Recorde aqui as incidências do encontro
Para quê mudar quando (quase) tudo está bem? Moreirense e Benfica estavam numa boa fase no campeonato, por isso nem Rui Borges, nem Roger Schmidt surpreenderam nas escolhas. Forçado a mudar no meio-campo, o técnico dos cónegos apostou em Ismael, enquanto o alemão manteve a equipa que começou por vencer o Inter na Liga dos Campeões e perdeu a vantagem na segunda parte.
Só que, como se sabe, não há jogos iguais. Se o Moreirense esperava dificuldades distintas em relação às últimas partidas, até porque o Comendador Joaquim de Almeida Freitas estava cheio e pintou-se mais de vermelho do que de verde, o Benfica talvez não estivesse à espera de um rival tão intenso. Só isso explica as dificuldades das águias nos primeiros 20 minutos.
Centímetros na linha e na baliza
Não é exagero. Só por uma questão de centímetros foi possível ao Benfica segurar o empate na etapa inicial. O Moreirense não se encolheu perante o favoritismo do adversário e fez uso das suas armas para criar perigo. André Luís, logo aos sete minutos, não marcou por uma questão de... centímetros. Chegou atrasado depois de um cruzamento rasteiro de Pedro Amador.
A equipa cónega não se ficou por aqui e mostrou que o bom arranque não se tratava exclusivamente disso mesmo, de um arranque. No espaço de dois minutos, Madson conduziu pela esquerda e rematou duas vezes: a primeira saiu ao lado, a segunda abanou com estrondo a baliza de Trubin.
Avisos mais do que suficientes para fazer acordar a equipa de Roger Schmidt, que tinha mais bola, mas ia vendo jogar. Contra a corrente, Florentino até teve tudo para fazer o golo da igualdade, só que também falhou por (vários) centímetros quando tinha tudo para marcar.
Desengane-se quem pensa que esse lance motivou a equipa encarnada para 70 minutos de intenso domínio (sim, ainda só estavam decorridos 20 minutos). É que, instantes mais tarde, André Luís deixou aquele último aviso: golo anulado pelo VAR, por 98... centímetros.
Jogo estagnado
Depois daqueles primeiros avisos, o Benfica acordou finalmente. Um despertar lento, daqueles em que o ideal é beber um café antes de falar com as outras pessoas que ocupam o mesmo espaço da casa. Pela direita, Aursnes deu alguma projeção ofensiva às águias, só que o lado esquerdo estava coxo nesse sentido. Morato não foi solução ofensiva, João Mário escondeu-se e o Benfica, independentemente do volume ofensivo, só se aproximou da baliza do Moreirense com lances de bola parada, fossem cantos ou livres diretos.
Se a primeira parte foi animada, com as duas equipas, uma mais perigosa do que a outra, a terem lances junto às balizas, a segunda foi uma autêntica sombra.
Ao escrevermos que, aos 70 minutos, ainda não tinha havido um remate à baliza por parte de qualquer uma das equipas, dizemos tudo, não é verdade? E até tinha começado de forma prometedora, com um remate de Di María, assistido por Kokçu, a sair por cima. O turco entrou ao intervalo, juntamente com Chiquinho. Florentino e João Neves ficaram no banco.
Outra vez eles
Os centímetros...
O Benfica estava longe, bem longe, de ser brilhante, mas os problemas que o Moreirense conseguiu criar nos primeiros 20 minutos da partida desapareceram por completo e com isso a equipa encarnada conseguiu jogar sempre perto da baliza de Kewin.
Depois de tanto tempo sem remates, uma única jogada a três toques - Di María, Kokçu, João Mário - acabou com golo do internacional português, que finalizou na pequena área. Os adeptos encarnados ainda festejaram alguns segundos, mas ainda não tinham visto... os centímetros. 31 centímetros a mais e empate em golos anulados (1-1) e na partida (0-0).
Aquele momento serviu como uma mensagem para os dois lados. Roger Schmidt arriscou porque viu na equipa capacidade para chegar à vitória, Rui Borges recuou porque percebeu que o Benfica começava a aproximar-se do golo. No último lance do jogo, Arthur Cabral, um dos que entrou, esteve muito perto de dar a vitória às águias, mas falhou o desvio... por centímetros.
Homem do jogo Flashscore: Aursnes (Benfica)