João Mário e as palavras de Schmidt: "Vais ser fundamental, quero que sejas o meu 10"

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João Mário e as palavras de Schmidt: "Vais ser fundamental, quero que sejas o meu 10"

João Mário passou em revista a carreira e a mudança para a ala
João Mário passou em revista a carreira e a mudança para a alaSL Benfica
João Mário, médio internacional português de 30 anos, recém-sagrado campeão nacional pelo Benfica, esteve no programa "Futebol Arte", da SportTV, como convidado de Luís Freitas Lobo.

João Mário começou por recordar os tempos da formação no Sporting, a afirmação no Vitória de Setúbal, sob o comando de José Couceiro, e os ensinamentos de Jorge Jesus no Sporting.

Importância da criatividade: "Acho que cada vez mais o futebol é capacidade que tens para executar e prever os espaços. Obviamente que tens que ser bom tecnicamente, mas tens de saber liderar a equipa. A criatividade é a forma como consegues pensar e depois executar."

Roger Schmidt: "Quando ele chegou, ouvi dizer que não podia jogar numa equipa que pressionava desta forma, bla bla bla. Ouvi isto em todo o lado e para mim esta ideia de jogo era perfeita.. Pressionar à frente é melhor. Para nós, para quem joga na frente, é melhor. Há uma preparação física para isso. É óbvio que não pede o mesmo que pede ao Neres. O mais surpreendente foi ele ter dito no início da época 'vais ser fundamental na minha ideia de jogo. Quero que sejas o meu 10'. Que era a posição do Rafa. Pensei 'vou experimentar, pode ser que corra bem'. Depois houve um clique na pré-temporada, 'se calhar podemos experimentar e trocar' e eu passo para a esquerda e ele (Rafa) ao meio. O Rafa sente-se mais confortável ali e eu também, para a equipa... Acredito sempre que posso fazê-lo. Com o passar dos anos vou passar mais para o centro, mas naquele momento fazia mais sentido ali."

Evolução: "Sempre fui um jogador mais cerebral, fui capitão nas seleções jovens também por isso. Era mais um '6' com bola. O meu conhecimento pelo jogo de agora é diferente do que eu tinha naquele tempo. Jogava muito como um '8', mas também como um '6'. Comecei a jogar como um '6' com o Sá Pinto, no Sporting. Eu achava que podia ser um bom '6', se jogasse no Barcelona daquele tempo naquele estilo de jogo, mas acreditava que talvez a nível sénior seria mais como um médio ofensivo."

Vitória de Setúbal: "O clique que eu faço do João Mário de formação para o futebol sénior foi ali, com um treinador muito bom para o meu crescimento tático e num clube fantástico para se jogar. Era uma equipa muito boa e com muitos jovens, que fez um campeonato ótimo. Jogávamos em 4-3-3 e conseguia chegar à área. Posso jogar a '6', mas não acho que seja aí que consiga tirar todas as minhas qualidades. Hoje em dia o futebol é muito mais que posse de bola. No Benfica jogamos com dois médios porque também privilegiamos muito a posse de bola."

Oito ou médio ofensivo? "Atualmente vejo-me mais como um homem do último passe. A minha posição natural é mais um médio-ala. Considero-me mais um médio ofensivo do que um segundo avançado."

Jorge Jesus: "Primeira vez a jogar na ala? Lembro-me. Na altura foi um choque, foi um jogo que joguei contra o V. Guimarães pelo Sporting, no primeiro ano de Jorge Jesus. Saiu o Carrillo e eu entrei, num esquema de 4-4-2. Era um terceiro médio, com o Ruiz na esquerda. Foi o momento que muda claramente o facto de eu deixar de ser um médio-centro e passar a ser mais um médio-ala. Quando te habituas a jogar tanto tempo por fora, tens de te adaptar outra vez para voltares a jogar em espaços mais reduzidos e centrais. Eu tento explorar, mas não sou um jogador de profundidade. Sou um jogador de espaços curtos. Não vou tirar proveito das minhas qualidades se tentar explorar sempre a profundidade. David Neres é um ala puro. A mim, se me pedires isso, é ir contra a minha natureza. Não tive nenhum treinador que me pedisse isso."

Perfil atual: "Hoje em dia sou muito mais próximo de um '10' moderno do que um '8', porque também jogo muito mais à frente. É injusto pedir a um médio, um Enzo (Fernández) por exemplo, para estar sempre em zonas de finalização. Porque se estás sempre dentro da área vais desequilibrar mais a equipa. Quando jogo nessa posição, centro-me mais em não desequilibrar a equipa porque se a equipa perde a bola fica muito descompensada. Fisicamente tens de ser mais um box-to-box, tens de ter uma cadência defensiva que, apesar de ter, não é o meu forte."

Passagem pelo Inter: "No início, quando apareceu a proposta, um dos motivos que me levava a não ter interesse era porque achava que se fosse para o campeonato inglês ou alemão - porque havia interesse - poderia dar o outro passo a nível físico. Pensar mais rápido e executar mais rápido. É isso que a Premier League te obriga, foi a experiência que tive no West Ham. Se já tenho de pensar antes em Portugal, ali tenho de pensar duas horas antes, porque ali o jogo é realmente muito rápido. Em Itália, quando cheguei e adaptei-me com o De Boer, correu-me bem a nível individual, mas não tanto no coletivo. Depois com o Piolo correu bem a espaço. Olhando que o campeonato italiano não se adequa às minhas características, mas também houve a parte mental de não acreditar no projeto. Depois, como és um grande investimento, a culpa cai um pouco em ti e sobre o Gabigol, por exemplo. É o preço que tens a pagar pelo custo."

West Ham: "Olhando para a minha carreira, o grande erro que cometi foi não ter ficado no West Ham nessa altura. O West Ham queria comprar-me, mas eu achei que precisava de voltar ao Inter. Não que quisesse ficar no Inter, mas como tinha contrato... Porque, recordo-me, tive uma conversa com o mister Fernando Santos, e ele disse-me 'tens de jogar para ir ao Mundial'. Achei que fazia sentido ir para lá. Encontrei um clube espectacular, campeonato espectacular, tive de adaptar-me durante um mês. Tenho pena, por um motivo ou por outro, de não ter ficado em Inglaterra. Olhando para a minha carreira foi o meu maior erro."