Qarabag: O Barcelona do Cáucaso que emergiu de um conflito em atividade

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Qarabag: O Barcelona do Cáucaso que emergiu de um conflito em atividade

Qarabag festeja um golo em Braga
Qarabag festeja um golo em BragaQarabag FK
Esta quinta-feira, o SC Braga vai realizar a maior viagem das competições europeus esta temporada. São mais de quatro mil quilómetros que separam a cidade minhota da capital do Azerbaijão, numa viagem que os arsenalistas vão procurar reverter a vantagem de dois golos (2-4) perante um clube que quer continuar a fazer história na Europa.

O Qarabag começa a não ser um total desconhecido do futebol português. O embate com o SC Braga, no play-off da Liga Europa, é o segundo duelo com representantes lusos, sendo que em 2018 perderam os dois encontros com o Sporting (0-2 e 1-6) na fase de grupos da mesma competição.

Atual dominador do campeonato azeri (desde 2013 só falhou o título numa época, em 2020/21), o Qarabag é talvez o maior representante do país num sucesso alcançado depois de ter sido obrigado a fugir de uma zona em guerra. O nome e o símbolo (dois cavalos de Karabahk) são pistas para uma história de sucesso num dos conflitos mais antigos do continente europeu.

Qarabag deriva de Karabakh, uma região que é disputada por Azerbaijão e Arménia desde 1988, altura em que se desenvolveu a primeira guerra de Navorno-Karabakh e cujo último desenvolvimento aconteceu em 2023 (com um cessar-fogo negociado pela Rússia depois de os azeris terem lançado uma ofensiva militar).

Os dois cavalos no símbolo do Qarabag
Os dois cavalos no símbolo do QarabagQarabag FK

Inicialmente parte da União Soviética, a região nos últimos 100 anos passou por várias mãos e etnicamente apresenta uma grande diversidade. Após a revolução soviética passou para a República Federativa Democrática Transcaucasiana, sendo que depois se dividiu em estados da Arménia, Azerbaijão e Geórgia. Foi invadida pelo Império Otomano, esteve em mãos britânicas após a Primeira Guerra Mundial e, desde 1920, aceitou passar para a jurisdição azeri e consequentemente soviética (o que deu início a um movimento separatista arménio que fez eclodir a guerra em 1988).

É precisamente um ano antes do início da primeira guerra do Nagorno-Karabakh que nasce, em Aghdam, o Qarabag. O clube assumiu a estrutura do Mehsul, fundado em 1951 enquanto o país era uma república soviética e que venceu quatro campeonatos) e foi rebatizado em 1988 com o atual nome depois de também ter sido conhecido como Shafaq (1977 a 1982) e Sociedade Cooperativa (1982 a 1987).

Qarabag disputa os jogos caseiros na Azersun Arena
Qarabag disputa os jogos caseiros na Azersun ArenaQarabag FK

Em 1993, dá-se a saída de Agdam. Com a cidade tomada pelas forças separatistas arménias, o Qarabag mudou-se para Baku, a capital do país, e viu o treinador Allhaverdi Baghirov morrer no conflito. Só regressariam à região em 2023, quando disputaram um jogo da Taça, contra o MOIK Baku em Khankendi.

Pese embora as dificuldades, conquistou a dobradinha nesse ano. Entre 1998 e 2001 o clube sofreu uma forte crise financeira, isto apesar de estar a ser bem sucedido na Europa, tornando-se na primeira equipa do país a vencer um jogo continental fora de casa, graças ao bis de Mushfig Huseynov diante do Maccabi Haifa, na Intertoto.

Guran Gurbanov, o atual treinador do Qarabag
Guran Gurbanov, o atual treinador do QarabagQarabag FK

2001 marca a viragem. A entrada em cena da Azersun Holding como principal patrocinadora da equipa permitiu à equipa resolver a situação financeira. O sucesso desportivo chegou sete anos depois com a chegada de Gurban Gurbanov como treinador, uma lenda no país. O clube virou a política de contratações para a aposta no talento local (nove atletas foram utilizados na qualificação para o Euro-2024), passou a praticar um futebol atrativo (que valeu o epíteto de Barcelona do Cáucaso) e iniciou um domínio sem precedentes no futebol azeri, que se estendeu à Europa.

Pese embora terem sido o segundo clube azeri a participar na fase de grupos da Liga Europa (depois do Neftçi), são o primeiro a vencer um jogo nesta ronda (1-0 ao Dnipro). Conseguiram também o impensável em 2017 quando se qualificaram para a Liga dos Campeões, ficando no último lugar de um grupo com Chelsea, Atlético Madrid e Roma, amealhando dois pontos.

Esta quinta-feira vão procurar confirmar a surpresa em Braga e transformar-se na primeira equipa do Azerbaijão a seguir para os oitavos de final da Liga Europa. Um feito de monta para um clube obrigado a reconstruir-se longe de casa.

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