Reveja aqui as principais incidências da partida
A meio do play-off da Liga Europa com o Toulouse, Roger Schmidt fez algo pouco habitual e fez seis alterações na equipa, algumas bastantes significativas. 16 meses depois, Aursnes voltou a começar um jogo no banco de suplentes (Rafa Silva é agora o único titular), António Silva, Di María e Arthur Cabral também caíram de um onze onde apareceram nomes como Tomás Araújo, Tiago Gouveia, David Neres ou o regressado Tengstedt que não somava minutos há dois meses. Nota também para a oitava dupla de médios do Benfica esta época, com João Mário a alinhar ao lado de João Neves.
No Vizela, Rúben de La Barrera já sabia que não podia contar com Samu e Petrov, ambos a cumprir suspensão e optou por lançar Diogo Nascimento e Awudu, nas únicas duas mudanças em relação à equipa que venceu no terreno do Gil Vicente.

A pressa de descansar
O duelo entre os dois únicos treinadores estrangeiros da primeira divisão em Portugal era também um duelo de contraste entre estilos e escolas. Roger Schmidt, alemão, tentava aplicar um gegenpress e uma equipa virada para uma pressão constante e ataque, enquanto Rúben de la Barrera, espanhol, tenta implementar um estilo de jogo apoiado.
Pese embora a situação complicada do Vizela na tabela (penúltimo classificado), a equipa minhota não abdicou da identidade no estádio da Luz. E se, de facto, não se pode criticar o treinador por essa opção, também se tem de apontar que o começo da queda vizelense começou exatamente na pouca segurança com bola.

A procurar sempre sair a jogar (quanto mais não fosse para, depois de atrair a pressão, esticar em Essende), o Vizela sentiu manifestas dificuldades, nomeadamente com Jota Gonçalves e Ruberto, para contornar a pressão encarnada. E é assim que o Benfica chega ao golo aos 16 minutos, quando o guarda-redes italiano foi pressionado e afastou mal a bola, o Benfica recuperou e Tengstedt assistiu Neres.
Herói em Barcelos, onde chorou de alegria ao receber o prémio de melhor em campo, Ruberto voltou a chorar na Luz, mas desta vez de dor. Aos 23 minutos, o guarda-redes queixou-se de dor abdominais e saiu de maca, dando lugar a Buntic.
O croata, habitual titular do Vizela, não podia ter tido uma entrada pior. Sofreu golo na jogada imediatamente a seguir, quando Neres recebeu um canto curto e cruzou da esquerda para o segundo poste onde Otamendi se antecipou a toda a gente.
Foi o início de uma autêntica avalanche ofensiva do Benfica. Aproveitando a desorganização do Vizela, os encarnados ultrapassavam a pressão e encontravam espaço para Rafa Silva conduzir nas costas dos médio e provocar o caos com a velocidade.

Aso 30 minutos, o internacional português isolou Tengstedt que acertou no poste. Contudo, na recarga, Tiago Gouveia foi mais lesto e estreou-se a marcar no campeonato com a camisola principal ddas águias.
À entrada para o intervalo, nova assistência de Rafa, sendo que desta vez foi David Neres (45+1’) o recipiente do passe e autor do golo.
Depois de tanto assistir, o internacional português inscreveu o nome na lista de marcadores. Aos 45+4’ minutos surgiu nas costas da defesa vizelense e ultrapassou Buntic. Era o ponto final num primeiro tempo de pesadelo para o conjunto minhoto.
Talvez já a pensar no duelo com o Toulouse, da segunda mão do play-off de acesso à Liga Europa, o Benfica parecia ter resolvido a questão. Com pressa de descansar, a águia já podia gerir a partida e meter a cabeça em solo francês.

A displicência
No reatamento do jogo, Roger Schmidt quis dar descanso aquele que é o único jogador a ser titular em todos os jogos do Benfica esta época. Rafa deu lugar a Di María, em mais um claro sinal de gestão do técnico alemão
Mas os sinais podem ter conduzido a alguma displicência. E aos 48 minutos o Vizela surpreendeu o estádio da Luz. Um dos esteios defensivos do Benfica, Trubin não foi lesto a afastar a bola, acertou num adversário e Essende aproveitou para marcar. Tem 11 dos 20 golos vizelenses na Liga.
Talvez acordado, o Benfica respondeu aos 55 minutos, quando Tengstedt surgiu em nova saída rápida e viu Lebedenko negar-lhe o golo em cima da linha de baliza. Mas foi sol de pouca dura e os adeptos encarnados tiveram de esperar até aos 74 minutos para ver novo remate do Benfica, desta feita com Di María a testar a atenção de Buntic.
Aproveitou o Vizela para reter a bola, ganhar a confiança e tentar colocar em prática o estilo de jogo preconizado por Rúben de la Barrera. E quase foi recompensado. Aos 71 minutos, Morato derrubou Tomás Silva na área e foi assinalado penálti.
O Estádio da Luz pareceu ficar em suspenso. Pese embora a vantagem de quatro golos, um segundo tento ia animar mais a turma vizelense e estragar a tranquilidade com as águias vinham gerindo o jogo. Mas, como em tantos outros momentos desta temporada, Trubin foi decisivo. O guarda-redes ucraniano atirou-se para o lado esquerdo e defendeu o remate de Essende, com as bancadas a festejarem como se de um golo se tratasse.
O guarda-redes ucraniano viria novamente a destarcar-se aos 83 minutos, com uma outra defesa atenta a negar o golo a Essende. Um final nervoso no Estádio da Luz, com alguns assobios vindos da bancada, claramente insatisfeitos com o cair do ritmo das águias (e da qualidade de jogo) no segundo tempo.
Pazes feita aos 88 minutos, quando David Neres saiu novamente no contra-ataque, numa calvagada impressionante e assistiu Marcos Leonardo. O reforço de inverno marcou o quarto golo em seis jogos na Liga.
Objetivo cumprido. Pela primeira vez na era Schmidt, o Benfica somou a oitava vitória consecutiva e segue na liderança do campeonato com 55 pontos, mais dois que o Sporting (que tem dois jogos em campo). Já o Vizela regressou ao último lugar com 16 pontos, a um do Chaves e a cinco do Rio Ave, que está em zona de play-off.
Homem do jogo Flashscore: David Neres (Benfica)
