Análise: Três questões que Roger Schmidt não conseguiu responder esta época

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Análise: Três questões que Roger Schmidt não conseguiu responder esta época
Roger Schmidt tem vindo a ser questionado
Roger Schmidt tem vindo a ser questionadoLUSA
Com contrato até 2026, Roger Schmidt é um ponto de interrogação para o Benfica. Após uma época em que conquistou o título, passou a ser muito contestado e a continuidade para a próxima época não é certa.

Abril adivinhava-se um mês decisivo para o Benfica. Não seria exagero dizer que no espaço de 16 dias o atual campeão nacional ia jogar a temporada. Primeiro com a segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal (diante do Sporting), depois com o dérbi em Alvalade (que podia colocar as águias no topo da classificação) e com uma eliminatória dos quartos de final da Liga Europa.

Ultrapassada a primeira semana, o Benfica está eliminado da Taça de Portugal (que não vence desde 2017) e a quatro pontos do primeiro lugar (que podem ser sete), com seis jornadas por disputar. Resta agora o objetivo de chegar às meias-finais da prova europeia e manter vivo o sonho continental (depois da desilusão na fase de grupos da Liga dos Campeões).

Uma imagem contrastante do que era o Benfica há uma temporada. Na pausa internacional de março, quando renovou até 2026, Roger Schmidt liderava o campeonato com 10 pontos de vantagem sobre o FC Porto e afrontava os quartos de final da Liga dos Campeões diante do Inter, com legítimas esperanças de seguir em frente. Não deixando de ser verdade que estava eliminado da Taça da Liga (pelo Moreirense) e da Taça de Portugal (pelo SC Braga).

Um ano volvido, o técnico alemão tem sido questionado e a permanência na Luz parece cada vez mais em dúvida. O Flashscore olha para as principais questões apontadas ao Benfica desta temporada e que ainda não foram respondidas.

Qual é o onze tipo?

Pensando na temporada passada, os adeptos do Benfica sabiam recitar o onze das águias de cor. Até à saída de Enzo Fernández, no último dia do mercado de transferências de inverno, o conjunto de Roger Schmidt tinha um conjunto de 11 jogadores definidos que, salvo algumas particularidades, seriam sempre titulares.

Esta época, com a saída de Gonçalo Ramos e Grimaldo, Roger Schmidt demorou algum tempo até encontrar a equipa tipo do Benfica. Aursnes tem sido utilizado como lateral, quer seja na direita ou na esquerda, conforme a necessidade, e não mais adiantado no terreno, como tão bem funcionou na época passada. Morato apareceu como lateral-esquerdo improvisado, com Álvaro Carreras, mais habituado à posição, à espreita. Kokçu, FlorentinoJoão Neves e João Mário têm rodado pelas posições de meio-campo.

Fora o centro da defesa, onde Nicolás Otamendi e António Silva estão fixos, bem como João Neve no meio-campo, Di María e Rafa no ataque e Aursnes onde for preciso, não existem jogadores de campo definidos como titulares. Parece faltar uma estabilidade que permita criar rotinas entre os vários setores.

Os jogadores mais utilizados esta época no Benfica
Os jogadores mais utilizados esta época no BenficaFlashscore

Existe também a questão tática. Um 4x3x3 podia ajudar a encaixar aquele que parece ser o melhor meio-campo em termos de estabilidade (João Neves e Florentino) com a capacidade criativa de Kokçu (que falta aos outros dois médios), mas isso significaria retirar um dos homens da frente e o técnico não parece muito predisposto a essa ideia, pese embora algumas tentativas.

Quem lidera o ataque?

A saída de Gonçalo Ramos foi uma das questões que mais parece ter afetado o Benfica esta temporada. Já depois da Supertaça, o avançado português rumou ao PSG e deixou as águias órfãs de uma das principais peças do ataque, não só na altura de marcar golos, mas também na questão de fazer pressão.

A ausência foi colmatada com a chegada de Arthur Cabral. Juntou-se a Petar Musa e Casper Tengstedt, no trio de avançados para a primeira metade da temporada. No inverno o croata saiu para os Estados Unidos e chegou Marcos Leonardo, do Santos.

Nenhum dos três parece dar garantias a Roger Schmidt, sendo que não há um titular absoluto. Neste momento poucos serão aqueles que se arriscam a dizer quem vai aparecer no onze diante do Marselha.

Arthur Cabral (um homem mais de área, com qualidades pelo ar), Casper Tengstedt (mais forte no ataque à profundidade e na forma de pressionar) e Marcos Leonardo (mais faro de golo) apresentam qualidades diferentes, mas raramente são utilizados de acordo com elas ou aproveitados consoante os momentos de forma (um dos exemplos é o avançado brasileiro que depois de fazer golos, em três jogos consecutivos, foi suplente diante do Vitória SC).

Os toques de Arthur Cabral no meio-campo ofensivo diante do Chaves
Os toques de Arthur Cabral no meio-campo ofensivo diante do ChavesOpta by Stats Perform

Como jogam os adversários?

Associado aos dois pontos anteriores surge esta questão. A imprensa nacional já deu conta do facto de não partilhar análise de vídeo com os jogadores e o que é certo é que o Benfica parece muitas vezes centrado em si próprio e conta pouco com a estratégia do adversário.

Um dos exemplos mais flagrantes foi a forma como Otamendi corta a linha de fundo a Francisco Conceição e permite ao internacional português cruzar com o pé esquerdo (o preferido) num lance que origina o golo do FC Porto, denotando uma falta de estudo pouco comum ao mais alto nível.

A isto podemos acrescentar outros exemplos, como a incapacidade de travar as incursões de Wendell pelo meio no clássico com os dragões, ou de prever o uso dos corredores por parte do Rio Ave na Luz, que até então apresentava uma das duplas de laterais mais fortes do campeonato (Fábio Ronaldo e Costinha). 

Os sinais estão lá e depois de uma temporada inteira em Portugal, o técnico alemão já tem algum conhecimento acumulado de equipas que defrontou pelo menos duas vezes.

Costinha é uma importante arma ofensiva do Rio Ave
Costinha é uma importante arma ofensiva do Rio AveOpta by Stats Perform, Rio Ave

Uma temporada aquém das expectativas não faz de Roger Schmidt um mau treinador, muito menos lhe retiram o mérito de uma das primeiras voltas mais assertivas das últimas épocas na temporada passada. Contudo, o técnico alemão parece não ter conseguido dar o passo em frente em 2023/24, ou pelo menos responder a estas questões que pairam na mentes de muitos adeptos benfiquistas e daqueles que olham para os jogos do Benfica.