Terça, sexta, segunda, quinta, sábado, terça, quinta, sábado, terça, quinta, sábado, terça, quinta, sábado. É este o calendário de jogos do clube de futebol mais movimentado das Ilhas neste momento. Se apenas contámos 11 dias de jogos, não nos enganemos. A direção do clube tem de encaixar mais um jogo adiado num calendário quase impenetrável.
"Olhando para o calendário, sinto-me um pouco desanimado. Não faço ideia como é que isto pode ser gerido. Considerando a saúde dos jogadores, parece-me ridículo", disse o treinador Paul Wotton à BBC. Mas ele também acrescenta que prolongar a competição não é uma opção.
Como é que o clube do litoral chegou a esta situação? A culpa é do asilo de Plymouth, onde o proverbial clima inglês não tem sido bom para o futebol.
O estádio está a ser renovado em Truro, pelo que o clube teve de partilhar o campo com o Plymouth Parkway. Mas este foi um problema quase insolúvel. As condições de chuva tornaram muitas vezes impossível jogar semanalmente no relvado e o Truro, após vários adiamentos, teve de procurar um novo asilo.
A 90 quilómetros de distância, Plymouth trocou o clube por Taunton, que fica a mais 100 quilómetros. Mesmo aí, não teve sorte. Os Tigres Brancos não disputaram um único jogo no estádio da equipa com a qual lutam contra a despromoção da National League South.
O Truro disputou os seus três últimos jogos no asilo de relva artificial de Glouchester, mas, ao fazê-lo, perdeu definitivamente a vantagem de jogar em casa. As duas cidades ficam a mais de 350 quilómetros de distância.
Os futebolistas do sudoeste de Inglaterra encontram-se numa situação paradoxal. Atualmente, estão mais longe da sua terra natal do que a maioria dos seus adversários. "Vamos a um jogo em casa e temos uma viagem mais longa do que a outra equipa. É terrível, mas não há nada que possamos fazer", lamentou o técnico Wotton.
A sua equipa tem agora um desafio difícil pela frente. O conjunto está a dois pontos da zona de despromoção e sabe que não contará com o apoio dos adeptos nesta temporada. Por outro lado, o clube tem quatro jogos a menos do que os rivais mais próximos. Portanto, a manutenção é mais do que possível.

"Não é fácil dizê-lo, mas não podemos ter outro objetivo que não seja a salvação nesta situação. Nãoteria medo de dizer que seria um grande feito para nós, dadas as complicações que tivemos esta época", admitiu o antigo futebolista, que também jogou na segunda divisão inglesa com a camisola do Southampton e do Plymouth.
Um jogo difícil para os jogadores do Truro começa na terça-feira à noite contra o Dartford. O sucesso será visto o mais tardar no dia 20 de abril, quando está marcado o último jogo do campeonato.