Enzo Fernández foi do céu ao inferno no espaço de seis meses. Um dos esteios de um Benfica invicto em todas as competições na primeira metade da época, mereceu a confiança de Lionel Scaloni e tornou-se titular na Argentina que viria a conquistar o Mundial-2022, rumou ao Chelsea em janeiro e entra na metade final da temporada a lutar por salvar a honra num clube que termina 2022/23 à deriva.
E os adeptos começam a suspirar pelo jogador em que investiram 120 milhões de euros e que em 13 partidas na Premier League conseguiu duas assistências e ainda não celebrou qualquer golo, uma das qualidades que apresentou no Benfica (quatro tentos e seis passes para golo em 29 jogos).
Contudo, Enzo Fernández não consegue escapar ao contexto onde está inserido e a um Chelsea que pese embora o muito dinheiro à disposição não tem um rumo definido, em campo e fora dele.
No Benfica, Enzo Fernández era chamado a ocupar o lado esquerdo de um duplo-pivô no meio-campo com Florentino Luís. O médio português estava incumbido das tarefas mais defensivas e permitia ao argentino aventurar-se no ataque e aproximar-se na baliza, onde podia decidir com a capacidade de remate, acrescentando também qualidade na reação à perda da bola, mais à frente.
Outra característica era o traço de organizador de jogo de Enzo Fernández, cuja qualidade para virar o flanco permitia às águias ir descobrindo espaços nas organizações defensivas dos adversários.
A chegada de Enzo Fernández ao Chelsea coincide com a saída de Jorginho para o Arsenal. O argentino chega para colmatar o lugar do italo-brasileiro, mas com características muito diferentes.
Por entre os vários esquemas, Graham Potter e Frank Lampard ambos parecem concordar na utilização de Enzo Fernández como médio mais recuado de um triângulo onde tem Kovacic no lado esquerdo, para transportar jogo e Kanté no lado direito, para pressionar em termos defensivos. Último homem antes da linha defensiva, aventura-se menos até à área contrária.
Dada a natureza da situação do Chelsea, e com a equipa a jogar num bloco mais recuado, Enzo Fernández vê-se também com pouca bola e alternativas para ir mudando a bola de flanco, uma das principais armas no Benfica, estando agora reduzido, na sua essência a passes curtos para colegas mais próximos.
A etiqueta dos 121 milhões quase que obriga o médio argentino a ser titular num Chelsea que não consegue reconhecer as qualidades e dar-lhe espaço para brilhar.