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Se há um herói na Costa do Marfim, é ele. No dia 11 de fevereiro, Sébastien Haller deu aos Elefantes o seu terceiro título da Taça das Nações Africanas. A dez minutos da final do jogo com a Nigéria, respondeu na perfeição ao cruzamento de Simon Adingra e deu a vitória a um país inteiro depois de um torneio exaustivo em que a sua seleção poderia ter sido eliminada mil vezes.
Um título que significa muito para o marfinense. É verdade que Haller já havia acumulado troféus em clubes, principalmente como bicampeão neerlandês, mas um triunfo como este, em casa, depois de um torneio inesquecível em que desempenhou o papel de salvador e conquistou um primeiro título internacional, é certamente algo que o deveria ter relançado para o que faltava da temporada.
Depois da sua estadia nos Países Baixos, chegou ao Borussia Dortmund no verão de 2022 por 31 milhões de euros, num negócio que parecia ter tudo para resultar. O Dortmund é a plataforma perfeita para a ascensão de um jogador assim e o preço, aos dias de hoje, era razoável para um jogador que marcou 45 golos em duas épocas nos Países Baixos, mas a vida decidiu de outra forma.
A descoberta de um cancro nos testículos, pouco depois da sua chegada, mudou tudo. Perdeu meia época, durante a qual felizmente ultrapassou a doença, antes de regressar a uma equipa já bem estabelecida. Beneficiou do trabalho de Eden Terzic para o reintegrar da melhor forma, parecia estar a ganhar protagonismo, marcando cinco golos em três jogos para colocar a sua equipa na rota do título, mas estagnou como os outros no pior momento possível, a última jornada da Bundesliga.

O cenário nessa última partida, em que o Dortmund estava no comando do seu próprio destino, era claramente favorável. A equipa de Terzic sofreu o primeiro golo, mas o VAR veio em socorro do Borussia e assinalou uma grande penalidade que os poderia ter colocado de novo na rota do título. No entanto, Haller não conseguiu converter e, cinco minutos depois, o Mainz dobrou a vantagem, forçando o Dortmund a correr atrás do marcador, entregando o tútulo ao Bayern.
No final da época, Jude Bellingham saiu para o Real Madrid e o avançado-centro viu Niclas Füllkrug, internacional alemão e claro rival para a posição, chegar à equipa. Até ao momento, o antigo jogador do Werder Bremen vai superando o costa-marfinense e é o melhor marcador da equipa na Bundesliga, com 10 golos. Em termos puramente estatísticos, no entanto, a realidade é cruel para Sébastien Haller, que ainda não marcou nenhum golo na Bundesliga.

O esquema 4-2-3-1 do Borussia é quase ideia única para Edin Terzic. Nessa estratégia, só há uma opção para o atacante marfinense: a posição de avançado. E, como referimos, o seu rival está um - ou mesmo vários - passos à frente. Por isso, Haller desempenhou outro papel, ora fazendo parte da rotação, ora saindo do banco. Justamente quando esta luta a dois podia viver uma reviravolta, animada pela conquista da CAN, uma lesão no tornozelo acabou com as esperanças do avançado africano.
Há dois jogos, porém, Haller voltou e confirmou que era o homem com quem se podia contar ao fazer a assistência para o golo de Julian Ryerson na inesperada vitória no Klassiker. Mas, como saiu do banco para os 15 minutos finais, isso só deu credibilidade ao papel que ele certamente desempenhará pelo resto da temporada: o de joker.
No papel, isso até pode ser benéfico para o Dortmund. Um avançado que já provou ser capaz de marcar golos, uma arma letal no banco de suplentes na sua tentativa de chegar aos quartos de final da Liga dos Campeões, algo por que esperam desde... a final de 2013. Com o título da Bundesliga obviamente fora de questão nesta temporada, e a derrota de sábado em casa para o Estugarda a comprometer as hipóteses de terminar entre os quatro primeiros, a Liga dos Campeões pode tornar-se o grande objetivo no final da temporada dos alemães, à semelhança do que acontece, por exemplo, com o rival Bayern Munique.
Mas e quanto a Sébastien Haller? É pouco provável que esteja entre os titulares neste duplo confronto com o Atlético de Madrid, uma equipa que só conseguiu dois jogos sem sofrer golos em oito na Liga dos Campeões esta época. Por isso, há espaço para um golo, e um golo na principal competição europeia é exatamente o que o costa-marfinense precisa para voltar ao bom caminho. O avançado terá a sua oportunidade esta noite e na próxima semana, e tudo o que tem a fazer é aproveitá-la. Se não o fizer, pode ser hora de questionar o futuro do avançado, porque aos 29 anos terá de deixar a sua marca de uma vez por todas.