O verão não correu como os adeptos do Liverpool esperavam ou desejavam. Depois de uma época sem brilho, em que a equipa não conseguiu lutar pela Premier League, nem sequer terminar entre os quatro primeiros, esperava-se uma grande mudança no clube de Merseyside.
Inicialmente, os sinais eram promissores. Apesar de Roberto Firmino, James Milner, Naby Keita e Alex Oxlade-Chamberlain terem saído a custo zero, as saídas tinham sido planeadas com antecedência.
E o Liverpool não demorou a contratar reforços, como Alexis Mac Allister, do Brighton, e Dominik Szoboszlai, do RB Leipzig. Mas a situação tomou um rumo inesperado quando chegaram ofertas substanciais pelos médios Fabinho e Jordan Henderson. Fabinho vai reencontrar Nuno Espírito Santo no Al-Ittihad, enquanto o capitão Henderson vai partilhar o balneário com o seu antigo companheiro de equipa, Steven Gerrard, no Al-Ettifaq.
Estas saídas terão, sem dúvida, um impacto significativo na equipa. Jürgen Klopp perdeu o principal médio defensivo, provavelmente o seu segundo melhor jogador na posição e, com a saída de Milner, o terceiro melhor jogador.
Este problema é agravado pelo facto de os reds parecerem tão vulneráveis como há vários anos não se via no centro da defesa. Enquanto Ibrahima Konaté está destinado a tornar-se um pilar fundamental da defesa do Liverpool nas próximas temporadas, há preocupações sobre os jogadores que o rodeiam.
Virgil van Dijk não tem mostrado a mesma forma extraordinária que exibiu no início do percurso no Liverpool. Joel Matip, que entra nos últimos 12 meses de contrato, já não tem 30 anos e mostra demasiadas vezes a sua idade. Quanto a Joe Gomez, tem dificuldade em manter-se consistente quando lhe são dadas oportunidades.
Em maio, Klopp admitiu que pretendia recrutar pelo menos um novo defesa central este verão. No entanto, até ao momento, o clube não conseguiu garantir os reforços de que necessita. O facto de o Liverpool ter sofrido dez golos nos últimos quatro jogos de pré-época deve servir de alerta para os desafios que tem pela frente.
O jogador-chave
Com a saída de jogadores importantes e a equipa a tornar-se cada vez mais vulnerável, o papel do guarda-redes Alisson Becker vai tornar-se mais crucial do que nunca se os reds quiserem recuperar um lugar na Liga dos Campeões, que é o mínimo esperado em Anfield.
Desde a sua chegada, em 2018, Alisson tem desempenhado um papel fundamental no sucesso do Liverpool. Mesmo na época passada, foi um dos poucos jogadores dos reds a atuar consistentemente a um nível de elite. Apenas David De Gea (17) conseguiu mais jogos sem sofrer golos na Premier League do que o brasileiro (14) na época passada.
E embora possa ter perdido a Luva de Ouro da Premier League para o antigo rival do Manchester United, uma análise dos números subjacentes mostra que o número um do Liverpool não só foi melhor do que ele, mas também do que todos os seus colegas da Premier League.
Para provar isto, basta olhar para os dados da Opta relativo a golos esperados por remate (PSxG). O PSxG é semelhante ao xG normal, mas com uma diferença. O xG é uma medida que determina a qualidade de uma oportunidade de remate, tendo em conta uma série de factores, incluindo a distância até à baliza, o ângulo do remate, o ritmo do esforço e a forma como foi assistido.
Para tal, utiliza dados históricos de remates, sendo 0,01 o valor de remate mais baixo e 0,99 o mais alto. O PSxG analisa a qualidade da finalização do rematador, tendo em conta a posição do remate na baliza. Se o remate for demasiado longe ou demasiado alto, o PSxG é igual a zero. É, por isso, a melhor medida atualmente disponível para analisar o desempenho de um guarda-redes na defesa de remates.
Na época passada, Alisson registou um desempenho superior de +10,1. Em termos simples, isto significa que, graças a ele, o Liverpool sofreu menos 10 golos do que o esperado. Este é o melhor desempenho da Premier League. A título de comparação, vale a pena notar que De Gea, vencedor da Luva de Ouro, terminou com um desempenho inferior de -0,7.
Embora a situação esteja longe de ser perfeita para o Liverpool na nova época, o clube dispõe de uma grande quantidade de talento ofensivo, o que significa que está bem equipado para marcar muitos golos este ano.
Isto irá ajudá-los a competir no topo da tabela da Premier League. No entanto, é provável que dependam de Alisson para repetir a forma que mostrou durante a maior parte da época passada se quiserem voltar a ameaçar a elite da divisão e, crucialmente, regressar aos quatro primeiros lugares.