Alguém tinha de ceder e foi Mourinho: Sevilha vence a Liga Europa nos penáltis

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Alguém tinha de ceder e foi Mourinho: Sevilha vence a Liga Europa nos penáltis
Atualizado
A festa foi do Sevilha em Budapeste
A festa foi do Sevilha em BudapesteOpta by Stats Perform, AFP
Num duelo de especialistas, a Roma acabou por sucumbir perante um Sevilha que cada vez mais faz jus ao epíteto de senhor Liga Europa. Dybala foi titular e colocou a Roma em vantagem, um autogolo de Mancini levou a partida para um prolongamento tenso que nada alterou. Nos penáltis foi como recuar até dezembro 2022, no Catar. Bono foi decisivo, Montiel desferiu o remate da vitória e vão sete para o Sevilha.

Mind Games

A ficha de jogo divulgada pela UEFA pouco mais de uma hora antes do pontapé inicial trouxe o primeiro passo do estratega José Mourinho. Na véspera disse na conferência de imprensa que Paulo Dybala estaria apto a fazer entre 20 a 30 minutos e o avançado argentino, talvez o nome maior da equipa, apareceu como titular.

No lado do Sevilha, Alex Telles, antigo jogador do FC Porto, foi o escolhido para render Marcos Acuña no lado esquerda da defesa. O argentino, que passou pelo Sporting, foi expulso diante da Juventus e não estava nas opções.

As notas dos jogadores
As notas dos jogadoresFlashscore

O habitat natural

Se é verdade que o Sevilha é, talvez, o clube mais habituado a finais da Liga Europa (esteve em seis e venceu todas), Mendilibar encontrava-se naquele que é o jogo mais importante da carreira, até ao momento, diante de um dos treinadores mais experientes do futebol europeu: José Mourinho (cinco finais, cinco vitórias, quatro delas sem sofrer golos).

E o treinador da Roma conseguiu levar o jogo para onde queria. Uma partida física, com os centrais italianos a imporem-se a um Sevilha de processo simples que tentava chegar à área através dos cruzamentos para alimentar a capacidade aérea de En-Nesyri. Tudo isto enquanto o conjunto giallorrossi ia controlando a partida e procurando saídas rápidas para o ataque.

É assim que chega ao golo. Mourinho não tinha prometido mais do 30 minutos de Dybala, o avançado argentino marcou aos… 35. Rakitic ficou a reclamar uma falta, desligou-se do lance e Mancini repetiu a faceta do ano passado e voltou a assistir numa final europeia, desta feita para La Joya colocar a Roma mais perto da festa.

Recorde as principais incidências da partida

Um autogolo para história

Em desvantagem, o Sevilha mudou a atitude competitiva, partiu para cima do adversário, tentou pressionar a Roma e o que é certo é que ficou perto do golo ainda antes do intervalo, quando Rakitic, de pé esquerdo, disparou de fora da área e acertou no poste, com Rui Patrício a ser bafejado pela sorte, quando a bola lhe tocou nas costas, mas fugiu da linha de baliza.

Sevilha apostou pelas faixas
Sevilha apostou pelas faixasOpta by Stats Perform

Estava dado o mote para o que viria a acontecer. Desde 21 de maio de 2003 que Mourinho não sofria um golo numa final europeia. Henrik Larsson, então no Celtic, era o primeiro e único jogador a conseguir esse feito. Tudo mudou aos 55 minutos.

Mais pressionante e a apostar noa saídas pelas faixas, o Sevilha encontrou o caminho do golo. Jesús Navas cruzou da direita e Mancini viu a bola tocar-lhe e encaminhar-se para o fundo das redes. 20 anos depois, Mourinho voltava a sofrer e por intermédio de uma traição.

Quedas, mãos e tensão

A pressão do Sevilha não podia continuar para sempre e depois de Abraham ter visto Bono negar-lhe o golo com uma grande defesa na pequena área (na sequência de um livre de Pellegrini), o conjunto espanhol percebeu que estava na altura de também controlar.

A partida regressou à toada da primeira parte, com os nervos a crescer. Prova disso foram os dois penáltis assinalados, um para cada lado, que geraram exasperação e muitas críticas em cada um dos bancos.

Primeiro foi Ocampos que caiu após contacto com Ibañez, Anthony Taylor apontou de imediato para a marca de penálti. Contudo, convidado a ver as imagens, optou por reverter a decisão. Minutos depois, Matic cruzou da esquerda e Fernando viu a bola embater-lhe no braço. O árbitro inglês considerou que era posição natural e não marcou penálti.

Até final, Belotti ficou perto do golo, Suso também teve nos pés uma boa oportunidade, mas os guarda-redes em ambos os lados agigantaram-se. A partida ia para prolongamento, sendo que é a terceira final da Liga Europa consecutiva que não fica resolvida nos 90 minutos.

Mais importante que ganhar é não perder

O prolongamento trouxe o calculismo normal de duas equipas que estavam cientes da importância de um erro nesta fase e que começavam a acusar o desgaste físico. O Sevilha ia procurando ter posses de bola mais longas, sem grandes arrancadas, e sem apostar nos cruzamentos que tanto efeito surtiram no primeiro tempo, a Roma procurava segurar o ímpeto andaluz, e tentar sair, mas Belotti raramente conseguia segurar a bola perante a pressão de Badé.

O remate de Gudelj, na segunda parte, foi o momento em que a bola andou mais perto dabaliza italiana, mas mesmo aí, Rui Patrício não teve de fazer nenhuma estirada. Do outro lado, Smalling cabeceou à trave aos 120+6 minutos, na melhor oportunidade de todo o prolongamento.

Os números da partida
Os números da partidaFlashscore

Alguém tinha de ceder

Tudo se ia resumir ao desempate por penáltis. Sorte e azar na teoria de uns, muito treino para outros. O vencedor da Liga Europa ia ser decidido com os pontapés da marca de grandes penalidades onde existia uma certeza: ou o Sevilha ia perder a primeira final da Liga Europa da história, ou Mourinho sairia derrotado da primeira decisão continental da carreira.

No desempate por penáltis, Bono já se tinha mostrado decisivo (sobretudo por Marrocos, no Campeonato do Mundo) e voltou a mostrar essa faceta. Defendeu o remate de Mancini, que atirou com força para o meio, e tocou de raspão no tiro de Ibañez. Num momento em que pareceu recuar até dezembro de 2022, Montiel voltou a ter papel decisivo. Marcou o penálti que garantiu a conquista do Mundial por parte da Argentina e aqui bateu a grande penalidade que decidiu o título do Sevilha, isto depois de ter visto Rui Patrício defender uma primeira tentativa (ilegal de acordo com o VAR).

Alguém tinha de ceder e foi Mourinho, perante um Sevilha que cada vez mais faz da Liga Europa a sua competição. São agora sete títulos para o emblema andaluz. No futebol, um desporto coletivo, a força de um clube provou ser maior que a de um homem só.

Homem do jogo Flashscore: Bono (Sevilha)