O Liverpool confirmou a contratação de Mac Allister do Brighton na quinta-feira, fazendo do vencedor do Campeonato do Mundo a primeira contratação do verão para Jürgen Klopp. A contratação surge após uma época para esquecer, em que os Reds não conseguiram atingir a consistência a que o clube de Merseyside se habituou nos últimos anos.
O fracasso na qualificação para a Liga dos Campeões - impensável há 12 meses - reiterou a necessidade de uma reconstrução em Anfield neste verão, e esse processo parece estar bem encaminhado.
Depois de reforçar o ataque com jogadores como Cody Gakpo (24 anos) e Darwin Nunez (23 anos) nas duas últimas temporadas, o foco principal do Liverpool neste verão seria sempre a revitalização do meio-campo.
A sala de máquinas dos Reds tem sido objecto de muito debate esta temporada, com jogadores-chave do meio-campo como Fabinho (29), Jordan Henderson (32) e Thiago Alcântara (32) a já não estarem no auge em termos físicos e a demonstrarem-no frequentemente nas suas actuações, especialmente porque o Liverpool continua a operar com um meio-campo tradicional de três jogadores.
Além disso, o clube permitiu que Alex Oxlade-Chamberlain (29), James Milner (37) e Naby Keita (28) saíssem no final da temporada, reduzindo ainda mais os números no meio.
Embora nenhum desses jogadores tenha acumulado mais de 1.000 minutos na liga nesta temporada, é provável que vejamos mais contrataçõse à medida que Klopp procura adicionar mais profundidade a essa área do plantel.
No entanto, independentemente de quem chegue a Anfield, dificilmente o Liverpool conseguirá um contrato melhor do que o que foi acordado com Mac Allister.
O argentino foi uma das estrelas do Campeonato do Mundo do ano passado, algo que tende a dificultar qualquer transferência futura. No entanto, o Liverpool comprou-o por apenas 40 milhões de euros. Chegará a Anfield depois de três anos e meio no Brighton, onde disputou 112 partidas e foi fundamental para ajudar os Seagulls a passar de candidatos à despromoção para a apurados para a Europa.
Foi nesta última campanha histórica, na qual o Brighton alcançou a sua melhor classificação de sempre na Premier League (sexto lugar), que ele realmente se destacou. Marcou dez golos no campeonato - o seu melhor registo em Inglaterra até à data - para terminar como o melhor marcador do clube. Mas isso foi apenas uma pequena parte do que ele ofereceu aos Seagulls.
Ele também ficou entre os três primeiros do plantel em termos de dribles bem-sucedidos (42), passes em progressão (174) e desarmes conquistados (39), evidenciando a sua ampla capacidade e versatilidade como jogador.
Mac Allister começou como um número 10 no Argentinos Juniors e chegou à Inglaterra como tal. Desde então, porém, ele também foi utilizado em posições mais recuadas no meio-campo
Sob o comando de Graham Potter, que admirava a sua grande capacidade técnica, o campeão do mundo começou a temporada a jogar predominantemente como pivô, com a missão de proteger o meio-campo e, ao mesmo tempo, construir jogadas com segurança e romper linhas com bolas mais penetrantes quando as oportunidades apareciam.
No entanto, o atual técnico do Brighton, Roberto De Zerbi, ajustou o papel do jogador no meio da temporada e o libertou para atuar em zonas mais avançadas. Com isso, ele passou a apoiar os ataques pela esquerda. No Mundial, a Argentina também o utilizou numa posição semelhante.
E foi justamente esse papel sob o comando do italiano que talvez nos dê uma pista de como poderemos ver Mac Allister no Liverpool na próxima temporada.
À medida que a campanha avançava, o Liverpool ajustou a sua abordagem táctica do habitual 4-3-3 para um 3-2-2-3. Para isso, ele deslocou o sempre perigoso Trent Alexander-Arnold da defesa durante a posse de bola para o meio-campo.
Isto ajudou a tirar o melhor partido do jogador e fez do Liverpool uma equipa muito mais completa, que não perdeu nenhum dos seus últimos 11 jogos da campanha a jogar desta forma. Neste esquema, os médios avançados têm a tarefa de pressionar nos espaços entre eles para ajudar a criar golos e até a marcá-los.