Sérgio Conceição: "Tive a possibilidade de sair num ano crítico, a cláusula era paga ao FC Porto"

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Sérgio Conceição: "Tive a possibilidade de sair num ano crítico, a cláusula era paga ao FC Porto"

Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, no treino desta segunda-feira
Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, no treino desta segunda-feiraAFP
Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, fez esta segunda-feira a conferência de imprensa de antevisão ao jogo com o Antuérpia, da 4.ª jornada do Grupo H da Liga dos Campeões, marcado para amanhã, às 20:00, no Estádio do Dragão. A derrota com o Estoril, último classificado, e as declarações no final da partida foram, obviamente, tema dominante nas perguntas ao técnico dos dragões.

Como vê regresso da Liga dos Campeões ao Dragão? "Vejo bem. É um jogo da Liga dos Campeões e acho que somos um dos três clubes com mais presenças na melhor competição de clubes no mundo. Olho com agrado, mas para nós a importância dos jogos é sempre a mesma. Em relação ao jogo em Antuérpia... Serve de referência, como os outros três jogos deles. Amanhã será um jogo diferente do que tivemos lá. Vão acontecer momentos de jogo semelhantes. Cabe a nós levar o jogo para onde nós queremos."

Falta de eficácia com o Estoril: "Em relação à eficácia, que se trata de meter golos na baliza, em relação a isso tive um episódio na Académica em que estava difícil. Até acho que o Vítor Bruno já tocou nisso numa palestra aos treinadores da formação. Treinos fantásticos nos exercícios com bola... Nos jogos não acontecia isso. Os jogadores tremiam um bocadinho, escondiam-se... Achei que nos treinos fazia algo de errado. Então fiz o contrário. Durante dois ou três dias levei as bolas para o treino, mas não tocavam nela. Faziam os exercícios sem bola. Ganhámos 3-1 ou 4-1 nesse fim de semana. Quando queremos de meter velocidade no treino, metemos balizas. 70% dos exercícios tem baliza e finalização. Se calhar tenho de fazer o contrário. Deram-me uma excelente ideia. Olhamos para Antuérpia: primeira parte tivemos duas ou três ocasiões de golo não marcámos, na segunda marcámos nas quatro que tivemos e podíamos ter feito mais um ou outro golo. Dando outro exemplo. O SC Braga, que luta por títulos, fez zero golos na primeira parte e na segunda parte, contra o Portimonense, fez seis. São os mesmos jogadores. Há que trabalhar, há que perceber que estamos a concretizar pouco e esse é o primeiro passo. Os golos vão aparecer. E as vitórias mais tranquilas, também."

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Críticas aos departamentos do FC Porto: "Sou exigente comigo primeiro e depois com os outros departamentos. Falei dos lesionados porque foi aquilo que naquele momento me veio à cabeça, em relação à nossa situação. Mas não era em relação ao doutor Nélson Puga, ou a quem dirige o departamento de análise e observação, ou à comunicação... Essa exigência existe aqui todos os dias. Tornei-a pública e isso é como falar dos jogadores. Eu sei que há coisas que têm de ser ditas no balneário, mas às vezes por estratégia e liderança, acho que o devo fazer publicamente. Mas isso sou eu e assumo essa responsabilidade. Não me venham cá é com redes sociais, a dizer que o departamento médico é que os mete a treinar e a jogar. Ando aqui há muitos anos e não preciso disso. A maior prova é que tive a possibilidade de sair e não saí num ano crítico. A cláusula era paga ao FC Porto, mas tenho um grande respeito ao presidente e à instituição. É por isso que estou aqui".

Mudança de chip para a Liga dos Campeões: "Ainda não descobri onde está esse chip, que chip é esse. Vocês perguntam sempre sobre esse chip. Não estou a falar dos tempos das vacas gordas, mas estou aqui há sete anos. Trabalhamos de tal forma, com essa tal exigência, rigor e disciplina... E não estou a falar de mim, agora dou toda a moral a todos os departamentos. Trabalhamos para ganhar títulos. Este é o meu sétimo ano aqui e trabalha-se sempre da mesma forma. Houve um jogo em que devíamos ter sido mais competentes, houve erros que cometemos, mas os jogos em que ganhámos na Liga dos Campeões houve coisas a retificar. Faz parte da vida dos treinadores e dos jogadores. Não há chip para mudar, esse chip está metido a partir do momento em que assinamos contrato com este clube, temos que dar ao pedal. Seja contra o V. Guimarães, Antuérpia ou Vilar de Perdizes".

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Treino hoje foi com ou sem bola? "O treino foi com bola. Iniciámos sem bola e depois metemos bola, muita bola. E também finalização."

Este jogo pode ser importante para a próxima jornada, com V. Guimarães, quando há dérbi lisboeta? "Não estou a pensar no jogo contra o V. Guimarães, nenhum treinador prepara dois jogos ao mesmo tempo, depois não estamos nem num nem noutro. O jogo de amanhã é extremamente importante para nós, para ficarmos mais perto do nosso objetivo, passar aos 'oitavos' da Champions. Temos noção, mas não preocupação. Eu meto cá para fora muito do que sinto. As minhas expressões, a minha cara demonstra bem o que sinto. Os jogadores conhecem-me muitíssimo bem, e se eu demonstrasse preocupação ou receio... Respeito pelo V. Guimarães, que está três pontos atrás de nós. Houve situações em que tive receio quando era mais jovem, quando quase perdi pessoas que amava e amo muito. Mas enquanto jogador de futebol... Se houver receio ou medo de alguma coisa... Não faz parte".

FC Porto adapta-se melhor a adversários de Champions do que aos da Liga? "Já respondeu... É um bocadinho por aí. Tem a ver com os adversários, com esse posicionamento, com a forma como se organizam defensivamente. Tem a ver com isso, é verdade. Normalmente defende-se de forma mais fácil e pode-se ser mais desorganizado quando há menos espaço. Quando uma equipa se expõe da mesma maneira que nós fazemos, é normal haver mais espaço para explorar. A forma como atacamos, também atacamos consoante o que analisamos, de acordo com as nossas caraterísticas e definindo a estratégia, pelos corredores centrais, laterais, mais em cruzamentos, roturas. E depois, claro, tendo em conta onde defendem os adversários. Na Liga dos Campeões se calhar encontramos o espaço que no campeonato não encontramos."

Marcas da derrota com o Estoril: "Andei dois dias com a cabeça baixa a olhar para o símbolo, porque temos de olhar para o símbolo e perceber que clube representamos. Não só quem lidera, mas também todos os sócios, adeptos e simpatizantes. Olhar para o que não fizemos. São jogos que deixam mossa, a mim deixam-me mossa, sem dormir, com dificuldade em ficar bem disposto. Também não é difícil, mas deixam-me pior ainda. E transmito isso ao grupo. Mas lá está, são situações que vivemos no balneário e que vão atenuando com o passar das horas e com a preparação para o próximo jogo. Mas custa, não sabemos qual é o jogo decisivo para se perder o campeonato, que é o nosso principal objetivo. Jogando bem, muitíssimo bem, menos bem ou mal, não podemos perder pontos desta forma. Mas isso já é passado. Sem dúvida, temos de olhar para o jogo como um exemplo para sermos mais fortes nos próximos."

Há alguma angústia em relação à falta de soluções no plantel? "Já falei do plantel. Os treinadores querem ter os melhores jogadores do mundo, são eles que ganham jogos. Nós ajudamos no trajeto, mas eles é que vão lá para dentro e decidem. Eu já falei das vacas gordas, meias-gordas e magras, não precisamos de recuar muitos anos para olharmos para as diferentes equipas e jogadores que fomos perdendo. A capacidade financeira do nosso campeonato não permite guardar os melhores jogadores, temos de nos reinventar ano após ano. O futuro dos clubes é a formação e tem de haver esse trabalho. Se defendo os meus jogadores e é com estes que vamos ganhar? Sem dúvida absolutamente nenhuma. Chateio-me porque acho que podemos dar sempre mais. Se me perguntar se gostaria de ter mais 3, 4, 5 ou 6 jogadores que estão nas melhores equipas da Europa? Claro, tal como gostariam outros treinadores. Mas isso para a nossa realidade é completamente impossível. Falei dos diferentes departamentos, não de um departamento. Não preciso de testemunhas, estou a dizer que a minha exigência aqui é diária com os departamentos que interferem diretamente com o futebol. Depois toda a gente diz 'este rapaz é um aldrabão'. A minha exigência é grande e às vezes passa o limite da minha azia, mas já falei disso. Tratadores de relva, cozinheiros, nutricionistas... Quando vejo algo que não está bem ou quando reparo que estamos a desligar um bocadinho, estou cá para isso. Sei que durmo pouco, tomo muita atenção às coisas. A todas elas."

Zaidu recuperado? "A convocatória vai sair agora, mas o Zaidu está disponível. Os outros lesionados não. Depois do jogo com o Vitória vamos ter a paragem e aí sim, poderemos recuperar mais jogadores."

Esta época já houve 20 lesões no FC Porto: "Vocês sabem a situação do Marcano, por exemplo. Muitas vezes acontecem estas coisas na vida dos atletas. Podemos todos fazer melhor, a começar no nosso fisiologista, por exemplo. Todos devemos melhorar. Essa é a tal exigência. Aqui não há um problema direto com ninguém. Quando há uma lesão todos assumimos, quem mete o jogador a jogar sou eu. O invisível não controlamos. Há aqui situações que não são culpa do departamento médico, do jogador ou do treinador. São lesões absolutamente normais num jogador de futebol:"