Até alguns dias atrás, Billy Costacurta não tinha certeza se Daniele De Rossi poderia ser chamado de treinador. No entanto, os adeptos romanos dificilmente poderiam imaginar que a transição pós-Mourinho pudesse ser tão agradável.
E sim, porque o antigo capitão demorou muito pouco tempo a juntar as peças de uma equipa à beira de um ataque de nervos, que já não conseguia acompanhar os ritmos polémicos da época e queria começar a concentrar-se apenas no campo.
Ferryman para quem?
E foi exatamente isso que aconteceu com a irrupção de De Rossi em Trigoria. Assim, após apenas sete jogos do campeonato e dois da Liga Europa, praticamente ninguém usa o termo "barqueiro" para descrever a sua situação atual.
De facto, há uma diferença substancial entre um treinador que tem contrato até 30 de junho e um que se limita a levar a equipa, aconteça o que acontecer, até 30 de junho. E De Rossi já não pertence - se é que alguma vez pertenceu - a esta segunda categoria.
Isto não quer dizer que Daniele já tenha conquistado a confiança da família Friedkin para a próxima época. No entanto, além do mérito de ter apaziguado a ira da Curva Sul contra a direção, deve significar algo - e algo de bom - o facto de os Giallorossi só terem sido obrigados, desde a sua chegada, a ceder os três pontos ao Inter de Simone Inzaghi.
O jogo bonito
Além dos 18 pontos em 21 na Serie A, há também a qualificação para os oitavos de final da Liga Europa, conseguida nos playoffs contra o Feyenoord. Mas se há uma coisa que lhe permitiu ganhar a estima daqueles que, como Costacurta, o consideravam um ex-jogador com bons contactos na sociedade, é, sem dúvida, o jogo bonito imaginado no quadro negro que a sua equipa aspira a declinar em campo jogo após jogo.
E é precisamente esta predileção pelo belo que o une ao seu rival de amanhã à noite, na primeira mão dos oitavos de final da Liga Europa: o treinador Roberto De Zerbi. Embora o Brighton chegue ao Olímpico num dos piores momentos da sua época, o treinador de Brescia é já considerado um dos melhores técnicos do velho continente.
"A garantia de entretenimento quando as equipas de De Zerbi jogam está assegurada", sublinhou o treinador da Roma na véspera do jogo.
"Vamos ver o que acontece quando ele se encontrar com o meu. É a primeira vez, temos muitas ideias em comum. Gosto de muito do que ele propôs nos últimos anos, tento não me afastar muito das suas ideias, que são também as de muitos que o precederam, mesmo que ele tenha sido bom a dar o seu próprio toque e a torná-las reconhecíveis. Dito isto, não sei se um jogo espetacular com muitos golos é uma vantagem", acrescentou De Rossi.
Futuro a ser decidido
Afinal de contas, se alguém como Pep Guardiola o nomeia como seu herdeiro natural, é porque algo está bem feito. Não é por acaso que, para evitar que o Manchester City antecipe as suas futuras jogadas, o Barcelona já está de olho em De Zerbi com vista à próxima época.
E sim, porque outro aspeto que DDR e RDZ, o melhor dos jovens italianos no banco, partilham é que, por razões diferentes, nenhum deles tem ainda a certeza de onde irá treinar na próxima época. De Zerbi tem muitas opções, De Rossi, por outro lado, não teria dúvidas, mas não é ele que decide. Ainda não.