É sempre um exercício injusto estar de fora e apontar lacunas ao trabalho desenvolvido desde fevereiro passado, quando muitas equipas começam já a preparar o plantel da época seguinte, por equipas de profissionais cujo principal objetivo é garantir o sucesso desportivo. Certo é que após três meses de mercado de transferências alguns emblemas chegam à última semana com questões a resolver.
Por entre arestas a limar que podem melhorar os plantéis já construídos, possíveis saídas que podem afectar o plano e lacunas que ainda não foram colmatadas, o Flashscore apresenta um foco para cada equipa na última semana que tem para mexer no plantel até janeiro.
Arouca: Um líder defensivo
A saída de João Basso fez mossa no conjunto da Serra da Freita que só diante do Rio Ave é que não sofreu golos nos cinco jogos oficiais já realaizados. Galovic parece gozar de preferência com Daniel Ramos, tendo formado dupla com Opoku, Matías Rocha e Rafael Fernandes. Uma opção de maior qualidade para juntar ao croata de 31 anos podia ajudar a serenar a defesa arouquense.
Benfica: A odisseia da baliza
À entrada para esta época, Odysseas Vlachodimos parecia ser o titular indiscutível do campeão nacional. Contudo, a chegada de Trubin, uma má exibição diante do Boavista e as críticas públicas de Roger Schmidt deixaram o internacional helénico com o futuro por definir. Com contrato até 2027, mas com a relação com o treinador quebrada, a saída afigura-se como o cenário mais provável.
Boavista: Conservar os ativos
Os axadrezados tiveram uma entrada muito positiva na Liga. As vitórias diante do Benfica e a goleada frente ao Portimonense deixam o Boavista no topo da Liga e o sucesso atrai olhares mais atentos. Gaius Makouta foi uma das figuras da época passada, continua a ser importante esta temporada e com apenas mais um ano de contrato poderá deixar o Bessa durante a próxima semana.
Casa Pia: Miolo reforçado
Uma das surpresas na época passada, os gansos querem deixar de ser sensação para passar a confirmação. Se no ataque e na defesa o plantel parece bem apetrechado, no meio-campo não falta qualidade, mas sim quantidade. As saídas de nomes como Afonso Taira e Diogo Pinto deixaram apenas Beni Mukendi, Pablo Roberto, Ângelo Neto, Rafael Brito e Samuel Justo para o meio. Pouco para uma época com Taça e Taça da Liga além do campeonato.
Chaves: Criatividade a meio
As saídas de João Mendes e João Teixeira deixaram um vazio no meio-campo flaviense. Kelechi Nwakali chegou como um velho conhecido de José Gomes, com quem trabalhou no Ponferradina, mas a equipa parece desesperar com alguma falta de criatividade no sector intermédio, algo que os reforços Pedro Pinho ou Cafú Phete não conseguem dar.
Estrela da Amadora: Um parceiro para Kialonda
Se é verdade que a equipa tricolor tem em Kialonda Gaspar uma das grandes figuras, ao lado do internacional angolano existem algumas questões. Miguel Lopes tem dificuldades como central pelo meio (onde Gaspar se destacou), Omurwa ainda se está a adaptar e só Mansur parece ser uma opção fiável. A chegada de Pedro Mendes é um incremento de qualidade, mas para uma equipa a jogar com três centrais falta profundidade.
Estoril: Um pensador no meio
Se há coisa que tem demonstrado neste arranque oficial é capacidade para marcar golos. Em quatros jogos oficiais tem 12 tentos apontados. Contudo, a equipa de Álvaro Pacheco beneficiaria de um elemento mais criativo no meio-campo. Guitane chegou do Rennes, mas tem jogado numa das faixas, e deixa o meio-campo com vários perfis semelhantes e sem muita capacidade de desequilíbrio por dentro.
Farense: Sentido de baliza
A época não começou bem para os leões de Faro. Contudo, pese embora as duas derrotas, a exibição no Dragão diante do FC Porto ajudou a limpar um pouco a imagem da equipa recém-promovida ao segundo escalão. Continua a faltar é quem desequilibre a partida pelas faixas. Marco Matias, Elves Baldé, Cristian Ponde ou Belloumi têm demonstrado dificuldades na altura de definir na frente e um fantasista seria bem-vindo por José Mota.
Famalicão: Futuro de Iván Jaime
Eleito o melhor jogador jovem da última edição da Liga, o espanhol de 22 anos é uma incógnita em Famalicão. Com contrato até 2025, ainda não foi utilizado em nenhum jogo oficial com João Pedro Sousa a alegar a vontade do atleta em sair. Foi apontado ao FC Porto e Valência, mas até ao momento ainda não parecem ter chegado propostas oficiais ao emblema minhoto.
FC Porto: Uma questão lateral
É uma situação que apoquenta o FC Porto há algumas épocas e que ganha especial relevância com a saída de Otávio. Sem o médio português, Pepê deve avançar no terreno, deixando João Mário como a única alternativa para o lado direito da defesa e com um historial de propensão a lesões. No lado esquerdo, Zaidu e Wendell continuam sem convencer, pelo menos ao nível que os dragões precisam.
Gil Vicente: Qualidade defensiva
Do meio-campo para a frente a equipa gilista parece estar bem apetrechada, no sector mais recuado continuam a existir algumas dúvidas. Aos 37 anos, Rúben Fernandes continua a apresentar-se como um indiscutível, mas a idade do central levanta dúvidas quanto à durabilidade numa época completa. Gabriel Pereira tem-se assumido como parceiro, Thomás Luciano está a cumprir a primeira época na Europa e Né Lopes tem sentido dificuldades a afirmar-se. Se nas alas o conjunto de Barcelos voa com Leonardo Buta e Zé Carlos, no centro alguma robustez não faria mal.
Moreirense: Poder de fogo
No regresso ao primeiro escalão, os cónegos são capitaneados por André Luís, um avançado já com experiência de Liga. Contudo, na ausência de golos do jogador de 29 anos, o conjunto minhoto conta apenas com os jovens Rodrigo Macedo e Ebrima Ndow. Mais poder de fogo não faria mal a uma equipa que marcou dois golos em três jogos oficiais.
Portimonense: A fortaleza que passou a debilidade
Na época passada Paulo Sérgio teceu largos elogios a Kosuke Nakamura. O nipónico de 28 anos foi peça importante para ajudar o Portimonense a segurar a permanência, mas esta época ainda não fez qualquer jogo oficial, dando a entender que procura a saída, pese embora ter contrato até 2025. Vinícius Silvestre chegou do Palmeiras para fazer esquecer o antigo titular, mas até agora não se tem destacado e já vão 10 golos sofridos em quatro jogos oficiais.
Rio Ave: Manter o núcleo duro
O Rio Ave encontra-se numa posição delicada. Sem poder contratar devido a um processo com Fabrice Olinga, o emblema vila-condense tenta agarrar-se aos principais nomes para permitir a Luís Freire uma época tranquila. Agueentar Costinha e Guga até 31 de agosto vai ser essencial para o sucesso dos vila-condenses.
SC Braga: Uma alternativa no meio
Depois de um mercado de transferências muito bem-sucedido, o plantel do SC Braga é um dos mais completos do primeiro escalão. A única pecha será um sucessor de Al Musrati. Numa época com provas europeias e objetivos altos em termos domésticos, o líbio é o médio mias defensivo da equipa, mas na sua ausência nota-se um vazio em termos de qualidade, com Djibril Soumaré, de 20 anos, a ser o que mais se aproxima. Pode ser algo a reforçar com os milhões da Liga dos Campeões.
Sporting: Sucessor de Porro
Depois da saída de Pedro Porro, o lado direito da defesa continua por resolver. Héctor Bellerín falhou no casting, Ricardo Esgaio dá garantias, mas não o desequilíbrio que Rúben Amorim procura e Geny Catamo é algo verde para uma equipa que procura regressar à Liga dos Campeões e assegurar troféus. Zanoli ou Fresneda parecem estar a ser negociados e serão um passo em frente em relação às atuais opções do técnico leonino.
Vitória de Guimarães: Direita, volver
A chegada de Paulo Turra pode variar o sistema tático, mas com o 3x5x2 utilizado por Moreno, a equipa dependia muito dos corredores laterais para furar as defesas adversárias. Se no lado esquerdo Ricardo Mangas parece uma aposta certeira, na direita Bruno Gaspar e Miguel Maga não conseguem dar as garantias que a equipa precisa e um reforço para essa zona permitia à equipa dar um passo em frente.
Vizela: Uma questão destra
Durante as últimas duas épocas, Igor Julião foi importante na manobra ofensiva da equipa. O lateral-direito rumou à Madeira e deixou o posto entregue a Tomás Silva (um médio convertido em lateral) e Hugo Oliveira (vindo dos sub-23). Não surpreenderia a chegada de mais um reforço para essa área, já que do meio-campo para a frente a equipa parece bem apetrechada para fazer frente a mais uma época.