A vida é feita de momentos assim. Há alturas em que tudo parece correr mal. É uma conta da luz mais alta do que o habitual, um pneu do carro que fura ou uma entrega que parou na alfândega. Depois há momentos em que o sol brilha, encontramos 50 euros no chão e somos o visitante 10 mil num site totalmente fidedigno.
Nos últimos meses, o Boavista tem passado mais pela primeira fase: as difíceis contas no Bessa subtraíram durante dois meses o salário a jogadores, equipa técnica e funcionários. "Não mata ninguém", disseram.
O certo é que o momento dos axadrezados, que começou por ser tão brilhante que até já se falava no regresso do Boavistão à Europa, morreu com aquela fase negativa.
Médicos que fizeram greve, treinos cancelados e um alvoroço tal que motivou mesmo o mais fiel dos homens, Petit, a abandonar o cargo. A situação era difícil.
Depois do aviso da Liga Portugal e da própria FIFA, o caminho, ainda que tortuoso, levou os axadrezados ao destino tão aguardado. Contas feitas, salários pagos, faltava fazer as pazes com os resultados.
Antes de viajar para Vizela, o Boavista vinha de uma sequência de nove jogos sem vencer, mas o último dos quais, frente ao rival FC Porto (1-1), serviu como motivação final para um passeio feliz até ao Minho.
De resto, a felicidade pode mesmo ser uma das melhores palavras para caracterizar o triunfo do Boavista frente ao Vizela (1-4), o primeiro na Liga Portugal desde 18 de setembro, com o Chaves, para a 5.ª jornada.
O Vizela jogou bem, criou perigo, mas este era o dia do Boavista e de... Abascal.
14 de janeiro de 2024 não fica marcado apenas pelo regresso do Boavista aos triunfos, mas também pela celebração dos 30 anos do defesa-central uruguaio.
Haveria melhor forma de festejar do que com uma vitória em Vizela? A resposta é: sim!
Atrás do meio-campo, Abascal viu Buntic adiantado e, em dia de felicidade, apagou as velas com o melhor golo da carreira. Há dias assim.