No caso do Nottingham Forest, durante muito tempo chegou a parecer que o clube poderia até lutar por um lugar na Liga dos Campeões este outono. Ainda assim, garantir o regresso às competições europeias já representa um feito importante para o emblema. O Everton de Sean Dyche esteve em grande dificuldade, a afundar-se na tabela, mas o regresso de um velho conhecido impulsionou um notável renascimento na primavera. O mesmo se verificou com o Wolves, que durante grande parte da época foi apontado como um dos principais candidatos à despromoção.
A lesão de Rodri
Pode parecer um exagero, mas o título da Premier League pode muito bem ter começado a decidir-se logo na quinta jornada. O Manchester City somou um ponto frente ao Arsenal, beneficiando da superioridade numérica, mas perdeu um dos seus principais jogadores do meio-campo — e vencedor da Bola de Ouro da temporada anterior — Rodri, que sofreu uma lesão grave no joelho ainda na primeira parte.
Durante algumas semanas, os tetracampeões conseguiram manter-se no topo da tabela, mas, no início de novembro, a equipa entrou numa crise tão profunda que nem Pep Guardiola conseguiu encontrar rapidamente uma solução. E não será exagero afirmar que foi precisamente a ausência do seu pilar no meio-campo defensivo que impediu o City de superar essas dificuldades. Afinal, os resultados da equipa com e sem Rodri têm sido, nas últimas épocas, diametralmente opostos. Até setembro passado, o internacional espanhol só tinha estado ausente por breves períodos — ausências que os Citizens conseguiram, até então, contornar.
Mas desta vez foram precisos longos meses para o estratega catalão perceber como adaptar a equipa à ausência de um jogador tão fundamental. Não só perdeu a oportunidade de conquistar o quinto título consecutivo da Premier League, como também falhou nas restantes competições.
Uma coisa, porém, é certa: na próxima época, o City não poderá dar como garantido o título. E não apenas porque os rivais estarão ainda mais fortes. No final da temporada, o clube apresentou uma forma impressionante, não sofrendo qualquer derrota nas últimas dez jornadas do campeonato, período em que foi claramente a melhor equipa. No entanto, os Citizens trocariam certamente essa superioridade final por uma presença brilhante na final da Taça de Inglaterra.
Campeões pouco convencionais
O Crystal Palace conquistou a mais antiga competição de futebol do mundo com um único golo, coroando uma época singular, marcada por vencedores inesperados e momentos surpreendentes. Em março, após derrotar o Liverpool na final da Taça da Liga (EFL Cup), o Newcastle ergueu o seu primeiro troféu em 70 anos. Já os reds não tiveram muito tempo para lamentar, pois no final de abril a sua candidatura ao título da Premier League chegou a um desfecho definitivo.
Se os reds tivessem sido campeões ingleses na época anterior, não teria sido uma surpresa tão grande. Mas, em vez de uma despedida eufórica de Jürgen Klopp, chegou a entrada em cena de Arne Slot. O treinador neerlandês, tal como o seu antecessor, manteve o Liverpool no topo da tabela desde a 11.ª jornada. Apenas duas derrotas até à decisão do título confirmaram o desempenho dominante da equipa.
Mas foi no sul de Londres que se viveu a maior euforia. O Crystal Palace protagonizou uma época histórica sob o comando de Oliver Glasner. Não só estabeleceu um novo recorde de pontos na Premier League, como — mais importante ainda — conquistou o primeiro grande troféu nos 120 anos de história do clube. E, com todo o mérito, prepara-se agora para disputar a Liga dos Campeões.
O fim dos Red Devils de Amorim
Dois membros do tradicional "Big 6" também deveriam ter estado na luta pelos principais troféus. Mas a realidade foi bem diferente: o 15.º lugar do Manchester United e o 17.º do Tottenham ficarão para sempre como páginas negras nos registos históricos de ambos os clubes.
Ironicamente, serão os Red Devils — apesar da pior classificação — quem guardará melhores memórias desta temporada. A mudança no comando técnico, em novembro, não trouxe benefícios; pelo contrário, Rúben Amorim acabou por ter um desempenho ainda inferior ao do seu antecessor, Erik ten Hag, e as suas alterações táticas acabaram por afastar vários jogadores importantes. Ainda poderia ter salvo a época com um triunfo na final da Liga Europa — mas acabou travado pelos próprios Spurs.
Historicamente, a segunda final totalmente inglesa da segunda maior competição continental não proporcionou um futebol particularmente atrativo — embora, durante muito tempo, isso tenha servido de consolo para os adeptos dos Spurs. A situação no Tottenham, no entanto, apresenta-se agora um pouco mais animadora. Por um lado, o treinador poderá contar com a Liga dos Campeões na próxima temporada e, por outro, há esperança de que, do ponto de vista físico, o plantel esteja em melhores condições. Há, portanto, bases para construir um futuro mais positivo — esteja lá Postecoglou ou outro treinador.
Nuno Espírito Santo em alta
Apesar da controvérsia em torno de um proprietário excêntrico e da dedução de pontos na época passada, a história do Nottingham Forest foi claramente reavivada na temporada 2024/25. Ainda assim, o início de época esteve longe de ser brilhante: a vitória em Anfield foi uma de apenas duas conquistas nas primeiras sete jornadas. No entanto, a melhoria gradual acabou por dar frutos e, após um pico de forma em dezembro e janeiro, a equipa orientada por Nuno Espírito Santo chegou mesmo a aproximar-se do segundo classificado, o Arsenal.
O jogo frente ao Brighton, poucos dias depois de o Forest ter sofrido uma goleada por cinco golos no Vitality Stadium, é um bom exemplo da resiliência da equipa. O conjunto recuperou rapidamente e venceu o Brighton, demonstrando a sua capacidade de resposta. No entanto, não se deve esperar que o Nottingham consiga repetir um desempenho semelhante na próxima temporada. Na verdade, beneficiou em grande medida de um bom momento anímico, da excelente forma de Chris Wood e da eficácia na concretização de oportunidades. A métrica dos golos esperados (xG) tem as suas limitações, mas a longo prazo é um indicador relevante — e o Forest superou claramente aquilo que seria expectável segundo essa estatística.
O Bournemouth, por seu lado, procura ainda desbloquear todo o seu potencial. A equipa enfrentou o rigor do inverno com coragem e, apesar de contar com um plantel jovem, conseguiu uma impressionante série de onze jogos sem derrotas. Durante algum tempo, chegou a parecer que o clube poderia ambicionar um lugar nas competições europeias, mas a quebra de forma no final de fevereiro e em março acabou por travar esse objetivo. Ainda assim, a equipa orientada por Andoni Iraola demonstrou ser uma força a ter em conta.
Uma dupla ressurreição
Em certos momentos, a situação do Wolves e do Everton pareceu quase trágica. Em ambos os casos, a mudança de treinador revelou-se exemplar. O Wolves, que após uma derrota caseira frente ao Ipswich, em meados de dezembro, ocupava o penúltimo lugar da tabela — a cinco pontos da zona de salvação —, conseguiu inverter a situação. Vítor Pereira liderou de forma brilhante o exigente calendário natalício e afastou a equipa dos lugares de perigo.
Há outro nome que merece destaque pelo resgate tranquilo alcançado em Molineux: Matheus Cunha. O versátil avançado brasileiro foi determinante, especialmente na primeira metade da época, tendo estado envolvido em quase metade dos golos da equipa. Terminou o campeonato com 15 golos e seis assistências, sagrando-se o melhor marcador entre os clubes da segunda metade da tabela.
Já o Everton não pôde contar com um goleador de igual calibre. Talvez por isso a recuperação dos Wolves tenha acabado por deixar o Everton numa posição delicada, que ditou o fim do ciclo de Sean Dyche. O ídolo do clube, David Moyes, regressou ao comando técnico após vários anos e mostrou, mais uma vez, que está longe de ser um treinador ultrapassado.
Estabilizou os Toffees quase de imediato, somando trinta pontos em dezoito jogos — uma média digna de uma equipa a lutar por lugares europeus. Graças ao trabalho do experiente treinador, o Everton pôde encerrar a temporada em Goodison Park de forma digna e tranquila. Os adeptos têm agora razões para acreditar num futuro promissor no novo estádio.