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México quer realizar amigáveis com seleções europeias antes do Mundial

México quer jogar particulares contra equipas europeias antes do Mundial
México quer jogar particulares contra equipas europeias antes do MundialFREDERIC J. BROWN / AFP
Com um calendário apertado e poucas opções disponíveis, Javier Aguirre pretende manter uma abordagem que privilegia o desporto em detrimento de qualquer negócio milionário, para que os seus jogadores tenham a melhor preparação possível antes do Mundial que será disputado em casa.

O selecionador da equipa nacional mexicana, Javier Aguirre, fez um pedido claro aos dirigentes responsáveis por El Tri: jogar contra os melhores clubes do mundo e deixar de lado a opção por seleções ou equipas de segunda linha.

O treinador, que ficou satisfeito com os resultados da digressão pela América do Sul em janeiro - na qual o México defrontou o Internacional de Porto Alegre e o River Plate -, quer manter a prioridade na vertente competitiva, acima de todas as outras considerações.

"Todas as derrotas doem, são importantes. Era isso que eu queria, precisamente isso: um ambiente hostil, onde (os mexicanos) não se sentissem confortáveis. Valeu a pena a digressão. Tirar conclusões é positivo para o futuro. O objetivo da viagem foi alcançado", afirmou Aguirre após o jogo frente ao River Plate no Estádio Monumental de Nuñez, a 22 de janeiro.

Nesse dia, o River Plate - que leva os jogos amigáveis tão a sério quanto os oficiais - jogou com paixão diante de mais de 80 mil adeptos que encheram o Monumental para assistir ao regresso de várias contratações sonantes e, sobretudo, de Marcelo Gallardo, o treinador mais marcante da história do clube.

Em desvantagem no marcador e inferior no ataque, a seleção mexicana - composta maioritariamente por jovens jogadores - perdeu por 2-0 frente ao El Millonario, apesar de o resultado ter ficado aquém da superioridade demonstrada pelos argentinos. No entanto, após o apito final e apesar da derrota, Aguirre manteve-se sereno.

"Estou a tirar boas notas para poder tirar conclusões. É mais fácil para mim dizer que me levem aos Estados Unidos e me dêem um adversário acessível. Mas são estes jogos, em que se perde e se ganha, que realmente nos preparam", disse o treinador mexicano.

Com nível de Liga dos Campeões

Depois da experiência e do desempenho da sua equipa, o experiente treinador subiu a fasquia. Aguirre fez questão de estabelecer como condição que os últimos adversários antes do Campeonato do Mundo sejam clubes - mas não quaisquer clubes.

A mensagem foi clara: Real Madrid, Barcelona, Inter, Milan ou qualquer outro clube histórico habituado ao ritmo e exigência da Liga dos Campeões. E, embora o calendário torne provável que estas equipas não alinhem com os seus principais jogadores, Aguirre acredita que o simples facto de enfrentar este tipo de adversário permitirá aos mexicanos assimilar um ritmo e uma hierarquia a que não estão habituados.

Caso as negociações corram bem, os encontros desejados por Aguirre serão realizados em solo europeu, dando ainda mais contexto e exigência aos seus jogadores, numa tentativa de, mesmo que ligeiramente, os tirar da eterna zona de conforto a que estão habituados.

Até à data, o México já realizou nove jogos amigáveis contra clubes, cinco dos quais em solo europeu. O primeiro foi em 1990, frente ao Real Madrid, com vitória mexicana por 2-0. O histórico mostra quatro vitórias, dois empates e três derrotas para a seleção mexicana.

Como se isso não fosse suficiente, Aguirre está também a desafiar a paciência dos diretores mais gananciosos, ao propor que a última jornada da fase de grupos do campeonato doméstico antes do Mundial seja disputada sem os jogadores convocados para o torneio, de forma a mantê-los focados e preparados o máximo de tempo possível.