A visita do Manchester United a casa do Everton, na 13.ª jornada da Premier League, foi amplamente abordada pelo que se ia passando fora do campo. Penalizados com 10 pontos devido à má gestão financeira, os adeptos do conjunto de Liverpool montaram um protesto contra a organização da prova, com corrupta a ser o adjetivo mais utilizado para descrever a entidade que regula aquele que consideramos ser o melhor campeonato do mundo.

No dia antes, um avião tinha sobrevoado o Etihad durante largos minutos, enquanto o Manchester City (sobre o qual recaem mais de 100 acusações de irregularidades financeiras) e o Liverpool se defrontavam, colocando um holofote sobre o grande dominador do futebol inglês nas últimas temporadas e que também está a ser investigado num processo que já se arrasta há algum tempo.

Mas regressemos a Goodison. Poucos eram aqueles que, às 16:30 de domingo, pareciam querer saber do embate entre dois emblemas históricos da Premier League em dificuldades (cada um à magnitude das suas dimensões) e que em termos de futebol não são do mais atrativo que possa encontrar.

Até que chegámos ao terceiro minuto. Quando muita gente ainda devia estar à procura do lugar no sempre repleto estádio do Everton, Diogo Dalot surgiu na direita, cruzou e Alejandro Garnacho disparou um sublime pontapé para o fundo das redes à guarda de Jordan Pickford. O festejo foi como o ídolo, Cristiano Ronaldo.

Muitos evocaram Wayne Rooney contra o Manchester City, outros falaram em Cristiano Ronaldo, em 2018, contra a Juventus. Certo é que, numa fração de segundos, o brilhantismo e a audácia de um só jogador voltou a recentrar a discussão em volta do que é realmente mais importante: o futebol que se joga dentro das quatro linhas. 

Não querendo retirar legitimidade aos naturais protestos dos adeptos do Everton, cujo sentimento de injustiça se mistura com o de medo pela queda na segunda divisão, são momentos assim que nos fazem lembrar porque é que gostamos tanto deste desporto.

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