Recorde aqui as principais incidências da partida
Mesmo com uma época que já vai longa, ainda há espaço para jogos divertidos, especialmente quando já não há assim tanto em jogo. É verdade que o SC Braga ainda luta pelo pódio com o FC Porto e procura ficar à frente do rival Vitória SC, mas às vezes dá a sensação que os arsenalistas já estão mais a pensar na próxima época, até porque não houve um substituto direto para o lugar deixado vago por Artur Jorge. Por muito que Rui Duarte tente, em campo voltou a ficar a sensação que a temporada já acabou, mas a forma como o conjunto minhoto arrecadou o triunfo deu razão ao técnico bracarense.
Para o Casa Pia a pressão era ainda menor. Desde o conforto do sofá, a equipa de Gonçalo Santos, que deve continuar na próxima época depois de garantir a permanência de forma tranquila, entrou com um check nos objetivos e trouxe uma ideia positiva para Braga.
Jogo aberto, bola nas duas áreas e emoção nas bancadas. Faltaram adeptos visitantes para dar um colorido a um jogo que pertenceu às duas equipas e que valeu a pena ver, mesmo que, lá está, já não estivesse assim tanto em jogo.
Motivado pelo tal objetivo do 3.º lugar, que garante desde logo a presença na Liga Europa, o SC Braga entrou melhor. Álvaro Djaló (12'), esse já preparado para se despedir da Pedreira rumo a Vigo, recebeu o passe longo de Bruma, aproveitou a forma como Tchamba (não) fez a cobertura e abriu o marcador.
Se o jogo já estava animado, mais ficou quando um remate forte de Segovia fez acordar Matheus (29') e os jogadores do Casa Pia, desanimados depois do golo de Álvaro Djaló.
Ao primeiro sinal de perigo, somaram-se mais dois até à verdadeira adição de um golo para o Casa Pia, o de Yuki Soma (35'), a viver o melhor momento da temporada nesta reta final. Pablo ofereceu o golo ao internacional nipónico, que despertou em definitivo a equipa de Gonçalo Santos.
O SC Braga voltou a assumir as despesas do jogo antes do intervalo, ficando a pedir um penálti por possível falta sobre Banza já nos descontos, mas os golos e a loucura ficaram reservados para a segunda parte. Rui Duarte não operou propriamente uma revolução, mas a entrada de Abel Ruiz, assobiada perante a saída de Banza, viria a ser decisiva.
No entanto, os adeptos começaram por arrecadar para si a razão das queixas, isto porque a passividade da defensiva bracarense, toda a época o tendão de Aquiles dos arsenalistas, permitiu a Leonardo Lelo fazer a reviravolta no primeiro golo do lateral esta temporada, com um remate forte, de pé esquerdo (53').
Loucura na Pedreira, mas ainda tanto por escrever. A impaciência sentia-se e pedia-se um remate a cada aproximação à baliza de Ricardo Batista. O mesmo é dizer que, com Zalazar em campo, as probabilidades de assistirmos a um golaço são consideráveis - talvez por isso as casas de apostas não consideram essa possibilidade, caso contrário arriscar-se-iam a perder dinheiro.
É que, claro, num ápice, o SC Braga voltou a virar o jogo e até foi no inicialmente assobiado Abel Ruiz que tudo começou. O espanhol deu um toque subtil para enganar Ricardo Batista e lançar os dados para uma reta final de loucos (60').
A reviravolta demorou só quatro minutos. A intensidade de Paulo Oliveira na recuperação teve par no remate forte de Zalazar, que cumpriu a promessa de golaço com um tiro de pé direito sem a mínima hipótese para Ricardo Batista (64').
O que Paulo Oliveira deu, Paulo Oliveira tirou. O defesa fez um autogolo que personificou novamente as tais falhas bracarenses no setor mais recuado e os adeptos desesperaram com o 3-3 aos 72 minutos. Tudo parecia complicar, até porque, apenas quatro minutos mais tarde (76'), Álvaro Djaló viu o segundo amarelo no espaço de dois minutos e foi expulso, deixando os bracarenses reduzidos a 10.
Só que 18 minutos num jogo como este significava quase 90 em tantos outros jogos da nossa Liga. Abel Ruiz (88') segurou a luta pelo pódio com um remate cheio de uma confiança que faltou em grande parte da época do internacional espanhol. O Casa Pia ainda tentou voltar a surpreender, mas infelizmente para os adeptos neutros não havia tempo para mais.
Homem do jogo Flashscore: Abel Ruiz (SC Braga)