Entrevista Flashscore a Nico Estévez: "Messi vai dominar a MLS, vai mudar a liga"

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Mais
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Entrevista Flashscore a Nico Estévez: "Messi vai dominar a MLS, vai mudar a liga"

Nico Estévez, treinador do FC Dallas, da MLS
Nico Estévez, treinador do FC Dallas, da MLSFC Dallas
Nico Estévez (43 anos) é o treinador do FC Dallas, 5.º classificado da Conferência Oeste da MLS, a três pontos do líder, o Saint Louis City. O treinador espanhol, recorde-se, foi o mais jovem a treinar na LaLiga, aos 33 anos, em 2013, quando assumiu de forma interina o Valência, entre a demissão de Djukic e a chegada de Pizzi. Em 2014 chegou à MLS, como Diretor de Metodologia do Columbus Crew, em 2019 foi nomeado treinador adjunto da seleção norte-americana e desde dezembro de 2021 que é o treinador do FC Dallas. Em entrevista exclusiva ao Flashscore, desde o Texas, Nico Estévez fala-nos do impacto que Lionel Messi terá na liga norte-americana.

- Ficou surpreendido com a decisão de Messi de ir para a MLS? 

- Nem por isso. Os Estados Unidos são um país muito atraente para se ter uma experiência pessoal interessante. A liga está num processo de grande crescimento e isso favorece a chegada de Messi. Vai haver aqui uma Copa América e um Campeonato do Mundo. Há muitos atrativos. E, a nível familiar, é um país muito atrativo para viver uma aventura.

- Tem a sensação de que Beckham ganhou a batalha contra o dinheiro na Arábia e o sentimentalismo no Barcelona?

- É preciso entrar na cabeça dele para saber como foi o seu processo de seleção. Tenho a certeza de que, a nível económico, será rentável para o futuro e não apenas para o presente. O Beckham é um exemplo, porque conseguiu estabelecer-se e fazer nome como proprietário, depois de ter vindo para cá há muitos anos. A mesma coisa pode acontecer com Messi.

- O que a chegada de Messi significa para a MLS em termos de reconhecimento mundial? 

- É uma coisa muito importante a todos os níveis. Vai acelerar muito o crescimento da liga americana. É uma ótima notícia para o futebol dos Estados Unidos.

Nico Estévez, na conferência de imprensa.
Nico Estévez, na conferência de imprensa.@FCDallas

- O seu impacto pode ser semelhante ao de Cristiano Ronaldo quando chegou à Arábia Saudita? 

- Não sei qual foi o impacto do Cristiano quando chegou, porque não acompanhei muito a liga árabe, mas posso dizer que o impacto do Messi aqui vai ser impressionante. Aliás, já está a ser.

- É semelhante, a um nível mediático diferente, a quando Pelé chegou ao Cosmos? 

- Pode ser semelhante, sim. Eram ambos os melhores do mundo. Agora, com as redes sociais e os novos canais de informação, o impacto será maior, mas a nível desportivo, pode ser uma boa comparação.

- Que imagens ou dados mais impressionaram o Nico desde que a notícia foi divulgada?

- Acima de tudo, o facto de me terem telefonado muito mais pessoas do que antes (risos), de fora dos Estados Unidos e de colegas daqui, a perguntarem-me como é que eu acho que vai ser a chegada e a adaptação dele. Também fiquei impressionado com o aumento do número de seguidores do Inter Miami nas redes sociais desde o anúncio da sua contratação.

- O que acha que ele vai levar para o futebol norte-americano? 

- Em campo, ele vai fazer o futebol crescer. Ter um jogador desse nível pode atrair outros jogadores para melhorar a MLS. Também vai melhorar os estádios, as infra-estruturas, as medidas de segurança. A sua chegada vai mudar muita coisa. A MLS vai ser diferente a partir de agora.

- Messi assinou por uma equipa que está no último lugar na Conferência Leste. Será que só ele conseguirá ressuscitar o Inter Miami? 

- A MLS é diferente das competições europeias. É verdade que o Inter não está bem neste momento, teve lesões e uma mudança de treinador e tudo isso afeta, mas se chegarem aos play offs podem recuperar o terreno perdido. O Messi pode ajudar a mudar muita coisa, claro, mas também vão fazer mais contratações para terem uma equipa mais competitiva. Eles jogarão durante seis meses e, se se classificarem para os play-offs, poderão lutar pelo campeonato.

- Acha que Messi vai dominar a MLS desde a sua chegada, em termos individuais? 

- O Messi dominou todas as competições que disputou e o mesmo acontecerá aqui. Ele é Messi por um motivo. Vai precisar de um período de adaptação mas é claro que vai fazer a diferença. Tenho a certeza de que vai fazer coisas impressionantes e é isso que as pessoas aqui querem ver.

- O aumento do preço dos bilhetes que foi anunciado é brutal. Quanto é que vai custar ver Messi quando for a Dallas?

- Miami está noutra conferência e não sei quando é que ele vem visitar-nos, mas é óbvio que as pessoas vão pagar muito mais para o ver jogar. É uma grande oportunidade.

- Qual é a capacidade do estádio do FC Dallas e a assistência? 

- A capacidade é de quase 20.000 espectadores e a assistência é muito boa, pois enchemos o estádio em muitos jogos. Estamos a aumentar o interesse pouco a pouco.

- Esperam também um grande aumento da cobertura televisiva?

- Claro que sim. Essa é a ideia. A MLS assinou um contrato com a Apple TV e tenho a certeza de que as subscrições vão multiplicar-se. O efeito Messi vai significar um crescimento a todos os níveis, desportivo, económico e de marketing.

"Busquets pode ser a próxima contratação"

- Acha que Busquets também pode reforçar a MLS?

- Gostava muito. Todos os jogadores da sua qualidade são bem-vindos. Vi os dois crescerem em Espanha e seria maravilhoso tê-los aqui ao mesmo tempo. Mesmo a nível de aprendizagem, seria ótimo para os rapazes americanos aprenderem com alguém como Busquets, que domina o jogo e é um mestre na sua posição.

Messi e Busquets poderão voltar a ser companheiros de equipa em Miami.
Messi e Busquets poderão voltar a ser companheiros de equipa em Miami.@FCBarcelona

- Qual é o nível real da MLS em comparação com as grandes ligas europeias?

- Cresceu muito, mas ainda há diferenças, porque existem limitações económicas muito importantes. Existe um Fair Play Financeiro muito rigoroso e não é fácil contratar grandes jogadores, apesar de Miami o ter feito. Ainda temos um longo caminho a percorrer para atingir o nível europeu, mas estamos a diminuir a distância. Espero que as restrições às despesas sejam levantadas para que possamos crescer ainda mais depressa.