Quando a 11 de janeiro de 2023 o Benfica anunciou Casper Tengstedt, poucos eram os adeptos que reconheciam o nome. Então com 22 anos, o avançado chegou após meia época a brilhar no Rosenborg, da Noruega, com um registo interessante ao nível de golos (15 em 14 partidas). Contudo, definitivamente não era opção para o imediato.
Começou por partir atrás do titularíssimo Gonçalo Guedes, com Petar Musa a apanhar os minutos que o internacional português não jogava. Esta época, com a saída do goleador para o PSG não se moveu na hierarquia, já que o croata pareceu partir na frente, com Arthur Cabral, contratado à Fiorentina, cotado como outro grande candidato à vaga.

Ora, quatro meses volvidos do pontapé de saída do campeonato, Casper Tengstedt tornou-se na escolha número um de Roger Schmidt para o ataque do Benfica. Desde o decisivo golo ao Sporting, que garantiu a importante vitória no dérbi, o dinamarquês de 23 anos soma seis jogos consecutivos a ser titular, mais do que os que fez em toda a metade da última época.
Como se deu esta mudança? O Flashscore tenta trazer algumas explicações.
Um perfil diferente
Longe de ser um goleador (em sete épocas como profissional, só por duas ocasiões é que ultrapassou a barreira da dezena de golos), Casper Tengstedt conseguiu trazer algo ao Benfica que nem Petar Musa, nem Arthur Cabral deram: associar-se aos colegas.
É facto inegável que a qualidade de jogo do Benfica decresceu esta temporada e as águias sentem dificuldades em urdir jogadas quando sob pressão. Nesses momentos aproveitam-se das qualidades que Tengstedt consegue dar. O nórdico consegue muitas vezes esticar o jogo com desmarcações na profundidade, arrastar centrais e abrir corredores para os colegas entrarem.

É por isso que, analisando o raio de ação, conseguimos perceber que raramente é chamado a jogar dentro da área. Ainda no jogo de domingo contra o SC Braga apenas tocou a bola em zona perigosa em cinco ocasiões.

Muitas vezes procurou sim os flancos, arrastando consigo os centrais (ora José Fonte, ora Serdar) e permitindo muitas vezes a entrada de Rafa em velocidade pelo meio, onde pode fazer estragos.
Um padrão facilmente observado pela direção dos passes que acabou por realizar.

E prova da importância que ganhou nesta forma de jogar do Benfica (que, voltamos a frisar, não se encontra no melhor nível) é que após a saída aos 60 minutos, raramente as águias conseguiram voltar a aproximar-se com perigo da baliza de Matheus Magalhães, com Petar Musa a sentir muitas dificuldades para fazer aquilo que Tengstedt estava a fazer.

A necessidade fez a oportunidade e Tengstedt tem vindo a conquistar um espaço de vital importância que poucos adivinhariam no início da temporada.