Recorde as principais incidências da partida
Intensidade e velocidade, foram estes os prefixos da eliminatória entre Atlético Madrid e Dortmund. No primeiro round entre as duas equipas, intensidade não faltou, já a velocidade alemã ficou guardada para o Signal Iduna Park, onde a equipa germância está obrigada a marcar pelo menos dois golos para seguir em frente na eliminatória.

Afastado das contas do título e longe do pódio, o Atlético tem duas missões para a atual temporada, segurar o quarto lugar na LaLiga e ir o mais longe possível na Liga dos Campeões.
O apuramento na eliminatória anterior, frente ao finalista vencido da edição passada, foi uma prova de força dos colchoneros, que superaram todas as adversidades para dar novamente sinais de uma equipa forte no mata-mata. Só que, ao contrário de outras versões do Atlético, esta é uma equipa mais capaz no momento ofensivo. Não é por acaso que só o Manchester City tem mais golos marcados na atual edição da prova.
Na antevisão, Terzic alertou para a intensidade espanhola, mas faltou muito trabalho de casa a um Dortmund completamente amassado na primeira parte, cujo primeiro ataque verdadeiramente relevante aconteceu apenas aos 30 minutos da partida e resultou num mero pontapé de canto.

Pressionantes, lá está, os jogadores do Atlético ameaçaram por Griezmann e marcaram logo aos 4 minutos, por Rodrigo de Paul. A forma como os colchoneros chegaram ao golo - pressão alta e roubo de bola após mau passe de Maatsen - foi um exemplo daquilo que Terzic falava. O argentino bateu Kobel e deixou o Atlético em vantagem, o que, diga-se, nunca são boas notícias para os adversários.
Foi meia hora de masterclass Simeone. O Atlético manteve a pressão, apesar do golo precoce, e não deixou de incomodar um Dortmund completamente à deriva.
Os alemães sentiram enormes dificuldades para chegar a zonas de ataque e para construir no setor mais recuado. Witsel, Llorente, Samuel Lino, Griezmann, Molina e Morata, seis jogadores colchoneros e seis lances de perigo junto à baliza de Kobel, que via, incapaz, a forma como os seus colegas de equipa davam tiros nos pés.
Perante tanta insistência, foi até depois do primeiro remate dos alemães - cabeceamento de Nmecha por cima - que o Atlético chegou ao 2-0, num lance que começou num lançamento de linha lateral quase no meio-campo. A inércia alemã voltou a ser o ponto fraco da equipa amarela, novamente aproveitado pelo conjunto espanhol, desta vez com o ex-Gil Vicente Samuel Lino a finalizar com classe a assistência de Griezmann (32 minutos).
Claro que até o mais intenso dos guerreiros precisa de fazer pausas esporádicas. Incapaz de manter o ritmo, o Atlético acabou sem o controlo dos últimos cinco minutos da primeira parte e foi aí que Maatsen fez, finalmente, o primeiro remate à baliza de Oblak, que segurou a vantagem colchonera com relativa facilidade.
Haller = esperança
Foi um dos temas do lançamento da eliminatória. Depois de ser herói da Costa do Marfim na CAN, esperava-se que Haller tivesse semelhante impacto quando regressasse a Dortmund, mas os problemas físicos fizeram com que o ex-Ajax continuasse na sombra de Fullkrug.
Desde o banco, viu o Atlético controlar a partida ao estilo habitual de Simeone - à procura de um contra-ataque ou um lance de bola parada que praticamente colocasse um ponto final na eliminatória.

O técnico argentino quase foi feliz, não fosse a grande intervenção de Kobel a negar o golo a Samuel Lino, precisamente na sequência de um livre indireto cobrado de forma artística por Griezmann.
O guarda-redes suíço segurou a sua equipa (já Hummels, depois de brilhar com o Bayern há poucas semanas, teve um jogo para esquecer), mas o herói foi, como começa a ser tradição... Haller.
O avançado da Costa do Marfim, que superou um cancro nos testículos após a mudança para a Alemanha, apareceu no sítio certo para aproveitar uma excelente jogada do conjunto alemão e um ressalto em Molina para deixar tudo em aberto para o Signal Iduna Park (81 minutos).
Jamie Bynoe-Gittens e Julian Brandt quase deixaram mesmo tudo igualado para a segunda mão, só que o remate do 43 bateu em cheio na trave de Oblak, que, para lá dos descontos, também evitou o 2-2 vindo da cabeça de Brandt. Um bocadinho de sorte também é clássico Simeone.
