lapidado e que, caso o rumo da sua carreira seguisse o caminho natural e por muitos apontado, ia ser uma referência a nível nacional... e internacional. Uma inspiração para as gerações futuras. Um 'role model', como se diz lá fora. Dentro e fora de campo.

Hoje, aos 21 anos, a internacional portuguesa continua, felizmente para o adepto português, pelo campeonato nacional. Mas há muito que o seu talento é além-fronteiras. E aquilo a que assistimos no último fim de semana, no jogo que celebrou o seu regresso aos relvados, após os tais cinquenta e seis dias de ausência, é, naturalmente, esplêndido em toda a linha, mas não é assim tão surpreendente. Porque foi feito por Kika.

Aquilo que se espera da 10 do Benfica (e que bem lhe fica este número!) é este tipo de coisas fora da caixa. Esperamos ver um simples remate de pé esquerdo, pé direito ou cabeça, mas também um túnel a uma adversária, uma finta desconcertamente ou até mesmo um imprevisível remate de escorpião.

O Momento Flash desta semana retrata essa obra-prima de Kika. Aos 44 minutos do encontro do Benfica contra o Clube Albergaria (0-6), em pleno Estádio Muncipal António Augusto Martins Pereira, perante mais de mil adeptos - recorde de assistência para o clube da casa -, eis que um cruzamento de Lúcia ALves, que fora isolada por Andreia Norton, resultou num quadro perfeito de Kika Nazareth, que não precisa de muitas palavras.

Pois o que ela joga não se escreve. Aprecia-se.

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